"Pesadelo"

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Leandro abriu um olho.

Não sabia onde estava e a luz do dia o feriu obrigando-o a voltar a apertar os orbes e se virar com uma dor de cabeça imensurável e os músculos tensos. Passou a mão pelos cabelos e piscou várias vezes.

─ Como se sente? ─ A voz familiar perguntou e o fez virar a cabeça para ver Holanda parada diante dele. Sempre bem vestida, seu cheiro era maravilhoso assim como seu rosto muito bem maquilhado. ─ Encontrei-o deitado ao lado do seu carro, tentei falar com o Camilo, mas já não estava aqui, então pedi que os seguranças te trouxessem para o meu gabinete.

─ Mas que porra! ─ Leandro bufou e tentou levantar, cambaleando no processo. Sentiu as mãos dela que o seguraram, mas ficou irritado e levantou os braços para que se soltasse. ─ Por que não ordenou que me levassem para casa?

─ Você não estava em condições. ─ Holanda se afastou devagar. Sempre no seu salto alto e suas roupas que marcavam seu corpo cheio. ─ Quer um café?

Ele arqueou as sobrancelhas e deixou um riso escárnio inundar seus lábios. Olhou-a como sempre de cima abaixo e meneou a cabeça lentamente.

─ Chame o motorista da família. ─ Ordenou e se sentou no sofá, ainda a sentir a cabeça latejar. Parecia se esforçar para respirar o mesmo ar que ela.

─ Não sou sua empregada. Peça por favor.

─ Mas é empregada do meu irmão.

Holanda quis se arrepender de o ter ajudado. Era uma mulher forte e muito decidida, mas como todos tinha seu ponto fraco. Tentou manter uma certa calma.

─ Deveria parar de beber. Não é a primeira vez que passa dos limites. ─ Sugeriu com certa paciência. Jurava que se preocupava com aquele homem porque era irmão mais velho do seu chefe e melhor amigo.

─ Quem você pensa que é para falar assim? ─ Levantou a voz. ─ Uma gorda, negra e que não sabe o seu lugar!

─ Se está a tentar me ofender é mesmo em vão. Sou gorda e negra, e isso não me deixa chateada, porque ao contrário de você, eu tenho os pés assentes no chão. Não tento sempre chamar a atenção como um adolescente. ─ Respondeu de forma incisiva, ainda assim não deixou de sentir pela conotação negativa que Leandro tinha usado as palavras. ─ Agora saia daqui.

─ É com muito gosto. ─ Ele afirmou e mesmo com dificuldade se levantou em toda sua masculinidade. Era um homem muito bonito, capaz de arrancar suspiros das variadas mulheres, mas por dentro não valia nada.

Holanda estava gelada quando Leandro saiu e deixou a porta aberta sem se importar. Se sentia tola por lá no fundo acreditar na possível mudança daquele homem, pois já o conhecia há anos e quanto mais o tempo passava apenas via sua deterioração. Nadir entrou logo a seguir, os dois trabalhavam aos finais de semana que era a altura que tudo funcionava ainda mais e tinham decidido obrigar Camilo a passar o domingo com a família.

─ Não sei como você suporta esse idiota. ─ Ele reclamou parado na porta. Seu tom de pele era como canela, mas seu cabelo era liso e bastante escuro.

─ Ele é irmão do Camilo. ─ Holanda se voltou para a sua mesa e fingiu procurar alguma coisa, embora soubesse que o colega não a deixaria em paz.

─ Um Pesadelo para a própria família. Você é uma mulher bonita, inteligente e bem sucedida. Quantos homens caem aos seus pés? ─ Tratou de se posicionar.

─ Se essa fórmula funcionasse desse jeito, acredite, não estaria sozinha até hoje. Homens para umas noites é o que não faltam, e eu sei que não preciso de ninguém para ser feliz. ─ Soltou um suspiro. ─ Mas quando você é a única que está sem um relacionamento sério e é sempre deixada de lado ou a última a chamar atenção, pode afectar por mais forte que você seja.

GLACIAL - O Golpe Do Ano [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora