Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 20. Lembranças de verão.

70 2 0
                                    

Ainda lembro do verão dos meus 8 anos. Eu ia completar o 9º aniversário na casa dos meus tios na costa oeste. Não lembro das partes boas daquele feriado.

Era manhã de domingo quando aos poucos fui sendo acordado por um peso sobre meu corpo, não demorou muito para minha respiração ficar pesada e abafada, meu coração acelera e aos poucos eu acordo. Sinto meu corpo movimentar e então abro os olhos, meu pai está sobre mim, roçando seu pênis em minha bunda.

Eu congelo. Sinto o liquido quente escorrer de seu pênis e cair sobre minhas costas e anus. Ele me vira e se coloca entre minhas pernas, tira a minha cueca que já estava entre o joelho e o pé e abre minhas coxas. Ele sorri, meu estomago se revira. Papai começa a chupar meu pênis, mas o nojo e o medo proíbem minha excitação, ele me soca e grita para que eu endureça, eu quase choro, fecho meus olhos e tento esquecer o que está acontecendo, faço de tudo para me livrar dele.

Em pouco tempo gozo em sua boca, ele se levanta, cospe o liquido em meu tórax e tapeia meu rosto. Após um tempo me observando ele coloca suas roupas e sai, e então eu percebo, escuto os passos de minha mãe, ele estava na porta. Me encolho e fico encarando a janela até que todos saiam de casa.

Ao final da tarde, quando todos os meus parentes saírem e após a desculpa de uma enxaqueca eu me levanto e vou ao chuveiro. Aos poucos a água fria lavava aquilo que meu pai fizera, os restos foram escorrendo pelo ralo enquanto os pingos ardiam sobre as marcas da aliança de meu pai. Demorei o suficiente para chorar. Não dormi aquela noite.

As manhas na Califórnia são quentes como a fumaça que me envolviam agora. Com o cheiro da madeira queimando perco meus sentidos, Laura se ergue aos poucos e pega as maletas que caíram a nossa frente, corremos para o bosque fugindo das sirenes.

O suor e a fuligem saem do meu corpo quando entro no lago. Laura por nenhum momento se posiciona sobre o que aconteceu ou sobre Lucy. Nos secamos e passamos a noite em um quiosque do parque. Quando nos acordamos o sol lança seus primeiros raios em nós.

— Será que ela ficou bem? — Laura pergunta deitando em meu peito.

— Sei que nós ficaremos bem — eu acho que Laura quer apenas que eu confirme a morte de Lucy, mas não o faço.

— E o que vamos fazer? Para onde vamos?

As perguntas de Laura me entontecem, não pensei me como responde-las.

— Vamos para onde for seguro. — Beijo sua testa e saímos dali.

Durante a caminhada lembro da casa de inverno de meus tios. A casa foi largada ao vento após a morte deles, minha mãe é a herdeira dela, mas não a usamos desde o ocorrido, como dizia meu pai, devíamos preservar a memória deles. Laura gostou da ideia, com algum disfarce entramos no ônibus em direção à nossa nova morada.

   



Eu (não) sou um psicopata [ EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora