Eu (não) sou um psicopata. Capítulo 24. Pesadelos.

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Depois de algumas horas dormindo no chão da sala sinto a umidade da chuva atingir minha pele. O som dos trovões e das gotas batendo no teto me deixam calmo. Me levanto e procuro pela face de Laura na casa. Tudo que eu vejo é um vazio,enorme e gelado. A casa antes quente e ensolarada esta transformada num imenso frio penumbral. Me concentro e caminho até o quarto e não vejo nada, escuridão.
Talvez procurar pelo banheiro tenha sido uma boa opção antes de abrir a porta. Meu coração pulsa rápido no peito. A visão que tenho é assustadora. Laura está pendurada pelos cabelos no meu quarto do reformatório. O desespero toca meu coração e eu corro até atingir seu corpo. O sangue que escorre por ela vem do pescoço. Lágrimas escorrem pelos meus olhos, eu estou ofegante. Toco o corpo dela e por uma vez eu paraliso. O corpo dela despenca e sua cabeça está presa ao teto pelos cabelos. Foi eu quem fez isso. Foi eu quem a matou. O desespero me faz suar e decido sair do quarto.
A porta que antes vinha do quarto agora abre para o quarto de Pedro. Seu corpo ali atirado foi trocado pelo corpo de Laura. Minha mãe grita por uma janela no fundo do quarto, ela grita desesperada. Em meu reflexo eu tenho uma faca nas mãos. Eu não consigo me mover. Por um momento a visão que eu tinha de mim pela janela sai dali e vem em minha direção. Sou eu, eu mesmo com uma faca. A lâmina corta sem dor meu pescoço e tudo o que faço é cair. Quando finalmente fecho os olhos acordo ofegante no chão da sala. O suor escorre pelas minhas costas e Laura segura minha mão.

Me sento desesperado escorando minhas costas no sofá. Meu abdômen se movimenta rápida e fortemente. 

Aperto a mão de Laura como se eu estivesse caindo. Meu olhos ainda não acreditam que estou acordado e a imagem é a mesma. Laura morta, com a cabeça dividida. Meu coração vai se acalmando e todo meu corpo acompanha seu ritmo. Fecho meus olhos, mas não por muito tempo. A visão de Laura morta em minha mente me força a abrir os olhos e chorar em seu ombro.

- Você precisa sair daqui. Precisa me deixar sozinho Laura.

Esbravejo em gritos.

- Precisa me deixar sozinho.

Seu olhar de interrogação e calma me deixam perdido.

- Precisa ir...

Eu nem mesmo termino a frase e as lagrimas tomam conta de minhas palavras. Laura se levanta e me abraça numa tentativa de me acalmar. 

- Por favor... me deixa...

Eu não posso correr o risco de matar a pessoa que eu mais amo. 

Empurro Laura para frente e corro acelerado em direção a porta. Não demora para que eu ouça seus gritos e exclamações. Corro em direção ao mato que cobre a estrada e me perco dela. Me distancio do risco de perde-la por minhas próprias mãos.


Eu (não) sou um psicopata [ EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora