Eu (não) sou um psicopata. Capítulo 25. Uma noite difícil.

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Eu percorri o matagal por horas até chegar a estrada. Meus olhos já estavam secos, não haviam mais lagrimas para escorrer. Eu sou um maldito monstro e me odeio por isso. Não posso ficar perto de ninguém. De nenhuma pessoa. 

O sol já quase estava para se por quando coloquei os pés no asfalto. Eu não faço ideia de onde estou. Meu corpo arde com a queimadura do sol e as picadas de inseto que levei. Minha roupa está cheia de mato e pés manchados por barro. Minha vida é um lixo.

Um pequeno restaurante alimenta meu instinto de pedir ajuda. De implorar por ajuda. Adentro ao Meet & Meet. O ambiente mais escuro e o cheiro da carne queimada me faz repousar os pensamentos. Uma grande chapa serve a carne para os clientes que desejam prepara-la. Meu estado de exaustão assusta ao único garçom que atende no local. Ele está do outro lado da chapa.

- Você pode me emprestar o telefone? Eu me perdi de meus pais e não sei aonde eu estou...

Ele assustado se prontifica a pegar o celular de seu bolso e desbloqueá-lo para mim. Eu o pego nas mãos e então percebo que não tenho para quem ligar, não tenho pais que possam me ajudar, não tenho uma mulher para ligar, não tenho nada, não tenho a ninguém. 

Aperto o celular nas mãos e limpo a lagrima que decide escorrer na frente do rapaz. 

- Obrigado, mas é inútil. 

Ele pega o aparelho rapidamente das minhas mãos se colocando em cima da chapa. Uma ancia de tristeza me aumenta o desejo que tenho por matá-lo. As lagrimas escorrem com mais força em meu rosto e então tudo de mistura dentro de mim. Puxo o braço ainda estendido do garçom e ele cai sobre a chapa colocando a mão para fritar. Uma sensação de alivio me enche depois de ouvir ele gritar. Puxo seus cabelos o fazendo cair ainda mais sobre a chapa. Agora fraco eu o derrubo em meio a carne sentindo seu rosto queimar e seus gritos de agonia tremerem o lugar.

Minhas mãos agora apertam sua cabeça contra a chapa quente e ele agoniza na minha frente. Puxo ele cada vez mais para perto de mim fazendo seu peito todo queimar com o calor. Minhas lágrimas ainda escorrem, mas agra firmes e consistentes. O sangue dele borbulha entre as carnes. Não demora para que seus gritos parem e ele morra. Limpo minhas mãos na roupa úmida de suor e me viro para sair. Eu estava cada vez mais me afundando em mim mesmo. Cada vez mais acabando comigo mesmo.

Eu estava pronto para abandonar o lugar mas uma garota me surpreende quando viro-me de costas para sair. Sua feição de assustada é engraçada. Me alimenta. Ela tem um bastão em suas mãos mas esta travada. Parada em pânico. Dou um passo a frente na esperança de acorda-la daquele transe mas ela não reage como eu esperava. O bastão cai no chão fazendo o eco que a desperta. Ela chora e se coloca para tr as, em defesa. Eu estou apavorado tanto quanto ela.

Pego o instrumento do piso e o seguro com as duas mãos. Eu tinha tantas razões para querer parar aquilo, para simplesmente sair e deixa-la viva e livre. Mas eu precisava daquilo para sair, para me completar. Eu sou um completo doente, um louco. Fito o olhar amedrontado da menina a minha frente e aquilo me alimentava. Friccioso as mãos na base do bastão e bato. Um golpe forte, certo. Sua mandíbula se quebra e algum sangue voa de sua boca. Bato pelo outro lado. E mais uma vez e outra na sua cabeça.

A menina imóvel no chão me deixa vulnerável. Acerto com força sua barriga e aos poucos aumento o ritmo escutando todos os seus ossos de dilacerando ao toque do bastão. As lágrimas e gritos voam de mim e quase incontrolávelmente eu começo a espanca-la mais e mais. O sangue mancha minha roupa e minha pele. Estou imundo e fodido. Atiro o bastão contra seu tórax mais uma vez e então o largo caindo em prantos ao lado daquele corpo ainda quente. Eu preciso sair daqui.

Saio correndo daquele restaurante e entro mais uma vez no mato. Eu preciso voltar para casa. Voltar para meu refúgio. Voltar para Laura. Caminho por mais algumas horas pelo mato e logo a noite chega. As luzes da casa no alto do morro me guiam pela floresta úmida. Minha pele coça e eu não aguento mais caminhar por aqui. Laura é a razão que me motiva a não me jogar no rio neste momento. Atravesso a água deixando o sangue e o barro dos pés machucados irem embora, irem para onde eu quero ir: o fundo do rio.

Subo a trilha e finalmente chego em casa. A porta fechada me deixa pensativo se devo entrar ou não. Passam alguns minutos de lágrimas e então giro a maçaneta. A porta range um pouco enquanto é aberta e logo minha surpresa derruba minhas esperanças. Um homem alto, pouco mais gordo do que eu, um bigode loiro irritante e uma barba rala, um polícial aponta uma arma para mim.

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⏰ Última atualização: Oct 28, 2018 ⏰

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