Eu (não) sou um psicopata. Capitulo 4. Mais uma morte na minha cabeça.

282 22 4
                                    

Estávamos na cozinha, todos os meus "colegas" do reformatório, eu estava sentado próximo a porta, sozinho. Alguns garotos foram até a mesa e sentaram-se.

-E ai?

-E ai?

-Eu sou Pitter - Disse o garoto de blusa azul.

-Eu sou o Samuel... - Disse o outro de preto.

- Harry, meu nome é Harry... - gaguejo.

-E o que você fez?-Pitter me questionou.

-bem... eu...

-Eu fui pego vendendo crack.. -interrompeu Samuel.

-Eu roubei... roubei um supermercado...-completou Pitter.

-Eu tentei matar um cara... e matei outro.. -falei rapidamente encarando os garotos

-Uau- responderam em coro.

-É... isso é bem ruim...

-Na verdade é normal - Samuel me surpreendeu.- tem gente que matou os pais aqui.

-Nossa

-Você tem amigos?

-Tenho...

-Mas e aqui dentro?

-Não... eu cheguei hoje...

-Qual que é o seu quarto ?

-Acho que é o 9...

-8... só tem até o 8..que por sinal.. é o nosso quarto...

-Sério?

-Bem vindo ao inferno...- Samuel riu.

-Subam todos! A hora do lanche acabou !- gritou Sr.Petterson da porta. Ele adora me encarar.

-Vamos...-Samuel levantou e deu tapas na mesa.

Subimos até o quarto. Eu estava me sentindo cansado. As lágrimas ainda estavam no meu rosto, secas. Fui até o banheiro para tomar banho. Haviam alguns garotos tomando banho, um de frente para o outro. De um lado da parede pias, na frente os vasos, no fundo dos dois lados da parede os chuveiros divididos em casinhas, no centro bancos e no fundo os mictórios. O vapor subia pelas aberturas deixando aquele lugar quente. Fui até o banco, tirei a roupa, me enrolei numa toalha e fui em direção ao chuveiro.

-Ui... que pintão - Disse um garoto do lado esquerdo.

Ignorei e entrei no box, vi alguns pés passarem por mim, eu estava sozinho.

º____________                          _____________º

Depois do banho coloquei a roupa e fui escovar os dentes, um garoto veio atrás de mim.

-Fiquei sabendo de você!

-Quem é você?

-Só o líder dessa porra...

- Oi?

-Esquece...

-Tudo bem...

-Só que para isso você vai ter que brigar comigo !

-Não tenho não - joguei espuma nele.

-Seu... Seu...

Empurrei ele, a raiva já estava na minha cabeça, ele caiu no chão, pisei nele, segurei seu peito e rapidamente peguei uma tesoura da bancada.

-Você não tem coragem.

-Você quer ver?

-Quero ver você tentar !

Cravei a tesoura no estomago dele, ele gemeu, cuspiu sangue, me ajoelhei perto do seu rosto.

-Você viu? Você viu?- foi como se eu tivesse me libertado, me libertado de mim mesmo, da culpa e dos olhos alheios. Desfiro alguns golpes em seu peito.

Ele não respondeu mais. Seus olhos negros me encaram fixamente, tirei a tesoura e coloquei sobre a pia, coloquei seu corpo no chão, bem próximo a pia. Parecia suicídio, lavei minhas mãos e sai dali como se nada tivesse acontecido.

Deitei na cama, Samuel e Pitter me chamaram:

-Oque foi cara?

-Está frio né?

-É.. um pouco.

Relaxei... lembrei dos meus amigos, lembrei do menino no banheiro, eu gostei, realmente eu gostei. Ouço risos e durmo.

Eu (não) sou um psicopata [ EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora