Prólogo

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"Os sonhos que estão morrendo são os melhores sonhos que já tive

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"Os sonhos que estão morrendo são os melhores sonhos que tive..."
(Gary Jules -Mad World)

PRÓLOGO

19 de maio de 1986.

O tempo estava frio e o sol escondido entre as nuvens deixava o dia triste e sombrio. Segurando a mão do irmão do meio Lucas de quatro anos e com o menor Lex de dois anos no colo observou o caixão que tinha sua tão amada mãe morta estava descer em direção ao grande buraco feito por um homem mal humorado vestido de verde que trabalhava no cemitério da cidade.

Só a D. Gertrudes , sua vizinha, estava com as crianças nesse momento tão difícil, o momento do adeus. 

A mesma ficou responsável por reconhecer o corpo e organizar o enterro da mulher que sempre teve muito apreço.

Conhecia a história da jovem ingênua que chegou em um país novo tentando uma vida melhor e foi enganada por um homem que tinha a ilusão de ser mais importante do que os outros por ter uma situação financeira mais agradável do que a grande maioria das pessoas.

Era uma senhora gentil que mesmo tendo pouco fazia o possível pela aquela pequena família, em contrapartida as outras pessoas não perdiam tempo em julgar uma mãe solteira, latina que por azar do destino se envolveu com um homem rico tendo a ilusão juvenil de que enfim tinha encontrado seu príncipe encantado sem saber de quão crápula ele podia ser.

Às vezes a senhora ficava com os meninos enquanto a jovem trabalhava nos seus dois empregos que precisou arrumar após saber de toda a canalhice do homem que amava, já que o mesmo os deixou na miséria.

Uma rajada de vento fria arrepiou a pele desnuda dos braços do menino que mesmo sendo um pouco mais alto que a maioria dos garotos da sua idade era franzino por conta da condição econômica da sua família. 

Vestia uma calça surrada que tinha sido remendada pela sua mãe, camisa bem maior que o seu tamanho que ganhou graças a doações de algumas pessoas da igreja que D. Gertrudes frequentava um tênis velho sem meias.

O único casaco de tinha vestiu o seu irmão Lucas e as meias colocou nos pés gordinhos do pequeno Lex.

D. Gertrudes jogou algumas rosas sobre o caixão e logo o homem de verde apressado para terminar o serviço começou a jogar terra cobrindo o caixão.

O Lex estava cansado e com fome já começando a se agitar em seus braços, o Lucas sempre mais quieto apenas olhava para aquilo sem entender direito que a sua mãezinha não voltaria mais, essa era sua única certeza ao sair dali.

***

Os polícias disseram que não poderiam ficar sozinhos e que agora iriam para um lugar melhor onde adultos especiais cuidassem deles. O menino tentou em vão disser que não precisaria porque cuidaria dos seus irmãos pois era o homem da casa como sua mamãe sempre dizia, mas eles não o ouviram, óbvio. 

Leonardo Watt Onde histórias criam vida. Descubra agora