Capítulo XXI

95 17 11
                                    


Estou de volta!

Votem!

Pov. Esmeralda

Quando somos mais jovens temos presa de viver. Somos mais livres para errar. O frescor da juventude vem acompanhado de uma pitada de coragem que muitas vezes vai se perdendo com o passar dos anos.

Sempre fui uma pessoa muito mais emoção do que razão. Sim, já passei por situações muito complicadas por isso ,mas hoje carrego na minha bagagem experiências e ensinamentos.

Minha abuela sempre diz que não vim a essa vida para passar despercebida. Que minha passagem por essa terra seria repleta de emoções e confusão.

Dos dois netos que tem eu sempre fui a que não tinha medo de nada, enfrentava céus e terra com um sorriso no rosto e argumentos na ponta da lingua. Repatia as falas preconceituosas das meninas ricas da escola, chutava as pernas e puxava os cabelos dos meninos que faziam bulling com o Rico, enfrentava os professores quando os via agir com favoritismo para os alunos considerados a elite da escola, filhos de políticos, diplomas, advogada e tantas outras profissões que lhes traziam poder e prestígio.

Eu era aquela garota que ignorava as piadinhas sem graças dos colegas de turma e me vingava, sim pois sou pisciniana e isso ativa uma veia vingativa na minha pessoa,  tirando as melhores notas e ficando com as vagas mais requisitadas dos estágios.

Sempre fui aquela que estavam na linha de frente, se respeitando, se permitindo ou seja sendo Esmeralda Gonzáles, neta e filha de imigrantes mexicanos, com sangue quente correndo na veias capaz de incendiar o caminho que passava.

Mas essa confiança toda é colocada a prova quando o assunto é ele, o batmam da Itália,Leonardo Watt,vulgo meu chefe.

O homem é capaz de me fazer pensar seriamente se devo voltar a me consultar com um psicólogo e saber se minha cabeça ainda está em perfeito funcionamento.

Eu fico sem direção, sem palavras, sem reação.

Meu dilema é grande e só uma pessoa poderia me ajudar.

- Eu não sei abuela. Quando eu vi já estava no colo do meu chefe, com nossas bocas coladas em plena cafeteira de um hospital de luxo em quanto seu irmão caçula se recuperava de uma surra. Falei encanto cortava cebolas para o recheio dos famosos tacos da minha abuela.

Sim, uma semana havia passado desde os acontecimentos que levaram a minha boca teimosa de encontro com a boca de Batman do meu chefe.
Sabe aquela conversa? Bom, ela não aconteceu e não vi nem de relance aquele homem pois o mesmo precisou se afastar do escritório e tive que me virar nos trinta para dar conta de tudo. E ainda tinha a enjoada da sua secretaria que mal me passava detalhes dos contratos dificultando diariamente meu trabalho, as coisas que não poderiam ser deixadas de lado ele resolvia de casa mesmo. Até os seus emails corporativos estavam me deixando deprimida.

Já pensei em ligar ou mandar mensagem mas sempre travo, não quero ser invasiva ou dar a impressão de desesperada.

Tento me policiar pois sou pisciana raiz mas não posso controlar os meus pensamentos juvenis quando lembro do toque daquele homem, do seu cheiro, o tom da sua voz sussurrando o meu nome ao pé do ouvido.

Não sou de ferro!

Minha melhor amiga e confidente sempre foi minha abuela, foi dela que tirei as melhores lições e ouvi os melhores conselhos. Foi em seu colo que chorei meus dramas adolescentes e é inspirada nessa mulher de fibra que guio meus passos e ações.

Então bastou  olhar para mim e perceber minha inquietação que sabia da necessidade que tinha  de conversar com a mesma,  usando seu jeitinho irreverente pois para correr meu abuelo e Rico para enfim termos privacidade.

Ela não iria me julgar uma boba por falar seriamente tudo o que enche minha cabeça de conflitos e meu coração de incertezas.

Minha abuela era especial demais e seus conselhos sempre me dariam um norte e discernimento para tomar as melhores decisões na minha vida.

Peguei mais um cebola para cortar enquanto a observava temperar a carne.

-Hija, está óbvio que vocês estão se gostando. E até onde sei nada disso é errado. Qual é o seu medo real minha Esmeralda? Você sempre foi decidida, dona de si. Nunca teve medo de lutar pelo o que quer. Me diga o que há de novo nisso tudo, o que está fazendo essa cabecinha já tão bem resolvida entrar em curto circuito.

Parei de cortar a cebola respirando fundo, larguei a faca de lado e me joguei na cadeira, observei minha abuela colocar um pouco do molho da carne na palma da mão para sentir se o tempero estava do seu agrado.

Ela adicionou um pouco mais de sal e voltou a mexer na panela. Limpou as mãos em um pano que sempre carregava nos ombros ao cozinha e enfim se virou na minha direção.

- Não sei se é medo abuela, só sei que o Leonardo me faz sentir coisas que nem sei explica. Ele é todo reservado preso num mundo só dele e eu sou toda espalhada, sem freio. Quando eu estou quente ele está frio, quando eu quero sol ele quer chuva. Nesse tempo que trabalho juntos , pude observar de perto o quanto ele é íntegro e merecer  estar na posição que se encontra. As vezes tenho uma vontade louca de bater na sua porta e me jogar nos seus braços só que em outras eu queria que ele me procurasse, mandasse uma mensagem não sei abuela.  Na verdade meu maior receio é estar tão envolvida e tudo isso não passar de uma situação atipica criada por um acontecimento isolado, se ao menos ele me desse uma pista eu me jogaria com tudo mas isso é vida real abuela, não é um filme ou livro romântico cheio de efeitos especiais. Eu sinto dentro do meu corazon que Leonardo Watt é diferente dos outros, ele mexe comigo apenas por existir. É loco, intenso e sem explicação.

Minha abuela se aproximou com o sorriso de canto a canto dos lábios pintados com seu famoso batom vermelho rubi.

-Pois então descubra o que ele senti Esmeralda. Bata na porta desse homem e pergunte. Chega de achismos e incertezas. Corra atrás da verdade e viva com ela. Mesmo que não seja aquilo que espera. Eu tenho uma ideia hija. Escute bem o que sua abuela vai te dizer.

E foi assim que após ouvir as palavras da minha abuela que acabei parada na porta do apartamento do meu chefe com um prato cheio de tacos tocando a campainha e rezando para não dar errado e acabar estragando tudo que ainda nem aconteceu.

Leonardo Watt Onde histórias criam vida. Descubra agora