17 - Vergonha

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Akira

- Cansada? - Dona Inês pergunta e eu a olho.

- Nunca andei tanto na minha vida. - Murmuro rindo.


- Só falta a gente comprar algumas lingerie e alguns baby doll. Hoje você não tem namorado, mas vai saber do manhã. - Comenta me olhando fixamente. - Vamos naquela loja ali. - Fala apontando para uma loja que desconheço.

- Vamos. - Respondo.

Já se passam das 16h e Davi ligou diversas vezes para Dona Inês. Ele parece estar desesperado, esse pensamento me faz querer rir.

- De novo não. - Dona Inês reclama fingindo está irritada e caça o celular dentro da bolsa. - Você fala com ele, enquanto vejo algumas peças. - Fala me entregando o celular.


Observo dona Inês se afastar e atendo a chamada de Davi.

- Mãe! A senhora falou que não iria demorar com ela na rua. - Ouço a voz de Davi, perece angustiado.

- Davi, sou eu! - Riu baixinho.

- Akira, como você esta? Minha mãe te deixou sozinha?- Despara.

- Não, estamos em uma loja de lingerie  e baby doll. - Falo me sentando em um dos bancos.

- A é?

- Sim, ela falou que agora não tenho namoro, mas o amanhã... Mas amanhã talvez. - Falo e ouço ele praguejar baixinho.

- Minha mãe te levou em uma loja de lingerie, por um suposto namoro?


- É, acho que sim! - Dou de ombros, mesmo sabendo que ele não pode ver.

- Sei que deu de ombros. - Fala e eu olho em volta. - Não estou no mesmo lugar que você, só te conheço o bastante para saber que você fez tal alto. - Fala e eu fico chocada.

- Hum... Já está em casa? -Pergunto.

- Sim, estou te esperando. Mas acho que irei te buscar, se não minha mãe não vai te trazer tão cedo. - Bufa.


- Seria bom. - Comento rindo.

- Em minutos chego aí! - Fala e a ligação fica muda.

Olho para o celular e observo que a ligação foi encerrada, nem para se despedir. Reviro os olhos e me levanto do banquinho.

- Aqui o celular. - Entrego a dona Inês. - Escolheu? - Pergunto olhando algumas peças.


- Sim! Cada um mais lindo que o outro, você vai ficar linda. - Fala animada.

- Dona Inês... Não sei se devo aceitar.

- Como assim? Você é a filha que nunca tive, se não aceitar, não fala comigo. - Fala fazendo birra e eu gargalho.

- A senhora é a mãe que eu nunca tive. - Falo abraçando ela.

- Fico feliz em ouvir isso.


                       






- Experimenta. - Dona Inês fala me dando um conjunto de lingerie preto, com algumas renda. Pra que usar isso tão bonito, sendo que só eu vejo?

- OK.

Entro dentro do vestuário e tiro minha roupa, as vendedoras falaram que só poderia experimentar se fosse levar e eu até acho bom, já pensou, a pessoa querer comprar uma peça íntima e outras pessoas já terem visto? Seria falta de higiene.

Coloco a lingerie e me olho no espelho, de todas, essa foi a que ficou melhor. Estou mais mulher. Mas sexy.

- Pronti... - Saiu do vestuário e paro ao ver Davi e não dona Inês.

Ah meu deus! Tem um homem me vendo de peças íntimas.

-A-Akira... - Davi sussurra e posso ver que seus olhos não saem do meu corpo.

- Davi. - Alarmo assustada e volto para o vestuário ruborizada. Ele me viu semi-nua.


Tiro as peças rapidamente e visto minhas roupas, sinto meu rosto pegando fogo, não sei se quero ver Davi. Ele viu meu corpo.

- Davi, cadê Akira? - Ouço a voz de dona Inês. - Querida, posso entrar? - Ouço a voz dela baixinho.

- P-pode!

Ela entra e me observa por alguns segundos.

- Eu falei para a atendente não deixar ninguém entrar. - Fala

- Ele me viu de peças íntimas!  - Falo assustada. - Só a senhora me viu assim, e mesmo assim a senhora é mulher, como uma mãe.

- Pensa no Davi como um irmão!  - Brinca.

- Davi como meu irmão? Eu não penso nele assim! - Confesso.

- Não? - Pergunta de olhos arregalados.

- Quero dizer: eu não penso nele como irmão, e nem como outra coisa. - Explico rapidamente.

- Hum... - Murmura desconfiada. - Fique tranquila, me filho sabe respeitar. - Fala me abraçando rapidamente. - Vamos? Você deve estar cansada .- Fala e eu assinto rapidamente.












Quando chegamos em casa, Davi foi direto para a cozinha e eu para o quarto com minhas sacolas. Eu usaria roupas sem repetir pelo meus próximos três anos, ou até mais. Dona Inês foi muito gentil comigo, tão carinhosa. Ela é um amor de pessoa, sem dúvidas.
Comecei a guardar as coisas que ganhei, tudo organizado e bem bonito. Guardei os sapatos, as peças íntimas, baby doll com baby doll. Assessórios, maquiagem. Levou algumas horas até que eu conseguisse guardar tudo e quando acabei, já era de noite. Eu tomei um banho, e coloquei um baby doll novo.

- Akira, quer comer alguma coisa? - Ouço Davi gritar da cozinha, desde quando voltamos ele não falou uma palavra comigo.


- Sim. - Grito e me olho no espelho.


Será que um dia conseguirei um namorado? Eu nunca pensei nisso, mas com dona Inês falando sobre isso, me fez pensar. Na escola tem alguns garotos que me olham, mas nunca chegaram perto de mim ou falaram comigo. Será que não me acham bonita? Mas também, não sei se vale a pena namorar uma pessoa que não gosta. Mircela e Miranda falam que eu sou muito bonita e algumas garotas da escola sentem inveja pela forma que os garotos me olham, mas eu nunca vi nada de mais. Talvez seria bom pedir ajuda a Izzi, ela sabe bem dessas coisas. E mesmo se não for para colocar em prática, é sempre bom ficar sabendo.










O que acharam?????

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