Criaturas Celestiais - A Ascensão [CONCLUÍDO]

Capítulo vinte - A Tão Almejada Verdade.

As únicas palavras trocadas entre Scarlett e Nicholas durante todo o percurso sobrevoando Londres fora a localização de seu encontro com Astrid. Claro que ela omitira essa parte do plano, mas tinha a impressão de que ele sabia quem ela iria encontrar e não faria esforço algum para tentar impedi-la.

Durante todo o trajeto, ela o encarava apenas o ouvindo o som alto de sua respiração e agarrando-o com extrema força. Uma queda a tantos metros do chão não era algo muito apetitoso para a garota.

O céu estava azulado, e os dois voavam entre as nuvens espessas e gasosas. As pessoas caminhando logo abaixo não passavam de pontinhos coloridos se deslocando rapidamente, apressadas demais para notar a estranha anomalia perambulando pelo céu.

As asas imponentes e intimidadoras do arcanjo batiam suavemente, sem esforço algum. Os braços ao redor da menina estavam imóveis, carregados de uma indiferença e apatia incomparável. Ele mal a tocava, e a garota se perguntava porque ele se mantinha tão inerte sobre qualquer ação que demonstrasse o mínimo de sentimento. A Situação na floresta ainda martelava em sua mente, como se aquele olhar de preocupação fosse o que tinha mais pressa em desvendar, mesmo após tantos acontecimentos no purgatório.

Seu padrasto, sua mentora, um vampiro, criaturas horrendas e um leão que falava e lhe trouxera imensa paz. O que poderia significar aquilo ? Ela não sabia dizer. Tudo tinha acontecido muito rápido. Seu irmão estava preso e ela havia tentado salvá-lo falhando miseravelmente, mas onde estaria o pequeno nephilim ?

—Nicholas...—inflou seu peito com ar fresco, tomando coragem para questioná-lo. — Você salvou meu irmão ? —

—Sim. — ríspido e frio, ele lhe respondeu.

Até quando ele vai agir assim ?

— Você pode para de ser infantil por um momento ? — ela ralhou impaciente. — Estava tudo bem até que eu...eu...Ora, você sabe do que estou falando. — tropeçou em suas próprias palavras, incapaz de dizê-las em voz alta.

Até que eu tocasse em suas asas.

O peito de Nicholas vibrou, e ele soltou uma risada debochada.

— Nunca toque nas asas de um anjo se não estiver disposta a terminar o serviço.— advertiu, sua voz mecanizada, mas a garota notou uma pitada de malícia em seu tom.

Ela engoliu em seco, constrangida. O silêncio definitivamente parecia uma opção melhor no momento.

Sem opções de entretenimento, ela se encarregou de observar as nuvens e perder-se em devaneios supérfluos.

Anjos são capazes de amar? De odiar? De aderir a qualquer emoção humana? De acordo com a perspectiva da assassina, o único do trio apto a sentimentos seria Enzo, visto que tanto Olívia e Nicholas eram extremamente reclusos e fechados. Scarlett só notou que havia dito algo em voz alta quando Nicholas tossiu e sua voz marcante e inconfundível finalmente se fez ouvir:

— Você me chamou de apático ? — seu tom era debochado mas também curioso. A assassina não precisava encará-lo para saber que ele tinha uma de suas sobrancelhas grossas arqueada. 

Scarlett engasgou-se com sua própria saliva ao ouvir a voz de Nicholas. Estava fora de questão compartilhar o fundamento de seus pensamentos com ele, então a garota fuçou qualquer outro questionamento coerente no fundo de sua mente.

— Você sabe que estou indo me encontrar com Astrid. Por que não parece nenhum pouco tentado a me impedir desta vez? — desconversou, sentindo o corpo do arcanjo enrijecer de imediato. Ela realmente se importava com isso? Não sabia dizer, entretanto, não pôde evitar questioná-lo. Por que ele mantinha uma postura mais rígida toda vez que mencionavam o nome da nephilim? Era o que Scarlett estava determinada a descobrir.