Você tem um Stiles!

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— Céu, você precisa comer. — Já tinha repetido aquilo muitas vezes. Muitas.

— Eu não quero comer, Stiles.

Olhei para o prato com um pouco de arroz e uma carne estranha. Estava morto de fome. Minha barriga doía demais e eu nem me importava com o sabor que aquela comida teria. Porém, eu não podia comer.

Alex só tinha deixado um único prato com pouca comida. Eu queria dar para o Paraíso. Precisava.

— Mas céu...

— Não.

Bufei. Não ia desistir tão fácil. Lydia estava sentada na cama e eu, no chão. Fiquei de pé e andei até ela. Sentei na ponta oposta do colchão e coloquei o prato em cima das pernas cobertas do Paraíso. Eu amava aquelas pernas.

— Você vai comer!

Tive que apelar. Falei sério, sentindo minha boca formar um bico. Cruzei os braços na frente do peito e juntei as sobrancelhas. Olhei serio para o céu. Pois ela precisava comer. Não queria que ela ficasse com fome.

— Eu...

— Você não sai da cama, não quer brincar comigo, não quer conversar, não quer ler os livros! Eu aceitei tudo isso. Mas você precisa comer! — Ela entreabriu a boca. Parecia surpresa. — Estou falando sério, céu! Não vou deixar um pedaço do Paraíso morrer de fome!

Lydia bufou e seus olhos lindos se reviraram. Por um momento, achei que ela não fosse me obedecer. No entanto, fui surpreendido. Ela olhou com desgosto para a comida, mas pegou a colher e começou a comer.

Sorri vitorioso. Desviei os olhos da comida, pois minha barriga doía. Doía demais. Eu sabia que também precisava comer. Porém, jamais deixaria meu céu passar fome.

Voltei a sentar no chão e forcei meu olhar para uma parede. Eu não queria olhar para a parede. Queria olhar para o céu. Meu pequeno pedaço do céu. Mas sabia que isso ia fazer minha fome piorar.

— Pronto!

Pulei no lugar, assustado. Vi que Lydia estava parada a minha frente. Ainda tinha comida no prato. No prato que ela erguia na minha direção. Franzi o rosto, sem entender. Alex tinha dado pouca comida! Como ela não tinha comido tudo?

— Céu, você...

— Come o resto, Stiles.

— Não! — Falei sério. Neguei com o rosto. Ignorei minha fome. Ignorei muita, muita fome. Queria que o Paraíso comesse. — É para você!

O céu bufou. Ela se abaixou a minha frente. Seus olhos verdes, muito verdes e muito lindos me encararam. Queria que ela me olhasse para sempre. Eu poderia morrer olhando para ela.

— Eu não vou deixar você morrer de fome. — Foram as palavras dela. Como alguém tinha a voz tão bonita?

— Mas...

Mais uma vez, o Paraíso bufou. Bufou e revirou os olhos. Acho que ela não tinha paciência comigo. Alex também não tinha. Encolhi os ombros e parei de falar, envergonhado.

— Você vai comer porque o Céu está mandando! — Não esperava por aquela fala. Olhei surpreso para o Paraíso. Era a primeira vez que ela referia a si mesma como céu. Primeira vez. — Escutou, Stiles? Você tem que obedecer ao Céu!

Eu não podia discutir com aquela lógica.

Concordei com a cabeça e peguei o prato que ela oferecia. Suspirei de satisfação por poder comer, na esperança de diminuir minha fome. Comecei a comer. E Lydia... Lydia voltou para a cama.

O Pequeno pedaço do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora