Amo camas pequenas

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Acho que o céu começou a gostar da minha leitura. Eu passei a ler sempre, toda vez que Lydia tentava dormir. Sentava ao lado da cama e lia em voz baixa até ver os olhos dela se fecharem.

Ela ainda tinha pesadelos. Ainda chorava durante o sono e se contorcia na cama. Mas aos poucos, bem aos poucos, ela pareceu ficar melhor. Acho que ela estava tendo menos pesadelos. Ou pelo menos, eu queria acreditar nisso.

— Céu? Você está bem? — Falei baixo. Bem baixinho. — Paraíso?!

Lydia não estava dormindo, mas se contorcia na cama. Ela estava encolhida. Encolhida como...como.... Eu não sei com o que comparar. As mãos sobre a barriga, as pernas dobradas.

Ela soltava um som que me dava agonia. Um som baixo, sofrido. Um gemido. Um gemido de dor. Seus olhos estavam abertos. Seus lindos olhos verdes. Verdes como um lápis de cor.

— Lydia? — Testei falar o nome dela, ansioso para receber alguma resposta.

O Céu continuou encolhido. Ela olhou para mim. Olhou daquele jeito que me fazia desejar grudar os seus olhos naquela posição. Eu amava quando o Paraíso me olhava.

— Eu não estou bem! — A voz linda estava triste. Por que ela estava triste?!

Eu sempre tentava fazer o Céu sorrir. Sempre. Mas... ela vivia triste. Sempre triste. Eu achava que o Paraíso sempre fosse feliz. Mas meu pequeno pedaço do Céu viva chorando. Vivia sem comer.

Talvez...talvez a culpa fosse minha. Porque eu faço tudo errado. Alex sempre disse isso para mim. Sempre.

— Está com saudades da sua mãe? — Perguntei curioso. E aflito. Mais aflito do que curioso. Eu não gostava de vê-la triste.

Em vez de responder, Lydia gemeu mais uma vez. Até seu gemido era lindo. Muito lindo. Como tudo nela. Porém, apesar daquele som ser lindo, eu não queria ouvir. Porque era um gemido de dor. E eu não queria que o Céu sentisse dor.

— Céu... está machucada? — Grunhi aquilo. Nervoso. Precisava fazer o Paraíso sorrir!

Eu a olhava. Olhava para seu rosto lindo. E para seu corpo lindo. Toda ela era linda. Lydia era sem dúvidas, era a melhor coisa do mundo. A pessoa mais bonita. A única mulher que existia. Ela era perfeita.

Você conhece alguém assim? Tão lindo que pode roubar todo seu fôlego? Tão perfeito que você não sabe viver longe daquela pessoa? Bem, não deve conhecer. Porque ao todo, existe três pessoas no mundo. Eu, Lydia e Alex. A não ser... A não ser que você viva no mundo de Lydia.

Isso até faz sentido, sabia? Você ser do mundo em que meu Céu vivia antes de surgir dentro do meu quarto. Então, se aí nesse mundo existe algo semelhante a Lydia, você consegue imaginar como seria ver a coisa mais perfeita do planeta, sofrer?

Eu posso garantir que nenhuma dor é tão forte quanto essa. Preferia que Alex batesse em mim. Preferia que ele me fizesse sangrar. Mesmo eu odiando sangrar. Preferia tudo isso. Preferia qualquer coisa. Do que saber que meu Céu estava com dor.

— Você...v-você pode me abraçar? — A voz linda falou. A voz do meu Paraíso. Eu amava aquela voz! Amei ainda mais as palavras que ela disse!

Abraçar!

Abraçar!

Meu pequeno pedaço do céu tinha mesmo falado aquilo? Ela queria que eu a abraçasse? Eu já tinha a abraçado uma vez. E foi perfeito. Muito perfeito. Poderia abraçá-la para sempre. Sempre.

— Abraçar? — Repeti a palavra com incredulidade. Como se eu não soubesse o significado. Mas eu sabia.

Lydia concordou com o rosto. Meu coração disparou. Ficou muito rápido. Muito, muito. Como se ele quisesse socar meu peito. Como se eu tivesse acabado de brincar com meu fazedor de xixi.

Desajeitado, aflito, abri os braços. Inclinei o corpo na direção do meu pequeno pedaço do Céu. Ela riu! Ela riu! O Paraíso soltou uma risadinha que fez meu rosto corar.

Eu amava vê-la rindo! Queria que ela sempre ficasse daquela forma. Sempre. Com os dentes brancos se expondo. Tão brancos. Será que ela estava rindo por minha causa? Eu esperava que sim.

— Assim não, Stiles. — Foi o que ela disse. O riso já tinha parado. Queria que ela voltasse a rir. — Vêm cá! Deita ao meu lado e me abraça.

Meu corpo parou. Senti os músculos duros. Eu queria abraçá-la. Queria deitar naquela cama pequena. Muito pequena. Mas tudo aquilo era tão surreal, que eu fiquei paralisado.

— Você... tem certeza? — Perguntei inseguro. Muito inseguro.

— Por que está perguntando isso?

Lydia continuava encolhida. As mãos na barriga. Na barriga coberta. Ela estava muito vestida. Sempre estava. Usando minhas roupas. Eu nunca tinha visto seus seios. Nem seu fazedor de xixi. Eu queria ver.

— Alex disse que você não gosta de mim. — Expliquei com vergonha. Olhei para o chão. — Eu também acho isso.

O Céu me tocou! Senti mãos pequenas alcançando as minhas. Arregalei os olhos e antes que tivesse uma reação, fui puxado. Puxado com força. O Paraíso me puxou para a cama.

Caí desajeitado ao lado de Lydia. Metade do meu corpo desabou sobre o dela. Fiquei com medo de machucá-la. Muito medo. Encolhi os ombros e fiquei bem na ponta da cama. Sai de cima do meu Céu.

Amei aquela cama por ser pequena. Pequena o suficiente para eu ficar muito, muito perto do Céu. Nossos corpos se tocavam. Eu amei isso.

— Eu gosto de você, Stiles. — Ergui uma sobrancelha. Tive dúvida. — Prefere acreditar no Paraíso ou no Alex?

Sorri. Sorri por causa daquelas palavras e porque ela se chamou de Paraíso. Eu amava quando ela referia a si mesma como Céu. Ou Paraíso.

— Prefiro acreditar em você! — Respondi rápido. Feliz. Eu me sentia feliz!

Ela abriu a boca. Acho que ia me responder! O Céu queria falar alguma coisa. Mas... em vez de dizer algo, ela arfou. Meu pequeno pedaço do Céu arfou de dor!

— Céu! Você está machucada?

Ela me abraçou. Abraçou! As mãos pequenas foram ao meu pescoço ao mesmo tempo em que ela escondeu a cabeça em meu ombro. Foi a minha vez de arfar. Mas não arfei de dor. Arfei de surpresa.

— Eu estou com cólica. — Lydia choramingou. Choramingou com os lábios contra meu ombro.

Eu nunca senti algo assim antes. Nunca. O hálito do Céu soprou em mim e eu senti algo estranho. Algo que eu nunca tinha sentido. Meu corpo reagiu de forma nova.

Era como se, de repente, minha pele estivesse sensível e fria. Senti os pelos do meu corpo subirem. Fiquei arrepiado como ficava ao sentir frio. Mas, o que achei mais estranho, foi o incômodo entre as pernas.

Meu fazedor de xixi reclamou. Como se quisesse que eu brincasse. Foi uma pontada seguida da sensação de estar ficando duro. Sabia que logo, logo meu fazedor de xixi ia ficar em pé daquele jeito engraçado.

Às vezes eu ficava assim quando estava feliz. Quando lia a parte predileta de um dos meus livros. Quando terminava um desenho ou quando Alex me dava mais comida do que o normal. Meu fazedor de xixi gostava de ficar em pé quando eu estava satisfeito. Aí eu brincava. Brincava para comemorar.

Mas.... Por que meu fazedor de xixi estava querendo ficar em pé por causa da voz do Céu?

— O que é cólica? — Perguntei enquanto minhas mãos se acomodavam nas costas finas do Paraíso. Eu correspondi o abraço. O abraço que amei receber.

— É uma dor na barriga que mulher tem quando vai menstruar.

— O que é menstruar? — Repeti com estranheza a palavra desconhecida. Era uma palavra estranha. Feia.

— Eu... eu explico depois o que é.

— Mas...

— Só continua me abraçando.

E eu continuei. Podia continuar para sempre. Até o dia que eu morresse. Afinal, eu amava o Céu e ela... ela gostava de mim. Talvez um dia ela me amasse também.

O Pequeno pedaço do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora