Capitulo treze.

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Quando cheguei ao trabalho no dia seguinte, todos me perguntavam o que havia acontecido com meu rosto, inventei uma desculpa banal de tombo. É claro que ninguém engoliu muito bem, muito menos o meu pai. Mas o mesmo decidiu não perguntar, era como eles são afinal, nada além dos negócios importavam.

"Você é injusto com eles, eles sofrem" bom, eu também.

O bom de ter um trabalho administrativo, é que ele passa rapidamente com as horas. Um assunto para resolver a cada minuto. A cabeça ficava completamente ocupada e quase na hora de sair, foi quando me dei conta de que nem almoçar havia ido.

Erik: quer ir jantar lá em casa?

Mandei uma mensagem rápida para o Pedro, desde o ocorrido, eu simplesmente não suportava a ideia de ficar sozinho em casa.

Pedro: claro, passo ai na sua saída.

Erik: tudo bem, eu te espero.

Terminei meus serviços na próxima meia hora, foi quando meu pai entrou na minha sala, ele ficou um tempo caminhando e analisando as decorações que haviam por ali. Ergui meu olhar para ele.

- O que foi? – Ele me olhou, um pouco apreensivo.

- O que houve com você? – Neguei com a cabeça. – Foi proposital? – Ah sim... Meu velho histórico é claro que é a primeira coisa que ele iria pensar.

- Não pai. Foi sem querer. – Terminei de arquivar o último documento e comecei a ajeitar a minha pasta.

- Erik...

- Pai, eu estou bem, ok?

- Tem tomado seus remédios?

- Sim pai, não se preocupa. Tudo sobre controle. – Levantei da minha cadeira e ajeitei a pasta em meu ombro, levei a mão para lhe tocar o ombro e ele me puxou para um abraço, isso não acontecia com frequência, tinha que confessar que era diferente ver meu pai demonstrando qualquer afeto, foi quase desconcertante.

- Você sabe que eu o amo. – Ok, agora eu estava começando a ficar assustado.

- Ei pai, ta tudo bem, mesmo. – Beijei o seu rosto e sai da sala, olhei para trás e ele estava lá, com aquele mesmo semblante pensativo de quando havia entrado. – Pai? – Chamei próximo da porta e ele me olhou – Eu também amo você. – Eu pude ver um lampejo de sorriso se formar em seus lábios e acenei brevemente.

Talvez essa tenha sido a conversa mais longa que tivemos desde que eu havia voltado do exterior, ou que ele havia descoberto minha afeição por garotos.

Pedro não demorou a chegar, ainda estava com o uniforme da farmácia e completamente animado com alguma história de algum cliente, na verdade, era incrível ver como ele conseguia se animar com as coisas mais banais.

Estávamos perto de casa quando meu celular começou a tocar. Assim que visualizei quem era, levei um pequeno susto. Era Patric, mas... O que ele podia querer depois de tanto tempo.

- Quem é? – Pedro perguntou, provavelmente pela minha expressão de pavor.

- É... Hum. Já te explico. – Enquanto atendia a ligação, estendi a chave do apartamento para o Pedro, ele estreitou os olhos e eu me afastei.

- Erik? – A voz dele era estridente como eu me lembrava.

- Ei, Patric? Sim, é o Erik.

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