A parte de acordar no outro dia após a balada, quase sempre se torna a mais complicada, por mais que eu tivesse bebido de forma moderada, a minha cabeça ainda doía muito. E eu precisava muito de um banho, tanto que eu estava agoniado por tal. E logo após do mesmo, precisava de um café, aproveitei para tomar meus remédios e me escorei na janela do apartamento, observando o que acontecia ao redor. Era um simples sábado cinzento, mas tinha algo diferente no ar.
A campainha tocou e eu virei meu corpo para ir na direção da mesma, quando abri a porta, seu Osvaldo, o porteiro, estava parado ali com uma caixa grande o bastante para esconder um pouco do seu rosto.
- Chegou agora pouco para você, Eric. – Estendi minhas mãos para agarrar e virei o corpo para deixar em cima do sofá.
- Hum... Obrigado. Não havia cartão? – Arqueei minhas sobrancelhas e seu Osvaldo fingiu não escutar, como quase sempre fazia por estar fazendo algo que fugia do seu habitual emprego de apenas dormir na portaria. Fechei a porta e encarei a caixa.
Era uma caixa simples, de papelão, havia alguns pequenos furos por ela, como se fosse para algo respirar. Foi quando bateu o medo de ser algum animal potencialmente perigoso, ao me aproximar um pouco mais pude então enxergar um cartão preso ali, foi quando a caixa se mexeu e eu automaticamente pulei para trás. Inspirei fundo e peguei o cartão com rapidez.
"Faço dos teus sonhos,
Uma realidade.
Meu anjo".
Era óbvio que a caixa havia vindo de Henry, mas o que havia dentro era uma incógnita ainda. Estendi minhas mãos para então puxar a fita isolante e abrir, assim que o fiz, uma cabeça peluda, preta e branca, pulou de dentro e eu pude apenas gritar como uma criança. Passado o susto e meus olhos focados, pude distinguir o filhote, era um Huscky Siberiano.
E ele tinha olho azul.
E ele era meu.
Peguei meu celular e disquei o número da Carol.
- Você viu que horas são? – Ela perguntou irritada assim que atendeu, o cachorro continuava dentro da caixa, irritado com alguma parte da mesma e rosnando.
- É uma emergência.
- Espero que seja mesmo.
- Tem uma caixa com um filhote na minha sala e foi Henry que mandou.
- FILHOTE DE QUÊ? – Inspirei fundo e voltei a falar, um pouco mais devagar:
- Filhote de cachorro, Carol. Um Huscky, do jeito que sempre descrevi que queria, eu não sei o que faço! Eu não tenho espaço para um cachorro! E eu nem compactuo mais com compra de animais!
- Meu Deus do céu... Calma, eu estou indo para ai. Meia hora.
E desligou o telefone, voltei a olhar para a caixa, dentro havia ainda um saco de ração para filhotes, peguei o filhote com cuidado em meus braços para soltá-lo no chão, ao tentar correr, ele acabou dando uma pequena cambalhota que me fez rir.
- Droga, eu já gosto de você. – Revirei meus olhos devagar e peguei a ração, ajeitei dois potes, um com água e outro com a comida, ele nem deu bola naquele momento, roer o pé da cadeira era mais importante. Olhei para o meu celular em cima da mesa e em seguida para a porta. Eu podia esperar Carol, ou eu podia ligar para o Henry. Aliás, o que diabos a Carol viria fazer aqui?
Sentei no tapete da sala e fui automaticamente atacado pelo pequeno filhote.
- Ok, filhote. Fique quieto. – Repreendi quando ele resolveu morder meus pés e neguei com a cabeça quando ele apenas trocou o pé. Disquei o número, ele atendeu pelo segundo ou terceiro toque com voz de sono. – É SÉRIO, QUAL O SEU PROBLEMA?

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MOLETOM (+18)
RomanceNotas do autor. Senti a necessidade de depois de três anos, acrescentar essa parte do livro, pelo simples motivo de explicar exatamente isso: O livro começou a ser escrito por um garoto de dezessete anos, imaturo e terminou sendo escrito por um garo...