Os dias seguintes foram os piores dias da minha vida, eram depoimentos para policia a todo o momento.
Mas nem mesmo, Henry preso, ou o diabo a quatro, traria o meu Pedro de volta, Ele estava morto. Completamente morto. O mundo havia perdido grande parte de sua alegria, de sua energia. Aquele garoto que contava todos os dias como havia ajudado uma velhinha com as sacolas, não vivia mais entre-nos.
E a culpa era minha. As vozes em minha cabeça não deixavam com que eu esquecesse isso.
Henry fez o que fez, por culpa minha. Eu não escutei Patrik quando Patrik disse que ele podia ser perigoso, eu ignorei. Eu simplesmente ignorei o fato de que ele tinha minha chave, ou tudo isso.
Devia ter sido eu, e não o meu Pedro.
- Eric. – Carol estava ao meu lado no carro, eu havia vindo dirigindo. Precisava manter a mente ocupada com algo funcional para chegar ali, mas parado, toda a dor voltava a residir em meu corpo. – Você não precisa entrar...
- É claro que eu preciso. Eu preciso me despedir dele.
- Eu sei... Mas... Você aguenta?
- Pedro aguentaria por mim. – Sai do carro, sem a certeza de como minhas pernas me mantinham em pé. E caminhei em direção a capela.
Alguns amigos me pararam no trajeto e diziam um sinto muito, apesar de não saberem que estávamos juntos, eles sabiam que ele era meu melhor amigo. Os pais dele também estavam lá. Bastante abalados e sem me odiar, o que eu queria gritar para que o fizessem, eu havia matado o filho deles.
"Nem nossos pais te odeiam".
Tudo passou mais lentamente do que o dia do ocorrido era dor, e mais dor. E quando as pessoas começaram a falar, o choro finalmente saiu dos meus lábios, olhos, corpo. Eu tremia ao mesmo tempo em que soluçava. O caixão estava fechado, de certa forma, eu agradecia por isso, acho que não conseguiria encarar o corpo dele sem vida novamente.
- Pedro, querido, quer dizer algumas palavras? – A mãe doce de Pedro me ofereceu a palavra e eu me aproximei, parando perto do caixão novamente, erro meu em achar que não veria mais Pedro, havia uma pequena abertura e eu podia ver seus olhos fechados, parecia estar dormindo, engoli o choro novamente e ergui minha cabeça para encarar as pessoas a minha volta.
- Pedro era a luz de todos que estavam em volta dele. – Minha voz era baixa, mas com todo o silencio daquele ambiente, era fácil de ser compreendida. – Ele morreu sorrindo. Ele estava sorrindo, ele estava feliz. Ele havia feito café e quebrado uma xícara, típico do desastre que ele era com as coisas. – Eu ouvi algumas risadas. – Mas eu vi esse garoto amadurecer diante dos meus olhos. Ele estava lá por mim, quando quase ninguém esteve. – Olhei para a Carol e voltei a olhar para o caixão. – E ainda dói muito saber que amanhã vou acordar novamente sozinho, eu ainda não consegui dormir, porque eu não estou mais protegido de todo o mundo como se ele estivesse aqui. Pedro era luz, proteção e amor. Ele era alegria em meio a esse mundo todo. E eu me sinto culpado, porque eu não pude fazer como nos filmes e entrar na frente dele... – Abaixei minha cabeça e voltei a erguer, limpando meus olhos. – É uma coisa idiota de se falar, eu sei. Mas eu queria ter podido fazer algo, qualquer coisa. Eu juro, Pedro morreu sabendo que era amado, não só por mim, mas por todos. Ele era luz e paz. E ele agora está na luz e na paz. E eu espero muito, que ele me perdoe, por todos os erros e caminhos que nossas vidas seguiram. Ele era nosso Pedro e vai continuar sempre nos nossos corações... Sempre no meu. – Quando terminei de falar, voltei a chorar, tanto que Carol veio me abraçar. O padre que a família trouxe, disse mais algumas palavras e orou com nos para que a alma dele estivesse em paz.
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MOLETOM (+18)
RomanceNotas do autor. Senti a necessidade de depois de três anos, acrescentar essa parte do livro, pelo simples motivo de explicar exatamente isso: O livro começou a ser escrito por um garoto de dezessete anos, imaturo e terminou sendo escrito por um garo...