Ao acordar, meus olhos demoraram alguns minutos para focar e entender tudo o que estava acontecendo naquele momento, estávamos juntos a pouco mais de três meses. E era louca a forma como tudo se encaminhava rápido, nosso clichê, chefe, estagiário... Hum. O cuidado que ele tinha comigo, como tudo era perfeito ao ponto de se encaixar nos pequenos detalhes.
Levantei meu corpo da cama para poder tomar banho e em poucos minutos estava completamente pronto para a minha primeira aula do semestre, aproximei-me da cama enquanto terminava de ajeitar a gola da minha camisa e me inclinei para depositar um selo demorado em seus lábios e recebi um sussurro de resposta: precisa que eu o leve?
- Prefiro que não. – Voltei a selar seus lábios e me inclinei para reprogramar o despertador do quarto, por mais que sabia que ele havia programado o celular. – Não perca a hora.
- Não irei, boa aula, o vejo a tarde. – Sorri e peguei minha pasta para então sair de casa e encontrar Caroline no caminho.
Eu não podia negar que o professor que me dava aula, era possivelmente o mais bonito que eu já havia tido e eu pude rapidamente ficar avermelhado ao constatar que teria sérias crises de paixonite aguda durante o semestre. Caroline não demorou a me zoar durante todo o caminho de volta. Eu não podia fazer nada se ele era um deus grego. Qual é, sei que tenho namorado, mas olhar não tira pedaço.
Quando cheguei ao trabalho, encontrei uma pilha de alguns documentos para organizar e o tempo passou como se não houvesse existido durante muito tempo, minhas conversas com Charles eram sempre bastante produtivas no quesito: aprender os ossos do oficio. Eu adorava as aulas que ele me dava durante aquelas horas que estávamos ali, Ramon era outro que adorava me ensinar uma coisa ou outra, em prol, eu aprendia muito sobre minha futura profissão ali dentro.
E não, a voz não aparecia mais. Era como se os remédios a matassem. Mas eu sabia que se não procurasse uma forma de propagar isso, falar disso com alguém, ela acabaria voltando em algum momento.
As cartas? Elas chegavam com uma frequência maior do que eu gostaria e de uma forma surreal em como Henry sempre sabia o que ocorria ou não em minha vida, por mais que Caroline me jurasse de pé juntos que não mantinha contato com ele, eu tinha plena certeza de que a mesma passava essas informações e tinha receio de me contar.
- Vamos, Eric? – Sorri na direção de Robert e ajeitei a pasta em meu ombro para então me despedir dos demais. Era algo natural para eles que saíssemos juntos, não era um incomodo para ninguém e não havia perguntas, talvez entre eles rolasse alguma fofoca, mas para nós? Tivemos a sorte de não haver inquisições. – Como foram as aulas?
- Meu professor é um gato. – Ri ao entrar no carro. – Fiquei babando a aula toda. – Robert me encarou daquela maneira brava, emburrada, que chegava a formar um leve bico em seus lábios.
- Ah Eric, que saco.
- Qual é? Olhar não tira pedaço e ele é meu professor.
- Eu sou seu chefe.
- É diferente, que saco. – Ajeitei meu corpo no banco e permaneci em silêncio durante um tempo antes de receber um beijo rápido em meus lábios.
- Diferente, tem razão, há muito que não sabe. – Ele balançou a cabeça para os lados e se concentrou em dirigir.
- Você sempre diz isso, porquê?
- Porque há, você tem seus segredos, eu tenho os meus. – Ele respondeu, quase petulante, era o mesmo julgamento de sempre. Eu nunca contava para ele a realidade de tudo, mas como eu poderia? É complicado demais arrumar uma maneira de explicar completamente tudo o que acontece dentro da minha cabeça. Era uma montanha russa com loopings constantes, de uma hora para outra, tudo estava de ponta cabeça.
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MOLETOM (+18)
RomanceNotas do autor. Senti a necessidade de depois de três anos, acrescentar essa parte do livro, pelo simples motivo de explicar exatamente isso: O livro começou a ser escrito por um garoto de dezessete anos, imaturo e terminou sendo escrito por um garo...