The Kingdom [H.S] [PT/BR]

Poison

- Ela vai ficar bem. Já dei os medicamentos, provavelmente acordará em algum tempo. - o médico Real disse.

Apesar de ser considerado bruxaria, nós do palácio tínhamos uma pessoa com conhecimentos em ervas medicinais. Não podíamos ficar tão fragilizados.

Ele se curvou e saiu do quarto, deixando-me sozinho com Katherine.

Seu corpo estava frio e mais pálido que o normal; os lábios sem vida e os olhos fechados nunca foram tão horripilantes. Parecia quase sem vida.

Me aproximei e limpei um pouco do suor em seu rosto, ajoelhando-me ao seu lado e segurando sua mão. Num solavanco, o Rei e a Rainha entraram no quarto às pressas.

- Harry! Como ela está? - Anne, minha mãe, perguntou.

- Foi envenenada. Já chamei Tarek, ele disse que ela vai ficar bem. Porém ainda não acordou.

- Quem é o culpado disso?! Será condenado a morte! Como ousa atacar a família Real?! - o Rei esbravejou, seus olhos borbulhavam raiva.

- Vamos descobrir, ele será devidamente punido. - Anne colocou a mão no peito de Christopher, o acalmando. O Rei respirou fundo e me encarou de maneira serena.

- Me encontre daqui algumas horas, Harry. Fique com ela por agora. - sorriu compreensivo, saindo de minha vista junto com a Rainha.

A porta foi fechada e me sentei novamente, vendo que agora Katherine tinha uma feição de dor no rosto e tremia um pouco; era o efeito do veneno ainda em seu corpo.

Segurei em sua mão novamente e arrumei o cobertor, queria que ela ficasse o mais confortável possível. Os primeiros raios de sol já atravessavam as janelas, me sentia exausto.

Os servos haviam deixado comida perto da cama e, apesar de estar faminto, não iria comer naquele momento.

Depois de alguns minutos a menina voltou a calmaria, e isso me deixou extremamente aliviado. Podia sentir meu corpo implorando por descanso, meus olhos já começavam a se fechar.

Sei que se Katherine estivesse em condições, brigaria comigo por isso.

Sentei-me no chão e apoiei a cabeça na cama, orando baixinho para que Deus tivesse misericórdia de sua vida. Eu precisava dela.

Eu preciso dela.

Quando dei por conta, dormi. Dormi por poucas horas, já que meu cérebro não me deixava descansar totalmente. Katherine tossiu um pouco de sangue e o limpei de prontidão, aproveitando para trocar suas roupas.

Penteei seus cabelos e lhe dei as ervas novamente, mas não parecia fazer efeito algum. Ela apenas continuava ali.

Se não estivesse respirando, facilmente diria que estava morta.

Belisquei um pouco da comida que haviam deixado e troquei minhas roupas, e só então lembrei do pedido de meu pai. Dei um beijo na cabeça da menina e pedi para uma de suas servas ficasse com ela.

Cheguei no andar e todos os guardas me saudavam, ficando em posição. Fui anunciado e em segundos já estava lá dentro.

- De quem você suspeita? - ele já perguntou de prontidão, ajeitando sua coroa.

- Eu não sei... Eu não a vi com ninguém. Quando cheguei na mesa, ela já estava desmaiada.

- Os franceses...

- Será? Eles estão pela região, mas não sumiram totalmente... - comecei a pensar.

- Estariam infiltrados no baile? Havia alguma coisa na mesa?

- Não prestei atenção.

- Podem ter se passado por convidados ou até mesmo servos. Precisamos esperar ela acordar para sabermos de fato quem foi. - o Rei esbravejou. - Isso nos mostra que não estamos seguros. Harry, você tem que ser mais cuidadoso do que nunca. Não se esqueça que você é o único herdeiro.

- É, não dá pra esquecer. - tive vontade de rir, mas me segurei.

- Somos os únicos com um  herdeiro. Você precisa procriar para que isso não seja um problema quando você assumir o trono com Katherine. E pode estar mais perto do que você imagina.

- O que você quer dizer? - aquele último comentário era assustador.

- Está tudo ficando mais caótico do que você imagina. Não sabemos o amanhã.

- Não diga isso Pai.

- Enfim. Caso tenha outro ataque ou eles se aproximem novamente, vamos para o castelo no Norte. Já mandei um mensageiro para lá e alguns soldados para verificar a situação. Eles devem chegar em alguns dias.

A menos que tivessem se infiltrado dentro do castelo, era impossível serem os culpados. 

- Vou me retirar. - o saudei e deixei aquele lugar que já me deixava cansado.