Louis

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Louis agora atendia as aulas de etiqueta, ética e matemática. Tentava sempre ficar comigo e Katherine, e muitas vezes conseguia.

Apesar de tudo, não conseguia o ver como um irmão.

Não era rejeição, eu apenas não sentia que ele era de fato meu irmão. Cresci sozinho, não conseguiria mudar toda a minha vida e pensamentos do dia para noite.

Ele era um pouco menor que eu, apesar de ser mais velho. Parecia adorar o título de Príncipe Herdeiro, já que sempre que conseguia, se referia a si mesmo desta maneira.

Sra. Bronx dizia que ele tinha uma postura totalmente adequada e combinava com a Corte, pelo menos é isso que Katherine disse. Ele gostava de comer as frutas mais frescas e andar de cavalo.

Também descobri que era um ótimo guerreiro, e muito, muito forte. Não fazia muitos pedidos, pelo menos não para mim.

Katherine não estava mais tão ruim assim, e era possível notar que sua barriga já aparecia, mas ela escondia o máximo possível.

Porém, James se queixava que Louis era um pouco irresponsável. Bebia demais, gritava pelo castelo na madrugada e assustava os servos, deixava o castelo sem autorização...

Katherine e eu estávamos dando um passeio pelo jardim após um longo dia. O sol já dava adeus, apesar de ter passado boa parte do tempo coberto pelas nuvens escuras.

A lua já começava a aparecer, o jardim estava ficando iluminado e extremamente bonito. Era um dos poucos momentos em que conseguia ficar com ela sem problemas, e, apesar do silêncio, me sentia confortável.

Segurava em sua mão e vez ou outra fazia um terno carinho, sorrindo bobo sozinho.

Naquele momento, não me sentia como o Rei Harry.

Era apenas... Harry.

- Amor, como você está se sentindo? - disse, sem nem reparar no que saia de minha boca.

E ela sorriu.

Meu rosto se tornou um pouco vermelho, ainda mais por ser a primeira vez que lhe chamava assim. Ela apoiou seu rosto em meu ombro, visivelmente tímida.

- Estou bem, apesar de me sentir cansada a maior parte do tempo.

Chegamos perto de alguns arbustos e logo senti uma movimentação estranha. Coloquei Katherine atrás de mim e me arrependi de ter dispensado os guardas que amavam me seguir. Tirei uma pequena faca do bolso e me aproximei, sentindo a adrenalina correr em minhas veias.

Quando puxei o arbusto, meu susto aumentou.

Louis estava aos beijos com uma das servas, que imediatamente arrumou o vestido e colocou suas mãos para trás, arregalando os olhos e abaixando o rosto. Ele passou a mão pelos lábios inchados e sorriu, coçando a cabeça como se nada acontecesse.

- Majestade! - saudou-me, se curvando e correndo logo depois.

Louis sorriu e nos cumprimentou, mas não demorou para que seguisse o mesmo caminho que ela, nos deixando totalmente atônitos.

- O que infernos estava acontecendo? - Katherine sussurrou.

- Louis está desfrutando muito bem de sua estadia no palácio.

- Está tudo bem entre vocês?

- Sentimento neutro. Ele tenta, tenta e tenta mas não sou uma pessoa tão fácil. - pisquei.

- Espero que um dia vocês se deem bem. - suspirou.

- Eu também. Se isso um dia acontecer.

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Louis On

Senti Mare tremer em meus braços, dei-lhe um beijo nos lábios e a soltei, ela se apoiou na parede,ainda com a respiração descompassada. Dei um sorriso enquanto subia minhas calças.

- Oh, majestade...

Terminei de arrumar minha camisa e ela subiu seu vestido marrom e desgastado.

- Obrigado.

Apenas virei as costas e sai, indo para meu quarto. Pude sentir seu olhar indignado sob mim, mas não me importava muito. Em passos rápidos e precisos, não demorei para chegar dentro do castelo.

Subi alguns lances de escada e percebi que algumas servas passavam pelo lugar.

- Me tragam vinho. - foi o suficiente para que elas fizessem uma reverência desajeitada e assentir meu pedido.

Entrei em meu quarto e tirei as botas, jogando-as perto da parede, bem como minha camisa. Pude ver que meu peitoral estava avermelhado e com alguns arranhões e, por isso, decidi colocar novamente a camisa branca.

Sentei-me no pequeno sofá perto da janela e comecei a observar a vista, a lua estava cheia e o vento soprava frio, fazendo as árvores farfalharem.

Não demorou para que uma serva trouxesse meu pedido, correndo assim que peguei a bandeja. Voltei a me sentar e coloquei o vinho na taça, enchendo até a boca.

Desde que cheguei aqui, tudo estava mil maravilhas; não precisava me matar num campo imenso de trigo, preparar minha própria comida, tinha roupas bonitas e bem cortadas, podia usufruir das mulheres...

Tudo que tinha direito.

Direito que fora tirado por ele há muito tempo.

Esses pensamentos não saiam de minha cabeça, por mais que eu tentasse. Coloquei mais vinho na taça e já começava a me sentir tonto, o líquido descia doce, porém, minha cabeça doía.

Sentia falta de minha mãe, sabia que ela adoraria estar aqui, sendo tratada com dignidade. Dignidade que não foi possível, em vida, dela poder usufruir.

Quando dei por mim, algumas poucas lágrimas caiam, e tratei rapidamente de seca-las. Sentia meu corpo tremer um pouco.

Mas não eram lágrimas de tristeza.

Eram lágrimas de raiva.

- Eu tinha o direito. Devíamos ter sido uma família feliz. -sussurrei comigo mesmo, minha voz soava rouca pelo choro. - eu vou ter tudo de volta, Harry. Tudo.

The Kingdom [H.S] [PT/BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora