186 dias.

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Acordamos cedo naquela manhã, por insistência de Donna. Lily estava na cozinha preparando o café da manhã, quando Donna anunciou que iríamos tomar café na rua. Minha mãe por um momento pensou argumentar, mas ela se deu por vencida assim que me viu entrando na cozinha.

- Bom dia... - Cumprimentei a todos. Meu pai levantou a xícara de café, e continuou lendo o The New York Times. Minha mãe respondeu com um sorriso no rosto. Mas foi a resposta de uma ruiva que me fez esboçar um sorriso preguiçoso.

- Morning, hotshot. - Ela disse brincando, aposto que foi pela "guitarra" de ontem.

- Morning, dançaria do dirty dancing. - Donna soltou uma gargalhada e corou. Percebi que meus pais se encararam, mas nenhum teve coragem de perguntar da onde tinha surgido os apelidos.

Fomos ao Starbucks mais próximo do meu apartamento. Como moro no Upper West Side, temos a facilidade de chegar em qualquer lugar do downtown em menos 10 minutos de caminhada.

- Por que tão cedo? Tenho que te lembrar que eu preciso das minhas oito horas de sono? - Pergunto, enquanto caminhamos pela calçada. É outono, as ruas estão cobertas pelas flores e folhas que estão começando a cair. O vento estava fraco, apenas uma brisa prazeirosa.

- Porque, dorminhoco, se fomos mais tarde pegaremos uma fila enorme. E por enquanto, esta hora, eu posso furar a fila que tiver e tomaremos café tranquilos. - Ela sorriu, ajeitando uma mecha para trás da orelha.

Quando chegamos no Starbucks realmente havia uma pequena fila. Donna apontou para uma poltrona perto da janela do estabelecimento e disse para eu me sentar que ela já voltaria com os cafés. Me sentei na poltrona, e guardei o lugar dela ao meu lado. Foi quando eu me lembrei que não havia dito o meu pedido.

- Ok Mister, aqui temos um black, two sugars, splash of vanilla. - Ela anunciou, se aproximando de mim, e me entregando o copo.

- How do you know that's how I take my coffee? - Franzi a testa.

- I'm Donna. Remember? -  Ela sorri, e eu observo como ela se movimenta para se sentar ao meu ladoMe recomponho e encaro o copo de café em minha mão.

- But for the record, I don't take vanilla with my coffee. - Retruquei ao mesmo tempo que levei o copo a boca.

- You will after you taste that! - Ela respondeu com sorriso cativante. E continuou me encarando, esperando minha reação.

- Oh, my God, this is awesome! - E realmente é! Que sabor diferente, como eu nunca havia tomado este café antes? De longe, se tornou o meu favorito. Encaro Donna, e ela está sorrindo pra mim, com uma expressão de "I told you" no rosto.

Ficamos uns 40 minutos no café. Conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Foram tantos temas abordados, mas nenhum a gente terminava. Donna me contou que trabalha no Hospital Memorial Sloan Kettering Cancer Center, especializado em tratamento e pesquisa para Câncer. Me explicou sua rotina no hospital, como se sentia importante ajudando aos pacientes. Me contou também que sua irmã acabara de ganhar um bebê, e que a estava culpando de ainda não ter ido visitar a pequena sobrinha.

- Donna, eu não quero tomar tanto o seu tempo. - Confesso que me senti um pouco culpado. Donna passa três dias da semana no hospital, e os outros dias da semana e os finais de semana, ela fica no apartamento, auxiliando minha mãe, cuidando dos meus horários, e tudo mais.

- Você não toma, Specter! Eu fico porque eu quero. - Respondeu com um sorriso delicado. - Quando for a hora certa, eu vou. Não se preocupe, de verdade. - Ela tocou a minha mão, enfatizando que estava tudo bem. O seu toque era quente e macio. Acariciei a mão que estava, agora, entrelaçada na minha. Percebi quando seus olhos desviaram dos meus, e parou nas nossas mãos.

The EndOnde histórias criam vida. Descubra agora