26 semanas.

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Donna's Pov.

Depois que descobri que estávamos correndo contra o tempo, e que na verdade, o tempo já não existia mais, passei a viver mais intensamente todos os momentos que eu tinha ao lado dele. Pode parecer piegas, mas só depois que ele verbalizou a verdadeira situação eu parei pra pensar como estávamos sem tempo. E como eu não estava preparada para o que estava por vir.

Não tenho o costume de rezar ou pedir para um ser superior cuidar da minha família ou amigos, eu apenas acredito que somos parte de algo, podendo ser definido como destino ou the big picture - podem chamar do que quiserem- apenas sinto que somos. 

Temos que ser. Tem que ter uma ração para tudo isso acontecer. E agora tendo plena consciência que isto vai acontecer, mas sem saber quando ou como está me consumindo. Mais do que eu gostaria de admitir.

Devido a esse pensamento, eu passei a conversar mais comigo mesma, ou com quem estiver ouvindo. Decidi fazer uma lista mental daquilo que devemos fazer juntos, daquilo que não podemos perder tempo brigando sobre e de todas as posições que ainda não tentamos. Não vamos ser puritanos agora, né?

Hoje estamos terminando de pintar o quarto da pequena Sofia Paulsen Specter. Sofia, it's like a name and a title in one.  Acredito que vocês possam imaginar de onde veio a inspiração para o nome. Mas, caso não façam a menor ideia, google it. Mesmo sendo enfermeira e amar o que eu faço, ainda tenho o teatro como parte de mim. E agora, será parte dela também.

Foi uma saga para escolher a cor do quarto. Harvey não queria tons fortes, e eu não queria tons sem graça. Somos assim, opostos. Mas como o velho ditado sempre disse: "os opostos se atraem", e é verdade. No final, decidimos deixar uma parede branca e a outra um tom de vermelho, mais puxado para o vinho, assim não pesaria tanto.

O quarto estava uma bagunça, alguns jornais espalhados pelo piso para não cair tinta e manchar, prateleiras que mudariam de lugar estavam apoiadas perto da janela e baldes de tintas. Esses pequenos e simples detalhes eram os que preenchiam os nossos dias.

Where do you go with your broken heart in tow
What do you do with the left over you
And how do you know, when to let go
Where does the good go, where does the good go 

- De onde você conhece essa música, Harvey? - Perguntei enquanto o ajudava a pintar a parede, segurando o rolo com a tinta. Ele estava retocando a parede branca, e eu pintando a vermelha.

- Ah, está na playlist de Grey's. - Ele respondeu normalmente. Sim, eu tenho um marido viciado em Grey's. Bom, não posso reclamar, imagina se ele fosse um advogado viciado só em séries de advogados? Isso sim seria pior.

- Olha quem está viciado agora, Mister Specter. - Falei em tom de brincadeira. Ele sorriu com o canto dos lábios, e continuou pintando a parede. Quando chegou no refrão da música, comecei a cantarolar baixinho, enquanto descia e subia o rolo de tinta na parede.

Look me in the eye and tell me you don't find me attractive

- Look me in the heart and tell me you won't go! Look me in the eye and promise no love's like our love. - Harvey também começou a cantar, e veio na minha direção, segurando o rolo como se fosse um microfone. - Look me in my heart and unbreak broken, it won't happen!  - Ele tirou lentamente, tentando seduzir mas ao mesmo tempo brincando, o rolo da minha mão e me puxou para dançar.

- What are you doing, crazy man? - Perguntei, rindo. Ele me puxou, colando os nossos corpos e continuou cantando a música em meu ouvido, mas com passos mais rápidos e rodopios pelo quarto.

The EndOnde histórias criam vida. Descubra agora