Naquela noite, há três dias, voltamos para o apartamento e eu desejei boa noite com um selinho nos lábios de Donna, em frente à porta do seu quarto.
A vontade de entrar e levá-la até a sua cama se fazia presente, mas resolvi esperar. Tudo estava acontecendo muito rápido, e apesar de eu não ter muito tempo, ainda achava necessário um pouco do bom e velho cortejo.
Agora já fazem três dias do nosso primeiro beijo. Oficialmente, eu não sei muito bem o que somos e aonde estamos, mas acredito que já aceitamos o fato de gostarmos um da companhia do outro e reconhecemos a atração que sentimos.
Depois daquele dia, trocamos poucos beijos, a maioria escondidos e pacíficos. Não sabia que eu poderia ser tão paciente, e também não tinha conhecimento desse meu autocontrole. Donna passou o dia inteiro perambulando pelo apartamento.
- O que está acontecendo? - Perguntei, assim que percebi que estávamos sozinhos na sala.
- Hum.. nada. - Ela respondeu suave.
- Donna, eu consigo ouvir você pensando! - Brinquei, e consegui tirar um sorriso fraco dos lábios dela.
- Estava pensando... - Ela mordeu os lábios, indecisa. - Você está se sentindo bem? - Achei estranho o pergunta. Sim, eu estava me sentindo bem. Principalmente quando ela estava por perto. Apenas assenti, e ela continuou. - Poderíamos sair hoje à noite... - Ela me olhou com os olhos brilhando.
- Você está me chamando pra sair, Donna Paulsen? - Me levantei do sofá onde estava sentado, e sentei ao lado dela.
- Como se nunca tivéssemos saído antes, Harvey! - Ela sorriu do jeito que eu falei anteriormente.
- Não como namo...- Eu parei. E ela arqueou uma sobrancelha. Eu não sabia se deveria continuar, não sabia se deveríamos nos rotular.
- O gato comeu a sua língua? - Ela perguntou, irônica. Será que ela queria que eu falasse? Bom, eu demorei demais pra continuar, e ela tomou as rédeas da conversa. - Mas respondendo, it's a funny date. Precisamos nos distrair. - Ela sorriu, passando uma mão pela minha bochecha. Sem perceber, me curvei ao toque macio das suas mãos em minha pele.
Donna andava preocupada comigo. O que aconteceu foi que ontem, quando eu estava indo dormir, comecei a ter fortes dores nos ossos. Os remédios não estão fazendo tanto efeito assim. Teríamos que aumentar a dosagem, e aumentar a dosagem significa que eu ficaria mais drogue ainda. Lembro exatamente do momento em que Donna veio em minha direção, com um olhar preocupado. Ficou ao meu lado enquanto eu me remoía de dor, mas não queria demonstrar. Até que eu adormeci, por efeito do remédio, e ela ficou ao meu lado, acariciando meus cabelos. Foi assim que acordei.
- O que é um funny date? - Perguntei voltando ao assunto.
- Ah não vou contar. Primeiro, você tem que me dizer se topa ou não. - Ela mordeu os lábios.
- Se eu topar, eu ganho mais beijos? - A última palavra eu sussurrei mais perto da sua orelha, e notei como o corpo dela reagia à nossa aproximação.
- Muitos beijos. - Ela sorriu, e desviou o olhar para os meus lábios. Eu sorri. Era bom saber que mesmo nestas condições, eu ainda conseguia despertar o desejo de uma mulher como Donna.
- Já posso começar a cobrar? - Me aproximei, sem quebrar o contato visual. Comecei a depositar beijos no pescoço exposto dela, e depois fui subindo até sua bochecha, e antes de beija-la nos lábios, voltei a fita-la. Donna tinha os olhos fechados e a boca entreaberta, convidativa. Eu não pensei duas vezes, rocei os nosso lábios de leve, apenas para instigar.
Quando fiz menção de me afastar, ela me puxou pelo colarinho da blusa, e intensificou o beijo. Que mulher. Que beijo. A segurei pela cintura, trazendo mais seu corpo ao meu, fazendo com que Donna sentasse em meu colo no sofá. Ela gemeu com o movimento, e circulou meu pescoço com os seus braços.
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The End
RomanceEu vou morrer. Aliás, isso não é novidade para ninguém. Só que a história que eu tenho para contar antes da minha é novidade para mim mesmo.