122 dias

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19 de dezembro

No Sábado a tarde, arrumamos as nossas malas e fomos para a casa da irmã de Donna. Por todo caminho, Donna foi me explicando como era sua família, o relacionamento com o seu pai, o falecimento da mãe e o casamento da irmã. Ela fez um resumo para me preparar.

E devo confessar que eu estava extremamente ansioso. Na minha cabeça, ainda era surreal eu estar em um relacionamento sério, e ainda por cima, com uma mulher como a Donna. Sempre fui um homem muito complicado, e nunca soube - quis - ficar em um relacionamento por muito tempo.

Depois dos problemas de fidelidade por parte de minha mãe, eu passei a ter muito receio e desacreditei que isso seria para mim. E olha agora? Por isso, nunca diga que dessa água não "bebereis, porque na verdade, me afogareis". Brincadeiras à parte, hoje, me encontro com uma namorada, a caminho de visitar sua família, de me apresentar e colocar na mesa tudo que eu sinto pela filha de Jim.

- Está tudo bem? - Donna me tirou dos meus devaneios. Estávamos no carro. Ray seguia pela estrada com cautela, estava começando a ficar escuro e a neve não ajudava muito.

- Sim. Sim, tudo ótimo. - Dei uma tossida para disfarçar o nervosismo.

- Harvey, você parece que vai ter um ataque de pânico! - Donna começou a gargalhar, passando a mão pela minha coxa.

- Eu vou ter um ataque de pânico, e você acha graça? Você já foi melhor, Donna. Já foi melhor. - Fingi incredulidade.

- Desculpa! - Donna aos poucos foi parando de rir, colocando a mão no peito. - Eles não mordem, Harvey! A não ser que você peça! - Ela se aproximou mais de mim, no banco traseiro, com um sorriso malicioso, e depositou um beijo no meu pescoço. Virei em sua direção com um sorriso amarelo no rosto.

- Você está muito engraçadinha hoje! - Apertei o joelho dela. Donna se contorceu. Ela sentia cócegas naquele local, e não pode evitar um riso.

- Engraçadinha não, me respeite! Eu estou engraçadonna! - Ela retrucou, rindo, e eu continuei a fazer cócegas em seu joelho.

Depois disso, a viagem passou mais depressa, e eu fiquei menos nervoso. Só de saber que ela estaria comigo durante todo o momento, me consolava. Só mais duas horas de viagem, e estaríamos chegando ao nosso destino.

•••

Assim que Ray estacionou em frente da casa de dois andares, branca com janelas azuis, no subúrbio de Connecticut, senti que Donna respirou fundo e tomou coragem de abrir a porta do carro.

- Wait... - Toquei na mão dela que estava descansando no banco, impedindo que ela saísse. - What's wrong? - Indaguei. Donna parou de encarar o lado de fora pela janela, e sorriu para mim.

- Nada. Só faz...muito tempo que eu não venho para casa. Acho que estou um pouco receosa. - Ela sorriu fraco, respirando fundo de novo.

- Só não tenha um ataque de pânico, Donna! - Brinquei, e consegui tirar um sorriso meloso dos seus lábios. - Vem aqui! - A puxei pela nuca e dei um selinho demorado em seus lábios. Donna levou suas mãos a minha bochecha, acariciando levemente o local.

- Vai dar tudo certo! - Sussurrei assim que separamos os nossos lábios.

- Vai dar tudo certo! - Ela repetiu no mesmo tom. Saí do carro primeiro, e abri a sua porta. Fomos de mãos dadas até a porta da casa.

The EndOnde histórias criam vida. Descubra agora