Estávamos voltando do hospital. Exames de rotina. Dessa vez, pedi a Donna que me acompanhasse ao invés dos meus pais, pois sabíamos a probabilidade da notícia não ser boa, então eu não teria que lidar com eles assim que saísse do consultório.Lily reclamou um pouco, mas logo se deu por vencida ao ver minha mão entrelaçada na mão da ruiva. Ainda não tínhamos contado aos meus pais, escolhemos deixar as coisas acontecerem naturalmente, eles notarem sozinhos, sem precisar fazer um big announcement.
- Você está nervoso? - Donna me perguntou enquanto estávamos sentados no consultório, esperando pelo Dr. Gregory Maddison. Ela não tinha largado a minha mão desde que entramos, ficava acariciando a superfície da minha palma.
- Não nervoso, acho que ansioso, seria o melhor adjetivo. - Sorri fraco. O que mais eu poderia fazer?
- Voce sempre tem a opção do trata... - Eu a interrompi com um selinho. Sabia como iria terminar aquela frase, então preferi poupá-la.
- Prefiro o tratamento Donna. - Pisquei assim que nos afastamos. Donna sorriu com o canto dos lábios. - Você me faz sentir muito mais vivo do que qualquer tratamento. - Ela se aproximou mais ainda dos meus lábios, e nos juntamos em mais um beijo, um pouco mais intenso que o selinho, mas ao mesmo tempo delicado.
- Eu só quero que você se sinta bem, na medida do possível. - Ela disse assim que nos separamos, ainda encostada com a testa na minha.
- Eu estou bem, na medida do possível. - Sorrio, brincando. Ouvimos a porta se abrir, e nos afastamos completamente, a não ser pelas mãos entrelaçadas por cima da minha coxa.
- Então Harvey, como você está se sentindo ultimamente? - Gregory, como sempre simpático, mas de um jeito que me irrita.
- Estou bem. Mas acho o melhor o senhor falar com a minha enfermeira favorita also girlfriend, ela entende melhor do que eu. - Anunciei logo de cara. Donna corou um pouco. Gregory mudou seu contato visual de lado.
- Por favor, tell me. - Gregory deu um sorriso amarelo, se recostando na cadeira.
- Bom, ele tem seguido a receita com os remédios que o senhor recomendou. Na primeira semana, estava indo tudo bem, os efeitos estavam sendo mínimos com relação à disposição física, entretanto a dosagem do remédio se tornou ineficaz com relação a dor.... - Donna começou o monólogo sobre a minha saúde e como tinha sido essas duas semanas.
Depois de escutar o relato da ruiva, Gregory parou pra pensar quais seriam os próximos passos. Me receitou mais uma bateria de exames pra fazer, tirou meu sangue e pediu que continuasse com a mesma dosagem do remédio, pelo menos até que os exames saíssem.
Eu podia ver Donna anotando tudo mentalmente, cada gesto que Gregory fazia, cada palavra que ele pronunciava Donna prestava atenção.
•••
Já estávamos dentro do carro, fazendo o caminho de volta para o apartamento.
- Uma moeda pelos seus pensamentos... - Sussurrei, me aproximando dela. Donna se aconchegou em meus braços.
- Estava apenas pensando que você deveria reconsiderar...
- Donna, eu não quero falar sobre isso. Você prometeu não insistir. - Tentei não parecer irritado, mas aquele assunto já tinha tomado grande parte do dia, não queria que tomasse mais a outra parte que faltava.
- Ok. Eu paro de falar nisso se você fizer algo por mim... - Ela levantou a cabeça do meu peito para em encarar.
- Qualquer coisa, desde que você pare de falar nisso. - Eu sorri.
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The End
RomanceEu vou morrer. Aliás, isso não é novidade para ninguém. Só que a história que eu tenho para contar antes da minha é novidade para mim mesmo.