Capítulo 7
Fomos para casa após um dia difícil, todos nós, ninguém do nosso clã havia morrido hoje.
Era uma vitória, mas estávamos exaustos demais para comemorar qualquer coisa.
Quando nos entramos em casa, meu pai nos abraçou, nos três e disse :
- Vocês foram muito corajosas, correram muito perigo por minha causa.
- Pai ninguém mexe com minha família, e sobrevive. Ninguém! - Disse num tom firme.
- É filha, você fez churrasquinho de bruxa hoje - rimos todos.
- Elas mereceram.
- Não pense nisso agora querida, já passou.
- Ok, mas .....
- O que sue ?
- Aquele objeto o que era... parecia... Hãm .. bem poderoso - Disse por fim.
- Querida, aquilo é um objeto negro, e sim é muito poderoso.
- Me conte mais pai -Disse me sentando do lado dele.
- Basicamente é um dos objetos enfeitiçados, feito por bruxas.
- Nunca ouvi falar deles - Marie falou antes de mim.
- Também não pai - Disse .
- Esses objetos são proibidos por terem magia negra, existem poucos desse objetos por aí.
- Por isso não saibamos deles.
- Exato querida.
- Pai que tipo de objetos negros existem?
- Bolas de cristal que prendem pessoas no local, pulseiras amaldiçoadas que fazem a pessoa que estiver usando ficar louca.
- Nossa! - Disse espantada.
- Bom agora vamos dormir ok?
- Sim, sim .... Ham boa noite então.
- Boa noite Sue, descanse esses dias foram difíceis.
Apenas acenei a cabeça e fui me deitar, estava tão cansada que adormeci sem nem tirar minhas roupas.
Nessa noite não sonhei, apaguei como se estivesse em coma profundo, um silêncio completo até a hora que ouvi os pássaros cantando na minha janela, então sabia que era hora de me levantar.
Abri meus olhos e me virei para ver o sol lá fora.
- Que dia lindo! Hoje vai ser um dia bom -murmurei.
Peguei a primeira roupa que vi, um vestido de setim azul, curto e com tiras, o coloquei e desci para tomar um café.
- Bom dia família - Disse a todos.
- Bom dia filha.
- O dia tá bonito hoje .
- Explendido! - Pai confirmou
- Que tal um piquinique no quintal? - Disse alegre.
- Boa idéia - Marie concordou.
- Ok, vamos fazer uns sanduíches e suco, sorvete de chocolate ...
A cada delícia que minha mãe foi citando, minha barriga fazia sons.
- É meu estômago concorda. - Brinquei.
Preparamos nosso piquinique, fizemos as comidas e o suco.
- Marie pegue um pano para colocarmos no chão e nos sentar .
- Já pego.
E todos nós fomos para fora e sentamos no chão ao ar livre, o vento estava balançando as árvores, as flores mais vivas.
- Que delícia esse sanduíche! - Disse mordendo um pedaço.
- Hummm... está mesmo.
Comemos tudo que tínhamos levado, e depois deitamos no chão ao lado da cesta de piquinique.
O ar começou a ficar pesado, meus pulmões doendo, senti frio e depois calor, e olhei para as árvores e vi um rosto famíliar.
Era Sabrine, mas ela estava morta, sabia que estava alucinando ou estava sonhando acordada.
- Sue mate sua irmã - Sabrine disse.
- Não! - Gritei.
- Não o que Sue? - Disse papai.
Então ninguém tinha visto ela, e decidi não dizer nada.
- Hãm... Só estava pensando alto.
- Certo querida.
Não ia estragar um dos poucos momentos de felicidade da minha família, mas não entendi o porquê dela querem que eu mate Marie.
Bati a mão no meu ombro para tirar um mosquito que estava ali, e então percebi o anel, e me lembrei do que estava escrito no grimório.
(...)
Um nasce, para outro morrer.(...)
O anel faria eu matar alguém, para o ciclo da vida seguir naturalmente.
Tremi só de imaginar, matar minha irmã, ela é do meu sangue.
- Jamais farei isso - Pensei.
E balancei a cabeça tentando me livrar desses pensamentos ruins, mas meus olhos encontraram outro rosto, minha bisavó falecida.
Arregalei os olhos, e os esfreguei para ter certeza do que estava vendo, e ela continuou ali imóvel.
Olhei pra meus pais, mas era claro que só eu podia ver ela.
- Mate Marie! - Disse minha bisavó.
- Saia da minha cabeça! - Gritei me debatendo.
- Filha o que foi? - Minha mãe se levantou e foi até mim.
- Acho.... Quer dizer... Dor de cabeça.. - Menti.
- É só isso tem certeza? Você parecia perturbada.
Realmente estava perturbada, aterrorizada com aquelas ilusãos , mas isso era besteira e resolvi não dizer nada.
- Sim, tenho certeza ... Dias difíceis... Acho ... - Foi só o que disse.
- Ah, tudo bem.
- Vou dar uma volta, para aliviar a cabeça.
- Faça isso querida.
- Irmã, posso ir passear com você? - Marie disse.
Minha mente gritou não, não! Era perigoso ela ficar sozinha comigo agora, não sabia se conseguiria me controlar.
- Preciso ficar um pouco..... Sozinha... Desculpa. - E sorri.
- Entendo, espero que melhore - Marie sorriu desapontada.
- Obrigada.
E sai andando pelo quintal, até as ruas do quartel, muitas pessoas estavam fora de suas casas, aproveitando o dia.
Segui andando e passei em frente a uma bela casa, talvez a mas luxuosa da rua, tinha uma jovem mulher sentada na frente da casa, ela me olhou de cima a baixo e falou timidamente :
- Oi.
- Olá - Disse sorrindo.
- Meu nome é Seline Waters, e o seu ?
- Hãm... O meu é Sue ... Sue deveroux .
- Ah você é a bruxa que queimou o outro clã - Seline disse.
- É ... Pode se dizer que sim... Ponto pra mim .. acho - Rimos juntas.
- Mas você não me parece muito feliz porque?
- Bem, estou tendo alucinações, vejo pessoas.
- O anel.... - Ela disse.
- Você sabe dele?
- Sim, superficialmente na verdade... Quero dizer já ouvi histórias ..
- É tudo verdade - Finalmente falei.
- Você vê pessoas dizendo para matar alguém não é?
- Sim, ele quer q eu mate alguém ...
- O anel te enlouquecera se não matar.
- Sei disso.. mas morreria se matasse alguém que amo...
- Você não tem muita escolha..
Quando Seline terminou de falar, a voz dela mudou era de uma pessoa muito conhecida por mim, porém ela estava morta.
- Karen - Disse.
Estava vendo minha amiga morta no lugar de Seline, e ela sorriu.
- Mate Marie ! - Karen disse.
E então peguei no pescoço dela e comecei a enforcar - Lá.
- Sue pare! Sou eu Seline, tá me machucando.
Parei no mesmo instante, me jogando para trás, olhei pro rosto dela, era Seline novamente.
- Desculpe, eu ... Vi .. outra pessoa...
- Você tá alucinando de novo Sue.
- Que droga! - Joguei o anel no chão.
- Se acalme, estou bem.
- É... Mas se eu não tivesse parado? ...oh me desculpe por isso...
- Tudo bem. - Disse Seline.
- Você podia ter usado sua magia pra me deter porque não usou?
- Bom, é porque sou humana na verdade.
- Como ? Você vive num clã de bruxas.
- Pai humano sabe ...
- Ah já ouvi isso...
- É ...
- Pai humano e mãe bruxa.. - Disse.
- Herdei a humanidade - Ela disse.
- Acho que ser humana não é tão ruim.
- Pode ser.
Seline era humana, e ser amiga de alguém fora dessa loucura me trazia um pouco de normalidade.
- Amigas? - Disse.
- Se você não querer me matar de novo... Tudo bem..
- Não vou.
Ficamos conversando tempo demais quando me dei conta já devia ser de tarde, mas não ia voltar para casa tão perturbada, e decidi ir a floresta da uma volta para esfriar a mente.
E assim fiz, fui andando até onde consegui e me sentei num caule que estava caído no chão.
Começou a chover fracamente, então não me movi apenas deixei os pingos gelados caírem sobre mim.
O vento bateu em um dos arbustos e ouvi um gemido.
- Quem está aí? - Gritei.
Um garoto saiu do meio do arbusto, ele era lindo, seu rosto impecável, seus traços delicados e um sorriso brilhante.
- Sou o Bill. - Disse simplesmente.
Me levantei, pronta para atacar.
- Espere, não vou machucar você, sou da paz. - E levantou a mão.
- O que você quer ? - Gritei.
- Nada, eu só vi você aí... E achei que precisasse de companhia.
- É talvez.
Bill se sentou ao meu lado e me olhou nos olhos.
- É .. nunca ti vi..mas seus olhos são tão familiares...
- Garota esperta - Ele gargalhou.
- Quem é você? - Disse curiosa.
- Pense ... - Disse para mim.
- Não sei.
- Lobo grande... Desse tamanho... - Disse erguendo a mão até meu ombro.
- Você me salvou .. o lobisomem..
- Acertou.
Fiquei espantada, e arregalei os olhos e disse:
- Obrigada pelo Aquele dia.
- A não tem de quê .
- Te devo essa. - Falei.
- É deve .. veja aqui as vezes pra fala comigo.. se quiser ...
- É posso fazer isso.
- Que Bom.
A conversa foi tão leve que nem vi a hora passar, já estava escuro e tinha que ir embora.
- Vou ter que ir agora, já está tarde... Mamãe fica preocupada com...
- Lobisomens na floresta - Ele completou a frase.
- É mais ou menos.. isso.
- Não faremos mal aos humanos e nem as bruxas - E olhou nos meus olhos e pegou minha mão.
- Hãm... Vocês tão matado humanos... Não sei se posso confiar...
- O que? - Disse bravo.
- Os montanhistas.. pessoas mortas ..
- Não fomos nós.
- Vampir... Não terminei a palavra e ele acenou com a cabeça.
- Sanguessugas.. - Disse.
- Bom Preciso voltar, até mais..
E sai em disparada para casa, não teve alucinações dessa vez, não tentei matar ninguém, pelo menos até Chegar em casa.
Peguei a chave dentro da minha bolsa e virei a chave na maçaneta e entrei, meus pais estavam assistindo um programa ruim na tv, e nem se mexeram quando me viram entrando pela porta, fui até eles e falei:
- Oi, cheguei.. Desculpe a demora..
- Tudo bem querida.
Dei um sorriso tímido e fui a cozinha tomar um copo de leite, e Marie estava lá sentada na mesa estudando.
- Sue demorou heim.
- Talvez um pouco.
E fui saindo de perto dela, e me virei e então os vi de novo, dizendo num coro :
- Mate ela - E apontaram para Marie.
Tentei ignorar e dei uns passos para frente, mas de repente tinha perdido o controle do meu corpo e mente.
Corri e peguei uma faca e fui até Marie e ela disse:
- Que brincadeira é essa Sue?
Um sopro de serenidade disse :
- Corra!
As vozes na minha cabeça aumentaram .
- Mate Marie ! - o coro continuou.
- Sue o que está havendo?
Quando ouvi a voz dela, voltei a ser eu novamente e corri pro meu quarto e tranquei a porta, para não sair de lá.
Me sentei na cama e chorei, com pavor do que eu quase fiz hoje.
E alguém bateu na porta :
- Sue? - Era Marie.
- Vou dormir.
- Abre precisamos conversar.
- Não , eu tô bem.
Não ia arrisca fica perto dela de novo.
- Amanhã conversaremos.
- Ok.
Me virei e deitei na minha cama e cobri até minha cabeça, para não ver aqueles rostos.
Fechei meus olhos com força para tentar dormir, mas um leve toque na janela me chamou a atenção, esperei até que parasse, e o barulho recomeçou, alguém estava jogando pedrinhas na minha janela.
Me levantei com preguiça e abri o vidro da janela para ver quem estava me perturbando.
E vi um rosto pálido e perfeito na escuridão, era um vampiro, o líder.
- Aroh ... - Disse.
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Dezesseis luas
VampireUma jovem que se tornou uma bruxa aos quinze anos, a mais poderosa de seu clã, lutou pra manter a paz entre os seres sobrenaturais, e se apaixonou por um improvável parcerio.