Desde minha infância, ansiava pelo dia que minha magia surgisse.
Pelas possibilidades que ter poder me traria, ser forte para ajudar meu povo, e ampliar nosso poder, mas nunca havia imaginado usar esse poder todo para me defender do meu próprio povo, da minha gente... Meu clã.
Isso não era certo, mas se não agisse, morreria da forma mais estúpida possível.
Não deixaria isso acontecer, então me liguei a Claire, e isso me salvou, no momento em que disse pra ela, me jogou no chão e se virou e saiu, batendo na porta.
Mas sabia que ia pagar um preço muito alto por isso.
- Viver hoje, para morrer amanhã, lamentável - Murmurei.
Precisava de um plano B, algo que me ajudasse a fugir daqui, mas iria pedir ajuda a quem afinal? Minha família me entregou e voltar para lá, seria uma idiotice.
Vasculhei minha mente a procura de algum feitiço que pudesse ser útil então me lembrei de um.
- Isso! - Gritei .
Fui até os bonecos que estavam em cima da porta e os virei, para que minha magia voltasse a funcionar.
- Ainda bem que Claire não percebeu que descobri que se virasse os bonecos , Eles não me bloqueariam.
No mesmo momento senti minha magia fluir no meu corpo, estava no auge do meu poder.
Iria tentar um feitiço diferente levar minha mente a outro lugar, mas precisamente no complexo dos vampiros, essa magia é forte e poderosa ela é representacional.
Me sentei no chão e fechei os olhos e conjurei o feitiço de projeção astral.
- Fes matus tribum, nas ex veras estas sue sastance travum visum! Mastenas quisa, nas metam.
No final do feitiço, meu corpo ficou estendido no chão, como se estivesse morto, enquanto minha alma viajava num outro plano, procurando brecha para o mundo real.
Tudo se resumia a neblina, até eu encontrar uma porta vermelha, encostei o ouvido para ver se escutava alguma voz conhecida, e percebi que era a linda e aveludada voz de Aroh.
- É aqui - Disse a mim mesma.
Abri a porta e o vi sentado na sua poltrona verde musgo, e o chamei.
- Aroh?
Ele olhou pra o lado esquerdo e olhou pro direito, e voltou a sua posição inicial.
- Droga! Ele não me ouviu - Murmurei.
Decidi chama-lo novamente:
- Aroh? Sou eu Sue! Preciso de você!
Dessa vez ele olhou diretamente pra mim e falou:
- Sue é você?
- Sim meu amor, me ouça não tenho muito tempo.
Aroh olhou para mim em silêncio, esperando que eu prosseguisse.
- As bruxas me prenderam, venha me resgatar...
- Oh não! Onde você está? - Disse se levantando.
- Na floresta, não sei bem.
- Vou te achar, e te trazer pra mim.
- Eu te amo Aroh - Disse sorrindo.
- Eu também te amo - Disse me dando um papel que estava do lado da poltrona verde.
- Leia quando puder.
Apertei o pequeno papel entre os dedos e disse:
- Vou fazer isso, Agora tenho que ir .. não consigo segurar por muito tempo o feitiço.
- Então vá! Logo te encontro.
Com um vento leve, voltei ao meu corpo adormecido no chão.
Me levantei e virei os bonecos nos seu respectivos lugares.
- Pronto! - Pensei.
Agora era só uma questão de tempo pra que Aroh me achasse, e depois seria livre para viver e ter a felicidade .
Peguei o bilhete que Aroh havia me entregado e comecei a ler.- Sangue do meu coração, a proteção é tua.
Vida da minha vida, tira a tua, tira a minha.
Corpo do meu corpo, essência e mente, alma da minha alma, una nossos espíritos.
Sangue do meu coração,minha salvação e minha perdição.
Terminei de ler, com os olhos cheios de água.
Ele era o mostro das histórias infantis, que as crianças ouvem, mas pra mim ele era o cavaleiro de arma reluzente que me salvaria.
Li e reli esses versos inúmeras vezes.
Sempre o choro vinha.
Existia um laço que nos unia, o laço do amor incondicional.
Fiquei horas deitada no chão me lembrando daquele rosto perfeito e de seus cabelos loiros.
Quando finalmente ouvi a porta se abrir, era Claire e Helga com alguns bruxos novatos.
Pela quantidade de pessoas aqui, podia saber que seria meu fim e que mesmo se Aroh tivesse vindo, não daria tempo dele chegar aqui.
Então resolvi enrolar, para dar a ele o tempo necessário.
- O que é isso tudo? - Perguntei a Helga.
- Não se preocupe.
- Dadas as circunstâncias, não tem como não me preocupar!
- Silêncio Sue! - Disse Claire.
E os Bruxos vieram até mim e me seguraram me prensando no chão, enquanto Claire recitava um feitiço :
- Fes matus, ex solvos, exis Pa unas animotos, Fes matus di conjuctos, sol facto dos males! Fes matus ex solvos exis Pa unas animotos ! Facto dos males!
Assim, que ela deu fim ao feitiço, senti a alma dela se libertando da minha.
- Você reverteu o feitiço de ligação! - Gritei.
Ela só deu um sorriso falso e falou aos bruxos que estavam me segurando.
- Soltem - a .
Todos eles saíram de cima de mim, me deixando livre.
- É agora que você mata?
- Não Sue, você está livre para ir -Disse Claire apontando para porta aberta.
Não imaginei que seria tão fácil.
- Fácil demais - Pensei.
Fui andando com passos rápidos, até passar pela porta , e então Helga me disse :
- Se eu fosse você, ia para casa Sue, tem uma surpresa para você.
Ouvi sem me virar para ela, não queria que vissem a preocupação no meu rosto.
Mas sabia que algo grave tinha acontecido.
Segui para casa, o mais rápido que pude, sem nem olhar pra trás pra ver se estava sendo seguida.
Quando passei pelos arbustos, ele se mexeu e olhei para ele, mas não era nada e então direcionei meu olhar para frente e lá estava ele.
- Aroh ! Disse o abraçando.
- Sue meu amor!
- Elas me deixaram ... Ir.
-Não lutaram com você? - Aroh disse incrédulo.
- Não, me deixaram ir de boa vontade.
- Isso é estranho.
- Sim.. mas disseram que tem uma surpresa para mim, pra eu ir pra casa... Mas ... Ham ... Sei que coisa boa não é..
- Então vamos até lá .
- Sim, Por favor vamos comigo... Estou com medo...
- Estarei com você, para sempre, não tema
- Sem você, não aguentaria.
- Não mesmo, então não ouse me deixar - Disse Aroh sorrindo.
- Nunca - Ele pegou na minha mão e fomos de mãos dadas.
Mas estávamos muito longe da trilha, caminhamos horas é mesmo assim a mata se estendia para mas longe.
- Estou cansada, e não andamos nem a metade - Disse sem fôlego.
- Tenho uma ideia.
- Sou todo ouvido.
- Vamos suba nas minhas costas, vou correr e chegaremos lá em minutos.
- Se tá de brincadeira né? - Gargalhei .
- Não .
Então ele me aninhou nas suas costas, como uma mãe macaca cuidado do seu filhote.
- Ah e fecha os olhos, pode de dar injôs..
- Certo
Fechei os olhos, e senti que estava flutuando sobre a mata silênciosa, sentia o cheiro das flores silvestres em volta, então abri os olhos para espiar e só via o verde borrado, ele corria rápido demais, a floresta passava atrás de nós e finalmente estavamos na trilha.
- Agora pode me por no chão - disse sussurrando no ouvido dele.
Ele me colocou de pé e fomos andando lado a lado.
- Tô com um mal pressentimento.
- Calma Sue - Disse Aroh beijando minha testa.
- Não consigo.
Quando vi minha casa, sai correndo até lá.
A porta estava aberta, e o tapete da entrada estava cheio de sangue.
Corri e entrei na sala e chamei:
- Marie? Mãe? Pai?
Ninguém respondeu, absolutamente ninguém, só o silêncio cortante .
- Sue está tudo bem?- Aroh disse do lado de fora da casa.
- Eu não sei -Gritei.
- Me conte o que está acontecendo! - Gritou.
- Venha aqui! - Disse.
Num instante ele estava do meu lado segurando minha mão.
- O que é isso tudo aqui? - disse Aroh.
Havia sangue espalhado em todo lugar, e sinais de luta.
Móveis quebrados, cortinas rasgadas, vasos e vidros quebrados.
Dei uma olhada naquela destruição toda e num desespero comecei a gritar.
- Mãe? Pai? Marie? E novamente o silêncio.
Fui até os quartos, e ninguém, estava la
Fui até a cozinha e vi mas sangue no chão, tinha uma trilha vermelha, então segui até que os vi .
Minha irmã e meu pai mortos no chão.
- Não ! Não ! Pai não ! Marie ! - Gritei desesperadamente .
Mas seus corpos estavam sem vida, dois cortes no pescoço deles, os havia matado.
Gritei e chorei em cima do corpo deles, e Aroh segurando minha mão me disse :
- Sue sua mãe ... Não ta aqui... Ela pode estar viva...
- Sim, vamos procurar ela.
- Ok - Me levantei deixando os corpos deles no chão.
Procuramos em tudo , nada dela.
- Mãe ! Mãe! - gritei.
- Sue se acalme, ela não está aqui.
- O que aconteceu com ela?
- Tenho um palpite.
- As bruxas - Disse .
- Elas soltaram você muito facilmente.
- Vou matar todas! - Gritei.
- Irei te ajudar.
- Aroh, eu preciso ficar sozinha um pouco, tudo bem?
-Não vou te deixar sozinha!
- Por favor, por mim!
- Ok.
Mas logo voltarei, ele saiu flutuando para fora, ouvi a porta se batendo.
Não o acompanhei, fiquei deitada na pequena pila de corpos da minha família.
- Eu juro que acabarei com quem fez isso com vocês - Jurei.
Sem me dar conta, alguém inesperado respondeu, a Helga estava ali.
- Acho que você não mataria quem fez isso com eles -Disse ela .
- Sua vadia! Veio ver o estrago que vocês fizeram ?
- Não foi nos ! Observe falta alguem aqui?
- Minha mãe ....
- Exato... Ela fez isso!
- Mentirosa! Ela nos amava!
- Sim, mas ela se comroupeu pela magia negra do livro que ela estava lendo, o espirito roubou a corpo dela.
- Mentira! Não!
- Acredite se quiser!
- Cadê minha mãe agora?
- Ela fugiu, não sabemos onde está.
-Oh não! - disse.
- Ela se foi...
- E você veio aqui me contar porque ? Acredito que por amizade que não foi!
- Sim, vim de fazer uma proposta!
- Qual? Você tem cinco segundos.
- Posso traze - Los de volta a vida.
- Como?
- Eles são bruxos, se enterramos eles em solo sagrado, o poder deles vai fluir pra nossa comunidade e ir aos ancestrais, e com um pouco de magia posso trazer de volta.
- Por Favor faz isso!
- Claro minha adorada bruxinha, mais isso terá um preço.
-Qualquer um! Disse
- Você terá que matar Aroh, e me trazer o coração dele, e seu corpo.
- Isso não !
- Ah escolha é sua! Amor ou familia ? Você escolhe.Continua....
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Dezesseis luas
VampiroUma jovem que se tornou uma bruxa aos quinze anos, a mais poderosa de seu clã, lutou pra manter a paz entre os seres sobrenaturais, e se apaixonou por um improvável parcerio.