Não! Não! Mãe levanta! Mamãeee. - e acordei.
Só foi um sonho - disse a mim mesma.
E enfim abri meus olhos, e
fiquei olhando pro teto alguns minutos, estava me sentindo cansada e estranha.
O sol já estava alto lá fora, senti ele batendo no meu rosto, por de trás das cortinas brancas como a neve, me incomodou um pouco então me mexi me virando mais pro canto, onde estava minha pequena cômoda marron, e então vi vários olhares curiosos em cima de mim, todo mundo estava ali, minha família e os principais bruxos do meu clã, não fazia ideia do que se tratava aquilo tudo, tantos olhares, só pra me ver dormir? Isso era impossível.
Me virei gentilmente para encará-los melhor, no mais leve movimento senti uma dor insuportável nas costas, e meus braços estavam cheios de hematomas arroxeados, meus joelhos com certeza eram os piores.
Fiquei espiando meu corpo dolorido para me lembrar o que aconteceu comigo.
A cada segundo que passava o silêncio no meu quarto só aumentava, acho que eles estavam esperando uma explicação, mais não tinha nenhuma.
E logo minha irmã Marie quebrou o silêncio do meu quarto.
- Sue? Ta tudo bem? - me perguntou curiosa.
E todos os olhos dali viraram para mim, esperando uma resposta.Observei o ancião mais velho do nosso clã, ele me olhava com descontentamento, devo ter feito algo errado - pensei.
Minha mente ficou viajando por alguns poucos segundos, tentando me recordar.
Alguém tossiu, não vi quem foi, isso não importava, mas minha atenção voltou pras pessoas que olhavam pra mim.
Marie viu que não havia respondido, me perguntou novamente :
- Sue ? Ta tudo bem ?
Me virei para ela e acenei a cabeça e disse :
- Hã... eu tô bem, eu acho - e olhei meus hematomas no braço.
- O que houve ontem, irmã? - Perguntou num tom autoritário.
Todos esperando uma responda mas eu não tinha ideia do que fiz.
- Bom, só me lembro que jantei e coloquei meu pijama e fui dormir e mais nada.
Ninguém disse nada por um tempo, o silêncio retornou por vários minutos seguidos.
- Porque tô machucada assim ? - revirei os olhos.
Os olhos curiosos olharam entre si, e um segundo se passou e o ancião marcel disse :
- Não sabemos ao certo, você foi encontrada numa casa abandonada muito machucada e te trouxemos para cá.
Fiquei pasma como eu estava lá se não me lembro como cheguei a essa casa ? Isso não é possível.
E logo reiniciei a conversa :
- Como me acharam lá ? Alguém os avisou?
- Te achei com o feitiço de localização Sue. - disse o ancião.
- Ah é claro. - e olhei para o chão.
Era difícil me lembrar que meu clã era de bruxas, já que eu não praticava magia, uma humana com sangue de bruxa.
Imaginava que tinha algum problema comigo porque com quinze anos e meus poderes ainda não se manifestaram, crianças de um ano já aprendiam feitiços e eu não, era deprimente isso, sendo eu filha dos dois bruxos mais poderosos do meu clã, minha linhagem é pura e mesmo assim nada de magia.
Mas estava aflita para saber o que havia acontecido comigo ontem a noite e decide pedir que me falassem.
- Se vocês não sabem o que aconteceu comigo, pelo menos vocês tem alguma ideia do que foi ?
- Sim - Minha mãe respondeu.
- E qual seria? - Falei preocupada.
- Achamos que você foi possuída, por algum dos nossos ancestrais.
- Impossível! Nem poder eu tenho.
- Ainda. Sue você sera a bruxa mas poderosa do nosso clã um dia, e os ancestrais querem poder e poder.
- Ah, sempre ouço isso.
Mas sou quase uma humana inútil. - Disse furiosa.
- Filha a magia é marcada quando um corpo foi possuído, e.. vamos fazer o feitiço para ter certeza, tudo bem?
- Irei, ser cobaia desses feitiços loucos, ótimo. - e bati palma.
Minha mãe revirou os olhos mas não disse nada.
A Dor das costas estava aumentando, quebrei três costelas e ficar deitada de uma posição só não estava ajudando em nada.
E então me levantei e sentei em uma cadeira branca que eu tinha desde criança e fiquei ali mesmo até que começou o ritual todos os bruxos que estavam ali fizeram um circulo em volta de mim e deram as mãos, todos eles e num coro começaram a recitar o feitiço.
- Espiritus ressucitos moved . - repetiam o feitiço várias vezes, e um circulo de fogo se abriu sobre mim, e eu cai no chão. E os bruxos continuaram o feitiço de mãos dadas, era forte demais podia sentir alguma coisa saindo de mim, uma alma sobre a minha talvez.
O ancião, estava tenso e gritou :
- Não quebrem o feitiço, essa coisa esta forte demais.
E todos concordaram, e falaram outras vezes.
- Espiritus ressucitus moved.
E enfim o fogo se apagou em volta de mim, mas continuei no chão.
Ergui a cabeça e perguntei :
- Funcionou ?
- Sim, você foi possuída por um espírito muito poderoso o indu, ele é forte demais e pratica magia negra.
- Mais porque eu?
- Você será a bruxa mais poderosa do mundo, e ele quer se ancorar nesse mundo, e precisa de algo poderoso como a única herdeira da nossa linguagem.
Nunca imaginei ouvir isso, essas coisas para mim eram apenas lendas do meu povo, sempre vivi como uma humana comum, e agora um Espirito do mal quer meu corpo.
- Inacreditável! - murmurei.
- Você vai ficar bem Sue, nos vamos cuidar disso.
- E se eu enlouquecer mãe?
- Você não vai, amanha vamos fazer o feitiço de purificação.
- E se não der certo ? - disse tremendo.
- Vamos tentar outras maneiras filha, agora descanse um pouco.
Fingi ir para cama, mais como poderia descansar sabendo que um demônio me possuiu ou ainda me possui, precisava fazer algo, então me levantei quando todos estavam em seus respectivos quartos e fui andando no escuro para não chamar a atenção de ninguém, o barulho da madeira do chão era intimidador, mais continuei a seguir para biblioteca da minha avó, entrei rapidamente passando pela pequena porta de madeira e fechei a porta fazendo o mínimo de som possível.
Fui diretamente nos grimórios dos meus ancestrais lá continha todos os feitiços, os mais poderosos, os inofensivos, tudo que eu tinha que saber estava ali naquelas prateleiras velhas e cheias de poeira, peguei o primeiro, que estava em ordem alfabética, a capa dele era de um vermelho vivo, da cor do sangue e tinha um desenho na capa era o brasão do nosso clã, um dragão que parecia uma serpente em ouro puro, passei na mão nele e o grimório se abriu, devia ter umas quatro mil páginas, mas ou menos.
As folhas haviam ficado amareladas com o tempo, afinal era um livro muito antigo.
Comecei a folhear as páginas, conforme fui virando e virando páginas, sentia a magia ali, nunca tinha sentido nada assim antes, foi como eu tivesse absorvido todo aquele poder, parece que estava entrando em minhas veias, a força, a magia, o poder, me senti um canhão pronto para explodir e destruir tudo, só com um pensamento.
-Uma guerreira, talvez - Disse entre dentes
Mas essa sensação logo se fui, e voltei a ser a humana tola novamente.
Queria aquilo de volta, então comecei a ler os feitiços, haviam muitos.
Alguns me chamaram a atenção como os feitiços de ligação, de ressuscitação, de troca de corpo, muitos rituais, com toda essa leitura percebi que praticamente a base dos rituais é o sangue.
Ele é o ingrediente principal.
Queria testar um feitiço bem simples que vi no livro, para ver se meu poder havia nascido, mas já estava quase amanhecendo e tinha que dormir um pouco antes que o sol saísse.
Vi um feitiço de crescimento de flores, esse me parecia perfeito para uma primeira vez, não queria causar estragos se tudo tivesse dado errado.
Tipo por fogo na minha casa, ou matar alguém sem querer.
Então um feitiço simples, estava de bom tamanho.
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Dezesseis luas
VampirosUma jovem que se tornou uma bruxa aos quinze anos, a mais poderosa de seu clã, lutou pra manter a paz entre os seres sobrenaturais, e se apaixonou por um improvável parcerio.