A Ameaça Mascarada

7 - Aviso

— Algo sério deve ter acontecido então — conclui William.

— Com certeza — fala James — Vamos fazer o seguinte, depois da escola nos encontramos na saída e vamos para o QG, entendidos!

— Sim — respondem todos.

Agora estavam preocupados, o que poderia ter acontecido? Nesse instante o sinal indicando o fim do intervalo toca e assim totalmente agoniados eles retornam para aula com mil suposições em suas cabeças sobre o que lhes esperavam.

Maicon não foi à escola hoje pois sua prima Vanessa tinha ido visitá-lo. Vanessa é uma garota de pele negra, um pouco mais baixa que ele, tem um cabelo afro maravilhoso e era bem carismática. Já tinha terminado o ensino médio e estava no segundo ano da faculdade. Os dois se davam muito bem e super se entendiam, ela morava do outro lado da cidade e toda vez que vinha, ele deixava tudo para passar o tempo com ela.

Ela além de Maicon era a única da família a ser aberta em relação a sua sexualidade, tinha uma namorada chamada Claudia e sempre a levava para as festas da família, Maicon já tinha a conhecido e a adorou. Foi Vanessa e Carla que o ajudaram a aceitar sua sexualidade e se assumir. Agora os dois estavam no quarto conversando, Maicon falava sobre William para a prima:

— Então, a gente saiu ontem, foi tão legal. Na hora de ir embora eu queria ter dado um beijo nele mas fiquei com vergonha então foi na bochecha. Ele ainda é BV, e se ele assustar e não gostar? Eu quero que seja algo especial.

Vanessa ouvindo tudo aquilo resolve dar um conselho para o primo:

— Olha, vai com calma, um beijo tem que rolar naturalmente, fica de boa que uma hora vem.

— É realmente — concorda o garoto — Bom, eu e ele vamos sair de novo, vamos ver se dessa vez vai, mas se não for, de boa. Antes algo espontâneo e legal do que apressado e ruim.

— Ai ai, você falando assim até me lembra eu e a Claudia quando ficamos pela primeira vez.

— Em falar na Claudia, como ela está?

— Tá bem, foi viajar com a família, volta só mês que vem.

— Eu tenho que agradecê-la, graças a ela que eu consegui ser aprovado de série ano passado.

— Falando de série, vamos falar das suas notas.

— Ah não, lá vem. Qualquer coisa eu apareço lá na recuperação.

 — Para de graça bobo. Sua mãe me contou como elas andaram caindo e ameaçou te tirar do karatê se isso continuar.

— Não sei o que eu faço, Vanessa, não tem ninguém pra me ajudar.

— Fala pra Carla, ela não é do 3º ano?

— Sim, mas ela mesmo falou que não é boa em ensinar, só aprende o básico pra vim na média.

— Vamos fazer o seguinte, eu também não sou boa em números e contas. Esse negócio de matemática, física e química não é comigo, mas quando eu estudava também tentava aprender o básico pra vim na média. Posso tentar te ajudar.

— Obrigado, muito obrigado, você me ajudando já tá ótimo, preciso vim com azul, socorro.

— Calma primo, calma. Vem cá vem, tava morrendo de saudade de você — e dá um abraço caloroso no garoto.

De volta à escola, as aulas pareciam uma eternidade para passar e depois de tanta espera finalmente dá o horário da saída. Os cinco então iam em direção ao QG, estavam com um pressentimento ruim. No caminho não conversaram quase nada, parece que uma coisa tinham em comum, quando estavam nervosos não gostavam de falar. Pularam no lago e foram até a caverna, na hora que chegaram na entrada tiveram uma surpresa.

— Tá arrombada, a porta tá arrombada! — exclama William.

— Alguém fez isso para entrar, mas como? Só entra nós cinco aqui — diz Denyse.

— Bom, o certo é só nós entrarmos aqui mesmo! — ressalta James.

Assim seguem pelo caminho da entrada, foram andando, o coração quase saindo pela boca com medo de encontrarem alguém lá mas não, não encontraram ninguém. Ao invés disso tiveram uma surpresa, uma surpresa nada agradável.

Chegaram na sala principal e encontraram tudo revirado, alguém tinha entrado lá, quebrado, bagunçado e destruído tudo. O sofá, as mesas com telas sensíveis ao toque, o chão, tudo danificado. Eles ficaram abismados quando viram aquilo, não tinham palavras para expressar a reação que estavam, ninguém esperava por aquilo. Até que Carla percebeu uma pichação na parede do outro lado da caverna, se aproximou para ler e se segurou para não dar um grito de desespero quando viu o que estava escrito:

DESSA VEZ FOI A CAVERNA, VOCÊS SERÃO OS PRÓXIMOS. FIQUEM ESPERTOS, ESTOU OBSERVANDO-OS

— Quem pode ter feito isso? — James tentava pensar em alguém em potencial.

— Alguém que odeia muito a gente — diz William.

Depois de terem visto a mensagem, eles se juntaram num canto e começaram a pensar. Quem foi o responsável por aquilo? Só lhes passavam uma pessoa pela cabeça:

— O Hate, foi ele — diz Jhonatan com toda certeza.

— Não — solta Carla, a garota estava concentrada, encarando a mensagem na parede — Não foi. Ele não ia perder tempo destruindo coisas e deixando mensagens, iria direto atrás de nós pra pegar as pedras. Acho que quem fez isso é alguém que tem algo pessoal contra nós.

— Como você tem tanta certeza disso? — indaga Jhonatan.

— Não tenho, mas posso garantir que foi um aviso, e quem quer que seja vai voltar pra vir atrás da gente.

Os cinco decidiram arrumar o local, disseram que tentariam falar com Harry para ver se ele tinha visto algo. Carla pediu para que James e Jhonatan fossem verificar se não havia algum vestígio de algo estranho lá fora perto do lago.

— Não achei nada e você? — pergunta Jhonatan.

— Também não — responde James — Sabe, muito estranho essa situação, quem faria isso com a gente?

— Ainda acho que foi o Hate. Não esquece que ele tá vivo e vai voltar mais cedo ou mais tarde.

— Não sei viu, acho que a Carla tem razão, mas não consigo imaginar quem além dele que nos odeia tanto assim.

De repente Jhonatan se senta no chão e apoia mão no rosto:

— Ai, não sei nada, é muita coisa pra se preocupar. Provas, meu pai me enchendo, tomar coragem pra falar com a Denyse.

— Quando exatamente você pretende fazer isso? 

— O mais rápido possível, não posso continuar com essa mentira. Já tomei minha decisão e vou terminar o namoro.

Nesse exato momento os dois garotos ouvem passos se aproximando, quando viram para o lado, tiveram uma grande surpresa.

— Como assim, você vai terminar comigo? — era Denyse não acreditando no que tinha acabado de ouvir.