Capítulo 4: Subindo o Nilo

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Capítulo 4

Subindo o Nilo.

O resto da estada de Indy e Luzia no Cairo transcorreu sem demais incidentes. Aos poucos os preparativos para a viagem pelo Nilo foram sendo concluídos, inclusive o barco que utilizariam. Na manhã na qual deveriam partir, Sallah levou os dois aventureiros até o ancoradouro onde se encontrava a embarcação, pertencente ao seu sogro. Os três caminharam pelo tablado, alguns pescadores lançando redes ao longe, até que o egípcio parou diante dela, exclamando num sorriso:

–       Aqui está!

O transporte era simples, porém suficiente: uma pequena barca a motor com um toldo para proteger do sol intenso e uma grande vela branca, quase no formato de um triângulo, para ajustar a direção. Em seu interior já haviam sido colocados todos os suprimentos necessários para a jornada, desde equipamentos e instrumentos, passando por comida, até um par de travesseiros e mantas para que dormissem à noite. Tudo estava pronto.

–       Perfeito! – falou Jones, satisfeito. – Acho que já podemos partir!

–       A primeira troca de barco que farão será em Assuã, na primeira catarata! – lembrou o árabe. – Até lá, tentem evitar quaisquer perigos. Ouvi falar que alguns piratas andam agindo no rio, saqueando embarcações e viajantes, tomem cuidado!

–       Pode deixar, e obrigado por tudo, Sallah!

Os dois se despediram num abraço, o arqueólogo desta vez ficando atento à pressão exercida pelo amigo, e logo depois se dirigiu com a portuguesa até a barca. Seguindo à frente, ele logo parou, saiu do caminho de Luzia e, retirando o chapéu num gesto cortês, disse-lhe de modo gentil:

–       As damas primeiro!

Ela sorriu em réplica, entrando com cautela na embarcação e se acomodando sentada sob o toldo. Indy fez o mesmo e depois de ajustar a vela avançou, andando abaixado, até o motor, ligando-o, as pás girantes começando a funcionar. Pouco depois o barco se distanciava pelo azul do Nilo, Sallah acenando empolgado para a dupla, ao mesmo tempo preocupado em relação ao que poderia aguardá-los...

O rio Nilo. Curso do qual nascera e dependera uma das maiores civilizações da História. Enquanto rumavam para o sul, a embarcação singrando as águas que eram de suma importância para o desértico Egito, Indiana e Luzia admiravam a fascinante paisagem das margens. Entre frondosas palmeiras e arbustos frutíferos viam várias das plantas chamadas “papiro”, das quais eram feitas o primitivo papel em que os escribas faraônicos outrora realizavam seus registros. Em pequenas regiões pantanosas encontravam aves como gansos e garças em vastos grupos, seu vôo compondo fantástico espetáculo natural. Isso sem mencionar os famosos crocodilos, alguns causando espanto devido ao grande tamanho, tomando sol sobre os bancos de areia à espera de nova refeição.

–       O Egito é uma dádiva do Nilo! – o professor citou a conhecida frase repetida desde tempos remotos. – Há séculos se acreditava que este era um dos rios terrenos que nasciam no Paraíso.

–       É simplesmente maravilhoso! – Luzia estava deslumbrada pelo cenário.

Conforme navegavam, freqüentemente cruzavam com outros barcos transitando pelas águas, alguns rumando na mesma direção que o deles e outros no sentido oposto. Também variavam em dimensões: enquanto havia os de pequeno porte, tripulados geralmente por pescadores ou comerciantes, também avistavam balsas e pequenos navios lotados de passageiros. Já era quase meio-dia e tinham percorrido uma boa distância, Indy calculando que não levariam muitos dias para atingirem seu destino.

Quilômetros atrás, um barco três vezes maior que o fornecido por Sallah, repleto de homens trajando uniformes do exército fascista italiano, além de possuir uma potente metralhadora britânica Vickers instalada num suporte na proa, cobria a mesma rota de seu predecessor. No centro do convés, o imponente coronel Fulco distribuía ordens. Sua presença inspirava máxima competência por parte dos soldados.

Indiana Jones e as Relíquias de D. SebastiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora