Capítulo 10
Recepção no povoado.
Logo o jipe ocupado por Indy, Luzia e Maputo ganhou a planície, dirigindo-se até a povoação à margem do rio. Conforme se aproximavam, viam, além das tendas nativas, uma grande nuvem de poeira ser erguida ali perto, e conforme esta se dissipava, tornava-se visível uma série de caminhões e jipes militares que, compondo extenso comboio, se afastavam dali em alta velocidade seguindo o curso d’água.
– Vejo que não somos os primeiros a chegar aqui... – concluiu a portuguesa.
– Mais fascistas... – Jones tinha um tom de nojo em sua voz. – Aposto que eles também estão atrás das relíquias... Mas agora tivemos sorte: vejam, acabaram de ir embora!
Os veículos inimigos foram sumindo de vista, gerando uma certa sensação de desconfiança no trio, principalmente em Luzia. Mesmo assim prosseguiram até o povoado, estacionando a uma distância cautelosa. Alguns guerreiros da tribo vieram imediatamente abordar os novos forasteiros, armas em punho como quando da chegada das tropas de Fulco. Cinco dos nativos cercaram-nos e começaram a falar todos ao mesmo tempo em sua língua natural. O arqueólogo e a moça ficaram extremamente confusos, olhando angustiados para as faces dos negros enquanto desejavam compreender ao menos uma das frases que pronunciavam de modo intimidador.
– Será que nenhum deles fala inglês, ou italiano? – perguntou Indy, aflito, com a ponta de uma azagaia encostada em seu pescoço.
– Eu falo esse dialeto, posso me comunicar com eles! – revelou Maputo, dando esperanças aos companheiros.
O guia etíope ergueu um dos braços e disse algo que fez os guerreiros se afastarem ligeiramente. Um deles rebateu com uma indagação um tanto agressiva, todavia o colega de Indiana respondeu calmamente, falando de modo pausado. Os membros da tribo pareceram se tranqüilizar, seus músculos e respirações relaxando, seus braços abaixando as armas. Fizeram por fim um gesto para que os recém-chegados os seguissem, e assim estes deixaram o jipe, caminhando povoação adentro.
– O que você disse a eles? – inquiriu Jones, intrigado.
– Após um pequeno mal-entendido inicial, informei que desejamos apenas conversar com o líder deles! – esclareceu Maputo.
– Acho que vamos contratá-lo permanentemente como nosso “relações públicas”...
Passaram pelas tendas, inclusive por aquela que ostentava o rico tributo oferecido por Fulco ao chefe. Fitando o ouro e os diamantes, Indy temeu que a população local já houvesse revelado aos italianos a provável localização dos despojos de D. Sebastião, e perguntou-se se todo o esforço para chegar até ali fora em vão. Para piorar, ele sentia a temperatura de seu corpo subir a cada segundo, a febre voltando ao seu ápice junto com a fraqueza e o mal-estar anteriores. Amaldiçoou aquela doença, ao mesmo tempo esforçando-se para que nem Luzia ou Maputo notassem sua piora.
Observado pelos demais nativos, o grupo de viajantes foi escoltado para dentro da tenda principal. Eles depararam-se com a cortina vermelha atrás da qual via-se a silhueta do governante, um ar de reverência dominando todo o interior. Maputo prostrou-se numa respeitosa saudação ao líder da tribo, sendo acompanhado por Jones e Pessoa em tal gesto. Levantando-se, ouviram o anfitrião resmungar algo em sua língua. Coube ao guia a devida tradução:
– Ele quer saber o que nos trouxe até aqui!
– Diga a ele que procuramos as relíquias sagradas de um lendário rei branco, as quais acreditamos se encontrarem nestas terras – pediu Indy em voz baixa.
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Indiana Jones e as Relíquias de D. Sebastião
Fiksi Penggemar1938. Na pista da Cruz de Coronado, artefato que busca desde a adolescência, Indiana parte rumo a Portugal. Porém acaba conhecendo uma interessante jovem chamada Luzia, e junto com ela embarca numa jornada ainda maior: a procura dos restos mortais d...