Capítulo 7: Etiópia, finalmente!

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Capítulo 7

Etiópia, finalmente!

ASSUÃ >>>>> ETIÓPIA

A Etiópia, Abissínia.

Durante séculos, o único território da África a não ser submetido como colônia pelas nações européias. Fora assediado apenas pela Itália, primeiramente no final do século XIX, sem sucesso, e depois em 1936, quando os exércitos de Mussolini conseguiram finalmente ocupar o país, na ambição fascista de se tornar uma potência colonial. Os nativos, favorecidos pelo terreno acidentado etíope, tentaram resistir a todo custo aos invasores, mas a capital Addis Ababa logo foi tomada e o Negus, imperador que segundo a tradição era descendente do lendário rei bíblico Salomão e da rainha de Sabá, foi obrigado a se exilar na Grã-Bretanha. Apelou então para a Liga das Nações, fundada após a Primeira Guerra Mundial, para que tomasse uma atitude quanto à agressão italiana, e o fracasso de seus membros em interferir efetivamente na questão deixou clara a ineficácia da organização em cumprir seu objetivo de “manter a paz no mundo”.

A verdade era que o planeta todo caminhava para um novo conflito de proporções inimagináveis, maior até que a Grande Guerra ocorrida no início do século. E nenhuma potência poderia apagar esse pavio antes que a carga a ele atrelada explodisse.

Indy e Luzia penetravam nessa nação cujo bravo povo, agora domado, lutara centenas de anos antes ao lado dos portugueses. Dirigiam-se através do Nilo Azul, pelos vales e desfiladeiros, em busca dos restos milagrosos de um rei perdido!

–       Bem, finalmente chegamos! – exclamou a jovem, sentada junto com Jones no barco. – E agora?

–       Temos de conseguir um guia local, e tomar cuidado com as tropas fascistas! – respondeu ele, olhos mirando o horizonte.

Ainda tinham muito que explorar... E haveria muita aventura pela frente.

Quilômetros atrás no rio, o coronel Fulco, sentado junto a uma mesa no convés de sua embarcação, guardanapo preso ao pescoço, saboreava um delicioso prato de panquecas doces cobertas com geléia de frutas silvestres. O militar estava relativamente tranqüilo, pois já enviara alguns comunicados às tropas de ocupação para garantir que Jones não fosse detido até que encontrasse a localização exata dos restos de D. Sebastião, e que os passos do doutor nessa busca fossem observados e reportados a si diariamente. Agora era esperar que os comandantes locais fizessem valer tais instruções...

Assim, quando concluísse a importante descoberta, o professor já estaria dentro da boca do leão.

Mas, enquanto o norte-americano fazia seu trabalho, Fulco não ficaria parado. Segundo os manuscritos marroquinos, as relíquias estariam na posse do lendário Preste João e seus súditos. Ora, os portugueses haviam identificado o rei dos abexins, séculos antes, como sendo o mesmo Preste João dos relatos fantasiosos que chegavam à Europa. Talvez o corpo do monarca lusitano ainda estivesse em poder dos descendentes desses nativos ou de algum outro povo etíope com o qual tivessem contato. Havia lendas e rumores que chegavam aos ouvidos dos invasores falando de tribos perdidas ao sul, intocadas pelo progresso vindo de fora, que ainda viviam em estado de profundo misticismo, na sombra de seus mais remotos ancestrais...

Sim, o coronel já efetuara uma busca antes, não encontrando nada, porém ainda acreditava que a chave daquele mistério, ou pelo menos uma pista relativa a ele, estava relacionada com as notícias sobre aquelas tribos perdidas. Por isso desembarcaria com seus homens no próximo porto e montaria imediatamente uma comitiva para rumar até o sul do país.

Fosse através de Jones ou de si mesmo, o paradeiro de D. Sebastião em breve seria mais uma conquista do bravo povo italiano.

Depois de navegarem mais algumas horas, Indy e Luzia avistaram um pequeno vilarejo numa das margens do rio. A capital da Etiópia, Addis Ababa, não estava muitos quilômetros além, mas devido à presença das tropas fascistas seria arriscado demais transitar por grandes cidades. O melhor era parar ali mesmo.

Indiana Jones e as Relíquias de D. SebastiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora