Entre família

Capítulo 5

Théo está inquieto, andando de um lado para o outro. É noite de sábado.

Noite especial, há muito tempo não passa esse dia sem um compromisso

Só então se dá conta das vezes em que a aguardou ansiosamente para dar um trato no visual antes de um compromisso.

Mais um suspiro e dona Vera não aguenta e explode com o filho:

—Qual é o problema Théo? Você está como um bicho enjaulado!

Ele passa as mãos nos cabelos espessos, mas muito bem cortados por sua amada. Tudo o faz lembrar-se de Carina.

—Nada não mãe.

Continua a andar e olhar no relógio, imaginando ainda quantas pessoas resta para serem atendidas.

Mas a paciência é uma virtude que ele almeja alcançar, por tanto, resolve sentar-se com a mãe na poltrona antiquada.

O programa da TV não é atrativo, mas ele se esforça para assistir.

Vera conhece bem o filho que tem e observa em silêncio sua impaciência.

Cristhina entra na sala produzida para a balada. Os dois anos a mais que tem sobre Théo a faz se achar no direito de mandar na vida do irmão.

E se surpreende ao vê-lo em casa em pleno sábado à noite.

—Irmãozinho! O que faz por aqui Não me diga que já acabou o estoque de mulheres na vizinhança?

Ela ri da própria piada. E Théo lança lhe um olhar sinistro.

A mãe intervém, já prevendo uma discussão:

—Deixe seu irmão em paz Cristhina.

—Mãe! Isso é fato inédito! Você sabe que seu filho é um garanhão, ele pega todas...

Théo se irrita, não gosta dessas piadinhas a seu respeito.

—Não enche Cristhina! Vai cuidar da sua vida que, aliás, já está bem complicada!

Agora é Cristhina que perde a graça.

—Seu chato! Só estou brincando.

Vera se interessa pela conversa:

—O que você quer dizer com isso Théo?

Vira-se para a filha, que enrubesce e agora olha feio para o irmão, ele por sua vez resolve não esperar mais.

Sai da sala sem olhar para as duas mulheres. Elas que se virem ele também tem seus problemas para resolver.

***

Carina passou o dia como se estivesse em transe. Sônia reparou, é claro, e não sossegou enquanto não teve uma explicação.

No meio da tarde tiveram tempo de tomar um rápido café e ela foi o mais breve possível:

—Eu ando confusa com umas coisas que estão acontecendo na minha vida, assim que eu conseguir me situar eu te conto.

—Ah não! Eu quero saber! Quer me matar de curiosidade? Pode ir desembuchando...

Sem alternativa Carina sussurra:

—Eu e o Théo nos beijamos ontem!

O café cai na bancada da pequena cozinha, enquanto Sônia faz cara de idiota.

—O quê? Como assim? Que tipo de beijo?

—Ora, Beijo ué!

­­—De língua e tudo?