Depois de mais uns três anos os boatos da bruxa na vila continuava. Aquelas pessoas daquela vila não tinham mais vida própria depois da tal bruxa: era o dia inteiro cuidando da vida de tal bruxa.
—Essa mulher, Helga, é uma feiticeira, mal colocada no mundo; e a filha dela não tem culpa de ter uma mãe bruxa!
A culpa é da mãe dela por ter feito uma menina tão linda e perfeita para ser filha de bruxa. — alguém sentado a mesa de reuniões protesta no meio de uma conversa numa cabana de madeira.—Não a julguemos, não é culpa dela estar no mundo tão injusto. - um clero que estava no meio daquela reunião respondeu.
—Não acham que era melhor ter deixado ela fazer aquele tal aborto? Que o Corbus disse? Se não fosse por isso, qualquer coisa que desse complicação no parto ela e o bebê morreria e não teríamos esse problema hoje. Fácil — ele varreu o olhar na sala, todos com os olhares diretos para ele — não é?
—Quem deixou esse homem participar? — Vergam disse com cara de desprezo, de nojo e um pouco de deboche. — Tirem-no daqui. Aqui discutimos o presente! Coisas do passado não convém com o que discutimos …— brabo ele.
O homem magricela e baixo foi retirado daquela casa no meio do campo com um pontapé na bunda. Se não o conheciam o que estava fazendo alí?
—Vou levar todos… dirão isso quando começarem a reclamar do calor. — ele resmungou palavras sem nexo, nem base. Seria um louco excluído e revoltado?
Voltando a sala vemos todos com copos de cerveja a mão e comemorando a decisão.
—Ela é uma bruxa. Está decidido, a queimemos na fogueira municipal para mostrar a todos a traição cometida por essa feiticeira. — o líder daquela reunião se decidiu junto a todos que concordaram com cochichos num resultado unânime. Era um homem de cabelos loiros cortados, raspados, pele clara, estilo europeu, alto, forte e de sobrancelhas grossas.
E se tornou uma festa! Com todos bebendo: sem exceção do clero, que bebia no sigilo dos amigos… só no sigilo.
Na mesma noite em que foi decidido, ou quase, uma multidão de aldeões seguiram rumo ao casebre no penhasco (era onde confirmava os boatos maldosos do povo sem noção). Todos com tochas, enxadas, foices e muito ódio nos olhos. Mas pra quê todo aquele ódio? Afinal coisas estranhas aos olhos do homem é motivo para ódio. Aquela multidão se formou muito rápido e ligeira: quando se trata de ódio todos são rápidos.
—Bruxa, maldita! — alguém no meio daquele formigueiro de homens, mulheres e crianças iniciava a marcha.
—Feiticeira! Traidora! — como um líder exemplar ele atiça mais ódio no meio daquela marcha de perseguição.
No casebre, Helga rapidamente pegou sua filha pelo braço e a trancou no quarto, no único quarto que havia.
—Filha, por favor, fique ai! Mamãe já volta, tudo bem? — a garota fez que sim — Ótimo! — ela voltou a porta do cômodo e virou para ela — Seja paciente, um dia mamãe volta. Tenha fé e certeza, o medo te atrasa e cega. — Helga implorava para filha ficar quieta ao quarto. Aquelas palavras ditas por ela comoviam Alessa, que dava esperanças e dúvidas sobre o que iria acontecer à seguinte. — Feliz aniversário, filha. Mamãe te ama!
A menina, agora no aniversário dela, se encolheu ao lado da cama debaixo da janela, onde dava vista direto para o penhasco.
A mulher receiosa colocou um móvel, impedindo que alguém abrisse a porta por dentro. Não queria sua filha envolvida nisso.
A mulher seguiu em direção à porta, abriu e saiu para fora. Olhou no horizonte e viu tochas se levantarem do chão, fogo queimando em vão e jogando sua fumaça para cima. Cada vez mais perto. Os aldeões gritavam ainda mais alto as palavras "Bruxa" e "Traidora". No meio da marcha o líder grita:
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Filha Da Vingança
Fantasy"A vida, as vezes, é para sempre..." -Rian Kéven- "Se você está lendo isso, significa que eu já morri. E infelizmente minha filha está entre os humanos. Escrevo essas páginas para registrar esse dia, o dia em que eles me diss...