Capítulo 19

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Capítulo 19

SÁBADO - 27 de Janeiro

Eu to sentando no saguão de embarque do aeroporto de Guaralhos aguardando o chamado. Eu me atrasei e quase perdi o voo, então não consegui enviar uma mensagem pra ela. Agora, tô olhado pro telefone pensando o que enviar, aliás, tô pensando nessa mensagem desde que acordei e até agora nada.

Já fui comer, já tirei algumas fotos com fãs, já tomei dois cafés e nenhuma inspiração.

- Atenção senhores passageiros do Voo JJ8162 com destino a Joanesburgo, África do Sul. Seu embarque está autorizado no portão 7. - A voz avisa que meu tempo acabou, ou é agora ou parto sem mensagem.

- Merda! - Resmungo alto e o senhor ao me olha e sorri.

- Mensagem pra namorada? - Ele pergunta piscando os olhos azuis e abrindo mais o sorriso.

- Mais ou menos! - Respondo sem graça.

- Sinceridade, seja sincero e seja objetivo. É sempre a melhor forma. - Ele aponta pro meu celular como quem diz, escreva.

Eu respiro fundo e digito algumas palavras sob o olhar atento dele.

- Bom, muito bom. - Mais um sorriso e mais uma piscada. - Ela via gostar, tenho certeza.

- Obrigado, de coração. - Estendo a mão em agradecimento e me levanto caminhando pra fila já formada em frente ao portão de embarque.

Confiro mais uma vez a mensagem e envio.

"Mesmo que tu não responda, não esqueça, eu volto."

A resposta vem tão rápido que eu poderia jurar que ela tava sentada com o celular na mão só aguardando. Abro um sorriso feliz.

"Eu não esqueci ;)"

É o que realmente importa agora, ela não esquecer. Encerro a conversa com Emojis.

"😉 "

Guardo o telefone no bolso e sigo em frente até chegar minha vez de embarcar.

A atendente me reconhece, sorri abertamente e pergunta curiosa:

- Mas já tá voltando? - Segura meus documentos e tíquete de embarque aguardando a resposta.

- Já. - Respondo sorrindo, pego meu documento e o tíquete e me encaminho ao avião.

Não sei se a minha resposta foi satisfatória, mas era tudo que ela ia ouvir de mim. Entro no avião e encontro meu assento, paguei um pouco mais pela poltrona com maior espaço e isso me deixa na primeira fileira. Guardo a mochila no compartimento próprio e me ajeito. São cerca de nove horas e meia de viagem, eu pouco dormi de ontem pra hoje pensando nos últimos acontecimentos, um bom cochilo agora cairia muito bem, retiro o celular do bolso, envio uma mensagem para Chuma e Manu confirmando meu retorno e peço que avisem ao Malik, coloco no modo avião e ligo a minha playlist de viagem.

Penso nela, no meu filho, na minha família. Como resolver essa equação. Se fosse uma cirurgia em acharia a forma, mas quando é sobre os meus sentimentos, quando tem ela envolvida, e, principalmente agora que sei que está grávida, tudo fica bem mais complicado.

Claro que, no dia do reencontro, assim que me acalmei, após sair da casa dela, a primeira coisa que pensei foi em ficarmos juntos, era a melhor solução, a mais responsável, a coisa certa a se fazer. Conversei por horas com o Tomtom sobre isso, ele me ouvia atento e pouco falava, uma pergunta ou outra, sem emitir nenhuma opinião. No final da conversa, eu já tinha desistido de ouvir algum posicionamento, dica, ideia, opinião, vinda dele. Agradeci a parceria por ter me ouvido por horas a fio e me levantei na intenção de ir dormir, aí, só aí, ele resolveu falar. Direto e objetivo.

Enquanto não volto pra vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora