você finge pra quem?

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Uma vez, recebi a seguinte mensagem de uma mulher:
“Você não existe. Pare de querer me convencer que existe homem
com sensibilidade, que pode amar ou querer bem. Que tal intercalar
com poemas e textos retirados daqueles papos com os amigos, em que
a bunda da fulana é bonita? Talvez não te dê tantas curtidas femininas,
mas será mais honesto. E eu não sou uma desiludida; não
completamente. Só realista, convenhamos”.
Como escritor, eu poderia escrever para convencer você.
Mas eu não sou escritor.
Eu sou apenas um cara que vai contar uma pequena história,
sem frases bonitas, apenas sinceras.
Bem, eu tinha 13 anos e ainda era muito inseguro.
Na escola, muitos me chamavam de feio,
tímido e quatro-olhos.
Eu voltava para casa, deitava no colo da minha mãe
e perguntava:
“Mãe, será que algum dia
alguma garota vai se apaixonar por mim?”.
“Confiança, meu filho!”, ela respondia sorrindo.
É um bom conselho, mas não muito prático
para um menino de 13 anos, com o coração partido.
Até que um dia, uma garota que sorria
se inclinou e me beijou.
Ela mostrou que era possível me amar como eu era,
cheio de defeitos, mas com um coração inteiro.
E, ao longo dos anos, continuei sendo eu mesmo.
Eu gosto de Coca-Cola gelada,
de fazer cosquinha e de ficar em casa.
Algumas mulheres acham isso sem graça.
Outras gostam do cara bonito, que faz merda, acorda e diz:
“Sinto muito”.
E que no outro dia enche a cara, desmaia e faz tudo de novo.
Eu escrevo sobre o amor.
Mas algumas pessoas não dão muito valor.
Recebo mensagens que dizem:
“Isso é coisa de viado”.
Esse mesmo “homem”, que acha tudo isso “coisa de viado”,
é o mesmo que desvaloriza e trata a mulher como objeto.
Como se uma mulher só existisse para satisfazê-lo.
Mas eu não gosto de homem.
Quem escolhe esse tipo de cara não sou eu.
É você.
Meu pai sempre disse:
“Meu filho, a vida está nas mãos de quem sabe escolher”.
Eu tinha amigos que sentavam no bar e enchiam a cara.
Só falavam de carro, dinheiro, futebol e mulher pelada.
São os mesmos que nunca me ligaram para perguntar:
“E seu pai, como está?”.
Eles continuam no meu WhatsApp,
enviando vídeos de mulher pelada.
Mas na minha vida perderam o lugar.
Hoje eu tenho amigos que sentam no bar
e pedem uma Coca-Cola gelada.
Só falam de videogame, seriados e da vida de casado.
Quando meu pai ficou doente, eles não me ligaram.
Eles vieram até a minha casa, abraçaram a minha mãe,
seguraram a mão do meu pai,
e, de coração, fizeram uma oração.
Essa é a minha pequena história.
Na forma mais pura e sincera.
Esse sou eu.
Feio, tímido e quatro-olhos.
Amigo, você pode me chamar de louco.
Eu sei, tudo bem.
Nesse mundo, meu velho,
quem fala com a razão
acha maluco quem escuta o coração.
Posso aceitar isso. E você?
Se eu pudesse te dar um único conselho seria:
Seja sincero.
Não vale a pena fingir.
Um dia, toda mentira chega ao fim.
Como escritor, eu poderia terminar assim.
Mas não sou escritor.
Eu sou apenas um cara que escreveu na parede do quarto:
“Quando o querer é sincero, o amor se torna completo”.

faça amor n faça jogoOnde histórias criam vida. Descubra agora