Uma mulher perguntou no blog:
“Ique, por que os homens começam cavalheiros e, depois que levam
você para a cama, viram uns babacas? E eu ainda choro e não sei
explicar”.
Meu pai sempre foi um cavalheiro.
E ser cavalheiro, você sabe,
é mais que apenas abrir a porta do carro.
Isso é fácil. Qualquer babaca pode fazer.
Você, mulher, sabe como tem babaca neste mundo, não é?
Mas essa história de babaca você está cansada de escutar.
Eu conheço a história é de um cavalheiro de verdade.
É o homem que me ensinou a admirar as estrelas e o amor.
Meu pai acordava às 6h30 da manhã, ia até a cozinha
e montava a mesa de café da manhã para a minha mãe.
Fazia suco, cortava frutas, arrumava o pão e o queijo.
Minha mãe começava o dia, via tudo aquilo e sorria.
Meu pai fazia tudo isso todos os dias.
Na segunda-feira, ele deixava um cartão escrito:
“Para iniciar bem a semana, sorria, querida”.
Na sexta-feira:
“Para iniciar bem o fim de semana, sorria, querida”.
Meu pai, todo domingo, em vez de ver Fórmula 1,
deitava no sofá e ficava olhando minha mãe cuidar do jardim.
Meu pai sempre abraçou a minha mãe
como se fosse o primeiro encontro.
Era aquele abraço apertado,
que coloca dois corações no mesmo status.
Meu pai deixava minha mãe entrar primeiro no elevador,
em casa, ou em qualquer outro lugar.
Um dia, perguntei:
“Pai, por que você deixa a mamãe ir na frente?”.
Ele respondeu:
“Porque sempre que ela olha para trás e diz:
‘Oh, meu bem, vem’, eu me apaixono mais uma vez”.
Meu pai sempre sussurrou,
em um mundo que homem só grita, humilha e trai.
Sempre comprou flores para a mulher
que lhe deu os dias mais doces.
Meu pai brigava com minha mãe, é claro.
Mas ele nunca bateu a porta, nunca gritou ou dormiu brigado.
Ele sempre disse:
“No amor, não existe cada um pro seu lado”.
Por 45 anos, meu pai fez tudo isso para a minha mãe.
Hoje, infelizmente, ele está doente.
Não anda e não fala.
Mas ele não desiste.
Porque um cavalheiro de verdade, quando ama alguém,
vai além para fazer o bem.
A cada minuto que passa, ele quer fazer mais.
No dia 2 de junho de 2014,
meus pais completaram 46 anos de casados.
Já era noite quando voltei para casa.
Abri a porta do quarto do meu pai,
vi o chão cheio de rosas e o quarto iluminado por velas.
E a minha mãe deitada naquela cama de hospital,
dormindo abraçada com ele.
Fechei a porta.
Sentei no chão
e as lágrimas caíram de um jeito que tento explicar,
mas perco o ar e não consigo falar.
Não sei.
É muito difícil entender a razão
quando tudo o que você tem é um coração.