Uma vez, uma mulher me enviou esta mensagem:
Ique, você “vende” a imagem de um cara comum, que tem
sentimentos e que não deveria tratar uma mulher como lixo. É tipo um
“príncipe encantado” adaptado à vida moderna. Eu acho que você
ilude um pouco as mulheres/meninas que leem seus textos, porque
esse cara comum não existe. Parece que ninguém, nem mesmo você,
tem coragem de dizer isso pra gente! Tirando isso, seus textos são
lindos!
Eu sou um cara comum sim.
Que uma vez se ajoelhou e perguntou para uma garota:
“Quer se casar comigo?”.
Ela respondeu: “Não”.
Peguei minhas coisas e fui procurar uma mulher
que dissesse “sim”.
Sou um cara bem comum.
Uma vez, minha namorada chegou em casa chorando.
Segurei a mão dela e disse:
“Não chora. Estou aqui”.
Ela respondeu: “Eu te traí”.
Peguei minhas coisas e fui procurar uma mulher
que não traísse.
Eu sou um cara normal.
Que namorou por quatro anos,
e que recebeu da namorada uma mensagem de término:
“Vai dar errado”.
Peguei minhas coisas e fui procurar uma mulher
com quem desse certo.
Eu sou um cara bem normal.
Que uma vez se apaixonou por uma moça.
Se declarou para ela e escutou:
“Você é especial, mas...”.
Peguei minhas coisas e fui procurar uma mulher
que não dissesse “mas...”.
(E sim uma mulher que quisesse mais.)
Eu sou um cara como outro qualquer.
Que chora em filme,
em propaganda e vendo foto de família.
Mas, neste mundo, homem sensível é clichê ou gay.
Eu sou um cara como qualquer outro.
Que não quer ganhar no jogo.
E muitas vezes, perde no amor.
Eu sou um cara comum.
Que em 2001 teve uma doença de pele e perdeu os cabelos.
Vários amigos disseram:
“Careca? Nenhuma mulher vai te querer”.
Peguei minhas coisas e fui procurar outros amigos,
que dissessem:
“Você sarou? Precisa de algo?”.
Eu sou um cara normal.
Que uma vez, quando criança,
escutou um menino dizer para uma menina:
“Você é feia”.
Ela saiu correndo, chorando.
Peguei uma folha e escrevi em todas as linhas:
“Você é linda”.
E deixei dentro da mochila dela.
No outro dia, ela colou a folha na capa do caderno.
Eu sou um cara qualquer.
Para quem, um dia, a namorada enviou uma mensagem:
“Eu amo você”.
Uma semana depois, ela terminou dizendo:
“Não vou ficar com você por pena,
porque seu pai está doente”.
Peguei minhas coisas e fui procurar uma mulher
que não tivesse pena de mim.
Eu sou um cara como qualquer outro.
Quero ter uma casa, uma família e um labrador.
Um cara comum que tem o pai doente.
Que não fala, não anda, mas ainda sorri.
E que não vai desistir.
Um homem com uma história que ninguém acredita.
Que passa horas no banho
para a água se misturar com as lágrimas.
Que todas as noites tranca a porta do quarto
para sua mãe não entrar e vê-lo chorar.
Que escreveu na parede:“Mais coração, menos razão”.
Que desenhou no teto um céu cheio de estrelas.
Para sonhar, rezar e pedir:
“Deus, por favor, você poderia mandar alguém aqui
para curar meu pai?”.
Eu sou um cara comum.
Não importa o quanto isso machuque, eu não vou mudar.
Você pode não acreditar.
Eu não me importo.
Nunca vou desistir.
Porque, se eu desistir,
eu seria outra pessoa,
pela qual não vale a pena lutar.