Capítulo 12 - JONATHAN

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Ainda estava escuro quando Jonathan levantou naquela manhã, e seu primeiro pensamento foi endereçado para Karen, embora não admitisse a jovem o impressionara muito. Deixara de ir tomar café no dia anterior, se atrasara no jantar pensando que ela já teria ido embora, e lá estava ela.

Que havia naquele sorriso que o incomodava? Tão solícita, tão alegre e não era feia. Tinha uma espécie de beleza diferente: morena, olhos escuros, cabelos cacheados. Nunca percebera que uma morena poderia ser assim tão bonita. Quando sorria fazia umas covinhas na bochecha. E hoje ela estava tão linda! Um batom discreto, o cabelo em desalinho no alto da cabeça, parecia mas alta. Como é que ela conseguia andar num salto tão alto. Não era gorda, tinha alguns quilos a mais, mas estes poucos quilos conferiam a ela mais personalidade.

Será que ouvira bem? Será que ela o esperara todo o dia? Não pode ser! Ninguém me espera já faz muito tempo...mas ela dissera isto. Estivera esperando por ele.

"Eu a tratei mal. Fingi que não a ouvia todo o tempo, mas foi difícil fazer isto. Não quero magoá-la mas não quero ninguém na minha vida nunca mais. Será que ela seria igual a outra ? Será que o amaria para depois, no primeiro problema que tivessem, acreditar na primeira mentira que contassem sobre ele? Sempre a imagem desta mulher! "Ela jurou que seria na saúde e na doença, com problema e sem eles, mas no primeiro problema ela me deixou. Não mulheres são um problema sempre, melhor me afastar delas."

Olhou para o quintal, um enorme Cactus crescia próximo a cerca. "Elas são como cactus, cuja flor já morreu quando tempo passou, tem os braços abertos só que cheios de espinhos. Seu interior é água amarga. Mas o que sou eu? Eu sou como o mar, por cima pareço calmo e tranquilo, mas dentro de mim estão navios naufragados, abismos desconhecidos. A vida me fez assim... um navio naufragado. Quero ver esta mulher, ao mesmo tempo, quero fugir dela."

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Korbi estava bastante perturbado. Recebera uma reprimenda de Rusck,chefe de sua legião. Não somente falhara no seu intento de fazê-lo cometer o suicídio que o levaria a destruição final, como também agora não conseguia deter o interesse crescente que Jonathan tinha por Karen.

Ele olhava Jey ao lado de Jonathan. Éramos amigos desde a criação. Porque nos separamos? Nos separamos desde o dia da reunião final com o Magnífico Portador de Luz. Jey frequentara as reuniões e até estava propenso a seguir com eles. Eram mais da metade de anjos, os que concordaram em dar uma chance para o Magnífico Portador de Luz e suas idéias.

O que ele queria? Ele só queria um pouco mais de liberdade e um pouco mais de oportunidades. No dia da reunião principalmente estava Explêndido. O Brilho das pedras afogueadas por onde ele passava dava um dom divino a sua pessoa. E por que não seria divino?

Jonathan resolveu que iria achar uma solução para o seu problema logo cedo. Iria tomar café do restaurante como de costume só para certificar-se que fora um mal entendido o que ocorrrera na véspera. "Não! Era melhor não ir ao restaurante por um tempo!" Sua Cabeça estava vagueando entre ir e não ir ao restaurante, entre falar ou não falar com Karen. Pela primeira vez sentiu medo. Um medo horrível como que quisessem lhe destruir. O mesmo medo que sentiu quando perdeu a primeira esposa.

"Não! Não quero passsar por tudo isso de novo. Não quero amar alguém para depois ter que ser abandonado, acusado injustamente! Não para mim não dá!" dizendo isso se levantou e começou a andar pela casa.

Korbi o seguia e o angustiava ainda mais. "Esta mulher é uma louca qualquer, livre-se dela, ela não merece sua atenção. É feia. Se tiver de ficar com alguém escolha alguém melhor..."

"Jonathan ela é diferente. Você viu o brilho no olhar dela. Ela tem pureza. Difícil encontrar alguém puro neste mundo poluído, dê uma chance a ela, você precisa de alguém."

Jonathan vacilava entre um pensamento e outro, abriu a janela e olhou para o céu exclamando em desespero: " Oh Deus! Porque você permite que essas coisas me aconteçam de novo? Porque você não me ajuda?"

Não ! Gritou Korbi.

Jey se aproximou mais de Jonathan animando-o a orar mais.

"Tenho vivido todo esse tempo sem reclamar contigo, tenho lutado em minha vida e esperado a morte solitária e sem lamentação, você permitiu que me tirassem tudo e nunca entendi o porquê. Não entendo porque tenho que sofrer!" Lágrimas vem aos olhos de Jonathan e ele pela primeira vez, chorava copiosamente. Seu corpo encostado na janela é sacudido por soluços entrecortados.

"Chore Jonathan, diz Jey, Chore porque o Mestre irá ouví-lo, e certamente mandou esta jovem para fazer com que sua vida ganhe nova direção. Ficarei aqui com você." Jey o abraça e o conforta, Korbi está fora da sala, não suporta aquela conversa toda com o Criador e prefere se manter longe.

Nisto chega um anjo. Ele traz um recado do Mestre para Jey. Ele deve ficar atento pois é tempo de Jonathan ser liberto da opressão que o persegue tantos anos, o Mestre tem providenciado socorro para o seu filho Jonathan. Jey está feliz, sua felicidade é tanta que seu brilho intensifica, e Korbi tem que correr dali.

Jonathan senta no sofá e agora está se sentindo aliviado, então toma uma resolução. Amanhã a noite jantará no restaurante e procurará tratar melhor a Karen.

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