Capítulo 3 - LAURA

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Laura tivera um dia ruim, levantara muito cedo naquela manhã, trabalhara demais e agora tarde da noite não conseguia dormir. Era casada pela segunda vez, tinha três filhos: um casal do primeiro casamento e uma linda menina do segundo, mas não era feliz.

Ela era organizada, e tudo o que sonhora era com uma vida simples, uma família feliz, já que não tivera isto com seus pais. No entanto havia anos que sua vida tomara um rumo que ela não havia planejado. Seu primeiro marido a abandonara num processo de divórcio muito vergonhoso, ela caiu numa depressão que parecia não ter volta, quando melhorou foi para descobrir que ela nunca mais seria a mesma.

Seus pais a influenciaram para que casasse de novo. Não sabia se fora um bom conselho. Na verdade era uma tentativa de fazer com que a vida desse certo. Seu segundo esposo era Jackson Santos, chamado por todos de "Amado Jack", era adorável, brincalhão e apesar de seguidor do Caminho, tinha a mente mais aberta, e isto o fazia diferente dos demais crentes de sua igreja. Era um seguidor equilibrado, por isso muito criticado pelos extremistas de sua religião. Lia o livro sagrado, fazia suas orações, e sabia aproveitar o melhor da vida: frequentava estádios, shows de música, cinema, teatro. Não era um "santarrão", assim ele chamava a todos que só frequentavam a igreja e não se envolviam em mais nada, pensando que tudo era pecado. Qual o problema de ir aos estádios, ao cinema, as festas? E brincava: "Não é nosso livro sagrado que diz que devemos examinar tudo e reter o que é bom?"

Jack fora um pai para seus filhos. Eles tiveram uma infância bem divertida, e se tornaram o que eram hoje. Sim, seus filhos eram iguaizinhos ao seu segundo marido. Alegres, divertidos, e estavam continuavam na igreja do Caminho, apesar da indiferença aos aos princípios rígidos do Caminho. " Estaria isto certo?"

Ultimamente ela andava apreensiva. Deixara a educação religiosa de seus filhos por conta de seu marido, e tudo parecia ter corrido bem, até aquele no mês anterior. É que sua mãe enviara para ela, alguns vídeos de um pastor que morava nos Estados Unidos. Pastor George Andrade, ele se aposentara havia pouco tempo e estava no Brasil fazendo uma série de paletras evangelísticas.

Sua mensagem era comum. Já ouvira muitas vezes falar sobre aquilo, afinal seu pai era pastor, mas Pr. George pregava a mensagem de maneira diferente, parecia viver o que pregava. Ele dizia, no DVD, que em breve, muito breve o julgamento dos vivos iria acontecer, e que o povo do Caminho que estivesse despreparado seria "cuspido" da boca do Mestre. Isso a preocupou. Ela, seus filhos e marido eram do jeito que o Pastor George descrevia os que seriam sacudidos do Caminho. Desde então sentia que precisava salvar sua família da destruição eterna.

Foi por isso que conversara com eles na noite anterior. Marcara uma reunião familiar e expusera tudo o que pensava. Eles no início zombaram dela, fazendo pilhérias, depois, vendo que era sério o que dizia, se revoltaram. "Pare com isso, somos Cristãos, somos do Caminho, seguimos os preceitos do Mestre. O Criador é amor, ele nunca destruiria seus filhos só porque eles querem se divertir um pouco".

Houve uma tremenda discussão seguida de muito choro de sua parte. Agora estava ali. Passara mal o dia todo, era tarde da noite não conseguia dormir. "Se a salvação era somente pela graça, porque me sinto tão infeliz? Lembrou-se do passado, dos anos felizes do primeiro casamento, seu marido parecia um homem de Deus. Então veio a traição do marido. "Traição". Este pensamento fez com que o ódio do passado voltasse ao seu coração. Jamais iria perdoá-lo! Ele era o reponsável pela desordem que vivia. Ele era o único responsável pela perda dos filhos.

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Anjos maus agitavam-se no quarto. Cada um trazia à memória de Laura algo do passado. A dor era muita, e ela chorava sozinha. Levantou-se e foi para cozinha. Seu anjo da guarda Messa, tentava afastar esses pensamentos maus, mas estava perdendo a batalha. O ofensor principal, Ono, sorria satisfeito com o resultado. Ganhara aquela família fazia tempo. E desde então se comprazia em destruir seus componentes um a um.

"Seu ex-marido é o único culpado Laura. Você lembra-se o quanto pediu que não o deixasse? Lembra de como protestou ser inocente? Aquele verme, como fingiu bem sua inocência! Ele te enganou direitinho." Esse era um pensamento colocado por Ono em sua mente. Ele gostava de torturá-la, fazendo-lhe lembrar que seu ex- marido suplicara que não o mandasse ir, protestando inocência todo o tempo, seu olhar desesperado chorando como criança, ela nunca conseguira apagar de sua mente.

Laura se agitou. "Inocente!" Tinha todas as provas de sua traição. Ele era culpado." Agora só restava esta opção: fazer algo para ajudar sua família. Precisava orar. Sentia que o tempo estava escoando e que a última advertência, que tanto ouvira falar, estava para se cumprir. " O Deus, me ajude!. Ajude minha família. Ajude-me."

O sol já despontava quando levantou-se para tomar banho a fim de ir trabalhar.

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