Capítulo 34- LAURA

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Laura estava na estrada viajando para uma pequena cidade serrana na divisa de Minas Geras e Rio de Janeiro. Já estava algumas horas na estrada, e por isso, apesar de cansada resolveu parar um pouco e comer alguma coisa.

Já haviam passado cinco semanas desde de sua saída do hospital. Ela não voltara para sua casa em São Paulo, permanecera na casa de seus pais e apesar do pai tê-la mandado ir embora várias vezes, e o marido suplicar que voltasse. Estava determinada. Precisava encontrar Jonathan. E suas pesquisas deram algum resultado, visto que agora estava se dirigindo a um local onde supostamente teriam visto seu ex-marido.

Sua pesquisa começou pelo irmão da igreja do Caminho, a última igreja que Jonathan fora pastor. Ele era dono de uma transportadora e por misericórdia dera um trabalho para Jonathan que não tinha outra profissão e se encontrava desempregado. O homem quando soube da história, ficou comovido, e ficou feliz por ter oferecido o trabalho para Jonanthan no momento mais desesperador de sua vida. Fora condenado pelos irmãos. A sua mulher reclamara muito de sua atitude, " apoiando um adúltero", mas ele nunca conseguira vê-lo assim.

O homem contou que Jonathan trabalhara dois anos para ele, era econômico e diligente em tudo que fazia. De um pastor alegre e comunicativo, tornara-se silêncioso e triste. Ele percebia quando os amigos falavam dele pelas costas, mas nunca reclamou. Trabalhando muito conseguiu juntar um dinheiro e comprar seu primeiro caminhão, depois disso caiu na estrada. A última coisa que ele falara era que iria mudar-se para uma cidade pequena bem longe de tudo, onde ninguém o conhecesse. Havia visto algumas em suas viagens, e se decidira. O clima de montanha o faria bem para ele. Não disse qual, e ele não perguntou.

Alguns caminhoneiros que o conheciam, de vez em quando o viam nas paradas das estradas. Ele estava bem. Segundo eles havia comprado um caminhão novo. Nunca soubera ao certo por onde morava, não falava disso. Ele iria indagar aos motoristas se alguém teria estado com ele recentemente.

Já havia passado um mês e Laura estava desesperada, será que ninguém o teria visto? Resolveu ligar mais uma vez para o dono da companhia de transporte, e qual não foi sua surpresa quando soube que alguém o teria visto dois meses antes, entrara numa cidadezinha para comprar uma medicação. Parou num restaurante por nome "Tomate Seco", e o vira sentado comendo. Estava anoitecendo, depois de comer, ele somente desejou uma boa noite e saiu.

Um nome, um lugar, o homem explicou como chegar a cidadezinha e ao tal restaurante. Não sabia se ele morava ali ou se estivera de passagem. Ela precisava saber e iria até o fim disso.

Tanto os guardiões quanto os ofensores estavam apreensivos, Laura caminhava em um fio muito tênue, um passo em falso e cairia. Os ofensores sugeriram todo o tempo que ela largasse o marido e fosse viver com ele. Ela o amava, e ele era o seu verdadeiro marido. Já os Guardiões diziam o tempo todo que não deveria se precipitar, que apenas contasse a verdade para ele.

O que ela faria, nem um nem outro sabiam, mas os ofensores estavam prontos para destruí-la de vez, queriam arrasá-la, Eles tinham a maior chance de vencerem pois qualquer que fosse o resultado penderiam para faze-la sentir-se culpada.

Guardiões do Criador estavam com ela na viagem, e uma nuvem de ofensores também. Eles não queriam que Jonathan ficasse com Karen, não queriam que se tornasse um pregador novamente. Eles queriam que ele voltasse a pensar em Laura e destruísse o casamento dela. As notícias de Jonathan chegavam pelos ofensores que vigiavam-no. Ele saíra do hospital havia naquela semana, e estava com Karen. Precisavam destruí-lo pois era um ser humano capaz de levar muitas almas do reino do Rebelde. Ofensores iam e vinham trazendo novas notícias.

Por fim um chegou dizendo que Korbi começara a colocar um pensamento na mente de Jonathan, de que ele não amava Karen, e sim tinha gratidão por ela. E naquela manhã ele havia falado algo assim para ela, o que a deixou muito triste. A verdade era que fora um pensamento implantado por ele, Korbi, mas Jonathan se apropriara como se fosse dele. Tudo estava funcionando. A vitória seria deles, no final mais pessoas ainda seriam atingidas.

Laura se perdeu algumas vezes na estrada e era noite quando chegou na cidade. Demorou encontrar o restaurante, e quando o encontrou já estava fechando. Foi então para a cidade e procurou um local para dormir. No dia seguinte bem cedo iria ao restaurante.

No dia seguinte levantou apreensiva. Sentia que iria encontrar Jonathan. Tomou banho, se arrumou devagar. Pensou em cada detalhe ao se arrumar, ainda se lembrava de como Jonathan gostava de vê-la vestida. Assim caprichou em sua roupa, mirou-se mais uma vez no espelho, resolveu sair. Não estava realmente de acordo com a ocasião pois usava um salto altíssimo, uma roupa que só usava em ocasião especial, era um vestido que guardara com carinho todos esses anos, pois ganhara de Jonathan no último aniversário de casamento. Achou que era apropriado para ocasião.

Os ofensores estavam radiantes, é claro que Jonathan não resistiria. Ela estava lindíssima seus cabelos castanhos claros, quase louro, seu corpo esguio, perfeito, naquela roupa e naqueles saltos, eles cuidariam do resto.

"Tenho que reconquistá-lo", Laura se surpreendeu com seu pensamento, mas depois sorriu sentindo-se na verdade a mesma adolescente que conhecera Jonathan no colégio interno. Parou seu carro importado na frente do restaurante " Tomate Seco". Entrou. Eram nove horas da manhã.

Karen solicitamente se chegou ao balcão para atendê-la. Estava muito mais magra pois os dias no hospital cobraram dela alguns kilos que não lhe fizeram falta. Seu cabelo cacheado presos ao alto da cabeça, seu sorriso e seu olhar doce, logo fizeram com que Laura se sentisse à vontade. Laura pediu alguma coisa para comer e explicou para que viera:

"Estou procurando alguém, um parente que não vemos por muito tempo. A última vez que foi visto foi aqui neste restaurante. Ele é caminhoneiro, será que você o viu? Já que trabalha aqui se ele já esteve aqui se lembrará dele."

Abriu a bolsa e mostrou uma foto antiga. Um jovem branco de cabelos muito bem cortado, vestindo um terno cinza estava de pé. Via-se que a foto fora dobrada e que havia alguém do lado com ele. Karen tentava lembrar onde vira aquele sorriso antes, quando Laura completou: " o seu nome é Jonathan. Sou sua ex-esposa. Preciso vê-lo com urgência"

O chão parecia faltar para Karen, mas respondeu claramente: " Sim nós o conhecemos, ele vem aqui sempre ao anoitecer." 

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