Capítulo 29- PR. GEORGE

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Pastor George estava no saguão do hotel. Acabara de tomar seu desjejum, lia distraidamente um jornal local. A televisão estava ligada em um noticiário local. De súbito uma repórter interrompeu o noticiário: " Um terremoto, 9.7 ocorrera em Los Angeles e São Francisco. Não se sabia ainda, mas parecia que toda a costa leste havia sido abalada." Ele fechou o jornal para prestar atenção no que ouvira. Fora 9.7 realmente? Depois que criaram esta escala Richter, o maior terremoto registrado nesta escala fora o do Chile em 1960. Se não estava enganado fora de 9.5 nesta escala. O Repórter explicou que  houvera o primeiro tremor de madrugada no local,  depois de  dezoito  minutos,  outro terremoto,  desta vez  mais forte abalara a Costa Oeste. 

Sentou-se pensando nas profecias que estudava: haveria um imenso terremoto na abertura do sexto selo. Então os vivos estariam sendo julgados por Deus. A última advertência estaria sendo proclamada. Sim, era isto!

Olhou para a tela da TV. Não sabiam quantos mortos, mas milhares teriam morrido. Viu quando a repórter disse que haviam soado o  avisando de uma iminência de um tsunami. Era o que faltava para completar! Milhares presos nos destroços seriam afogados. Não conseguia pensar direito, estava muito preocupado. Resolveu subir para orar. Sabia que muitos irmãos do Caminho estariam ali naquela cidade. O melhor a fazer seria orar por eles

Havia dias que se sentia assim: Nem triste nem alegre. A conferência estava acabando, teria que voltar para os Estados Unidos, mas para que? Não teria mais casa, esposa, nem sabia se teria ao seu lado algum filho. A mais nova ligara perguntando -lhe como ele estava. Disse que poderia vir para sua casa. Avisou-o que a mãe havia pego todo dinheiro da  conjunta  que possuía com ele. A filha era solteira e morava sozinha. Não falou mais nada.  Queria abster-se naquele assunto do divórcio dos pais. Em cinco dias voltaria. Não sabia o que pensar.

Alguma coisa pesava em seu coração. Lembrou-se da mulher. Lembrou-se dos dias que casaram, como foram felizes, pelo menos ele pensou que eram. Lembrou de sua vida, dos filhos que nasceram, de cada coisa que fizeram juntos. Tudo se fora, só restara o vazio. Era isso que sentia: Vazio.

Chegou ao quarto ligou a TV: Mais notícias sobre o terremoto. Agora falavam da falha de San Andreas , esta falha geológica é de 1290 km. Ao longo da história, a Falha de San Andreas se tornou conhecida no mundo inteiro. Existia um mito de que um abalo sísmico provocado por esta falha iria dividir os Estados Unidos em dois. Muitas histórias, muitas profecias e agora tudo virara realidade. Isso tinha que ser a abertura do sexto selo do livro de apocalipse. Não havia dúvidas de que era.

O noticiário urgente havia sido pausado e um programa de entrevista havia começado. Pastor George não estava acostumado a ver TV, estava procurando o controle remoto para desligá-la quando ouviu o tema: " As religiões deveriam ou não permitir o proselitismo?" A apresentadora então afirmava, que havia sido apresentado um projeto pelo governo proibindo o proselitismo. Que cada um vivesse a religiões com liberdade , mas que não fizessem prosélitos. Era essa atitude que causava tantos atos terroristas e tantos problemas em todos os lugares.

Ficou pensando em vários países que haviam se transformado em regimes fechados, ou socialistas, ou fascistas. Sim era muito lógico em sua mente que antes da volta do Mestre, os governos mundiais deveriam se tornar ditatoriais. Só que agora que estava acontecendo parecia muito estranho. Parecia um sonho.

Cada país encontrara uma solução: Os cidadãos da Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia estavam confinados a seus países. Perderam suas propriedades, tudo o que possuíam fora sequestrados pelo governo. De uma noite para o dia as pessoas perderam todos os direitos a liberdade e todos estavam sendo obrigados a fazerem uma nova identidade. Somente quem concordava com o regime poderia receber a carteira, quem não estava disposto a colaborar, era levado a uma escola de reabilitação. Se ao saírem de lá não pudessem prestar juramente de fidelidade ao regime, teriam sérias complicações.

Paraguai, Argentina e Chile e outros também seguiram a mesma fórmula e o regime adotado era também ditatorial, seja pela via da direita conservadora, ou da esquerda revolucionária, os países estavam mudando a forma de governo. A desculpa principal era a Crise.

Pensou na esposa. O que ela estaria fazendo agora. O que faria quando o dinheiro acabasse? Ele sabia que ela não sabia economizar.

Bem o jeito era orar, pediria a Deus que a guardasse e lhe desse última chance. Enquanto orava o telefone tocou. Não costumava deixar o telefone ligado em suas horas de oração, resolveu então atendê-lo. Era a filha caçula.

"Pai, tenho uma coisa triste para te contar, houve um terremoto em Los Angeles." Começou ela. "Sim filha, eu sei." Disse o pai apreensivo. " Pai, mamãe está lá. Não consigo falar com ela. Estou com medo de ter acontecido o pior. Por favor pai, ore por ela, eu sei que você já ora, mas ore mais ainda, pois ela não está preparada para morrer."

Pr. George ficou paralisado. Não sabia o que dizer.

"Pai! Você está ai?" " Sim estou" Disse lentamente. Sentou-se no sofá do quarto e deixou-se esmorecer. Então era por isso que sentira tão mal e apreensivo. Sua doce Rose morta?Impossível. Alguma coisa dizia-lhe que ela estava viva, e que precisava de suas orações.

Conversou mais um pouco com a filha, a passagem era para a próxima segunda feira e ainda era quinta feira. Tentaria trocá-la, não sabia se conseguiria. Iria para Los Angeles. Nem sabia o que estava dizendo já que era impossível chegar no local, as estradas estavam interrompidas ou cortadas pela falha geológica, teria que ser de Helicóptero. Não sabia no que pensar, tão confusa estava sua mente.

" Estarei ai em breve. Vou trocar a passagem".

Passou toda manhã tentando antecipar a passagem.Tudo em vão.  Sentou-se  no sofá desnorteado e  ligou a televisão novamente  a tempo de ouvir o repórter avisando que em menos de duas  horas o tsunami chegaria varrendo toda a Costa. O Hotel , onde sua mulher havia ficado estava muito próximo a costa. Precisava orar pela esposa. Passaria aquelas duas horas finais orando por ela, algo lhe dizia que ela estava viva e necessitava de suas orações.


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