Capítulo 32- PR. ROBSON

11 0 0
                                    


Deitado em uma cama de hospital, olhando a luz do teto, lúcido. com todo tempo para pensar, assim se encontrava o pastor Robson. Toda sua vida passava por sua mente, não que ele quisesse fazer isso,   era contra sua vontade que lembrava de todas suas escolhas, tudo o que fizera.

"Eu servi a Deus. Tudo o que fiz foi para servir a Deus. Fiz o que acreditava ter que fazer."

"Não Robson, você serviu a si mesmo. Você um grande administrador, construiu muitas coisas, Deus usou sua força e seu trabalho, no entanto, ao longo de seu ministério você se desviou, e seu ministério passou a ser ditatorial.

Você controlou a vida de empregados sob sua jurisdição, controlou até o que eles faziam em suas férias. Você usou seu poder para transferir todo e qualquer empregado que o contrariasse, e sob quem não tivesse poder para demitir.

Lembra-se daquela família pastoral que você enviou para o interior do país? Eles tinham filhos doentes que precisavam de maior assistência em uma cidade grande, mas você não se importou com isso.

Os empregados sempre fugiam da sua presença, não gostavam de passar por perto pois poderiam receber alguma ordem absurda. Você controlada todas as contas, todas as vendas, todas as contas.

Ultimamente você persegue quem prega a palavra. Você foi convocado para isso, eu te chamei para pregar a verdade, mas agora você persegue os que tem coragem de pregar a última advertência. Você os chama de "perfeccionistas" , persegue seu colega de profissão, somente porque ele tem a coragem e a consagração que você não tem.

Agora sua filha padece porque você não soube perdoar. Porque você achou que era vergonha demais ter um "adúltero perdoado", em sua família. Sua filha sofreu todos esses anos, ela teria sido feliz se continuasse com o marido. Os filhos dela são totalmente sem compromisso com Deus, o novo esposo dela não é alguém que se importe com a palavra de Deus. Está apenas formalmente no Caminho. Ele arrastou todos da família para um caminho que dificilmente terá volta.

E seus outros filhos? Uma filha e um filho que não seguem mais o Caminho. Você sabe disso, e foi por isso que a enviou para bem longe, sentia vergonha deles e os preferiu longe. Não deseja que ninguém veja o seu fracasso como pai. Seu filho está preso. Será deportado. Sua filha, aquela cuja vida é totalmente desregrada estará de volta. O que vai fazer? Os problemas que você empurrou para "debaixo do tapete", estão de volta.

Então você está ai, deitado nesta cama, essas sequelas são para que pense na sua vida. São consequências de seus atos. Você sempre foi intemperante, por falar nisto, quanto dinheiro de oferta dos irmãos você gastou ao longo dos anos pagando jantares de desagravos em churrascarias caras? Quanta intemperança! O que você tem é o resultado disso. Você que deveria ser um exemplo vivo do que eu desejo para o meu povo, você é o contrário disso. Você não terá muito tempo para se arrepender. Sua hora se aproxima."

Uma lágrima rolou pelo rosto do pastor. Ele ouvira a voz de seu anjo Jaquim. Pensara que era apenas um pensamento que estava tendo. Como consertar tudo aquilo? Não tinha jeito.

Os netos e os genro entraram no quarto. Vieram se despedir. Contaram de maneira resumida o que Laura dissera. O genro estava transtornado porque nunca vira a mulher tão decidida. Iria embora para casa. Que o sogro e a sogra cuidasse disso.

Valéria entrou no quarto a tempo de ouvir que tudo o que acontecera fora sua culpa. Ela nunca tivera discernimento, não era esperta suficiente para ver as consequências das coisas, deveria ter ouvido o marido.

Pastor Robson pediu para que levantasse sua cama. Olhou para todos e pediu para se acalmarem. Disse que iria tentar resolver o problema, que não iria permitir que a filha fosse procurar o ex-marido. E com olhar inflexível, olhou para a esposa e ordenou: "De agora em diante, fique com a boca fechada. Não é inteligente suficiente para discernir entre a mão  direita  e  a da esquerda. Você só nos causou problemas."

O genro concordou imediatamente. Sim, que ficasse calada pois do jeito que as coisas estavam acontecendo, ele sentia que iria perder sua esposa. Sempre pensou que a sogra fosse desprovida de sabedoria, mas aquilo fora demais!

Valéria abaixou sua cabeça. Não ficaria calada. Já ficara por demais quieta. Toda sua vida fora assim. Eles supunham que não tinha capacidade de discernimento, ela sabia que isso não era verdade, não brigara a vida inteira porque não queria viver conflitos. Achou que como esposa deveria procurar um meio de viver bem.

Ao longo dos anos no entanto percebeu que tudo o que passou não valera a pena, pois agora procuravam uma maneira de incriminá-la. Elevou a Deus uma prece pedindo ajuda naquele momento tão difícil.

Guardiões estavam ao lado de Valéria. Eles a animavam pois precisavam que ela desempenhasse um papel fundamental para a salvação de sua família. Somente ela os ouvia. Por suas intercessões o guardião do pastor Robson trabalhava sem cessar para alcançar sua mente. Quando pensou que ele estava cedendo, novamente ele ai estava, culpando a esposa por tudo.

Carmi estava feliz. Fora ele que implantara, na mente do pastor, aquelas palavras duras, dirigidas a sua esposa. Ele sabia que o único jeito de atingi-la era através dele, pois ela o amava e o respeitava. Pretendia atrapalhar ao máximo a vida daquela família. O tempo estava acabando, só precisava conservar o pastor daquela forma e outro AVC com certeza iria levá-lo. A segunda ressureição o aguardava.

O genro saiu. O marido  aproveitou que estava sozinha para  esbravejar mais ainda. Ela não disse nada.  Ele então  entendeu que vencera,  e que  voltara a ter comando sobre ela. Estava no entanto  enganado,  ela iria ajudar a filha,  ela iria  fazer todo o possível para encontrar Jonathan,  se era isso que a filha queria.

Não estava ouvindo nada mais que o marido dizia,  estava pensando em como sabe onde estaria o ex-genro. A última notícia que tivera fora  há muitos anos,  logo que fora embora. Ele encontrara um trabalho numa companhia de um irmão da igreja. O irmão tinha uma firma de transporte,  e ele  fora trabalhar como motorista de caminhão. Nunca dissera isto para Laura,  agora poderiam juntas buscar informações,  quem sabe que o irmão tivesse alguma notícia do paradeiro dele. Precisava contar-lhe o que  acontecera.  Sabia também que ele não mais seguia a igreja do Caminho,  se tivesse ficado seria fácil encontrá-lo.

Assim que Laura   voltasse para casa iriam resolver este problema. Não contaria nada para o  esposo  nem para o genro.

Pr. Robson continuara a falar.  Acreditava que  dera todas as coordenadas do que fariam de agora em diante, então calou-se. Vencera finalmente.

A ÚLTIMA ADVERTÊNCIAOnde histórias criam vida. Descubra agora