A ÚLTIMA ADVERTÊNCIA

Capítulo 25- MÁRCIO DUTRA

Dr. Márcio estava diferente. Desde que começara a conversar com Nancy voltara a ter paz e segurança em sua vida. Sentia-se completo e feliz. As pessoas notaram a diferença, principalmente as pessoas do hospital do Caminho, mas infelizmente nenhum deles tiveram a curiosidade de saber a causa. Somente sua mãe insistia sem sucesso em saber qual "passarinho verde" havia mudado o comportamento do filho.

Ele não dizia. Nancy o advertira para que não contasse nada a ninguém do Caminho, pois eles não estavam aptos a entender sobre este mundo espiritual. Eram pobres almas inferiores, que ainda teriam de encarnar-se muitas vezes, com o fim de alcançarem conhecimento e luz.

Ele obedeceu nos primeiros meses, mas logo, sua felicidade era tanta que passou a citar coisas que Nancy dizia: " Como Nancy me disse há uma eternidade de paz a nossa espera", ou " Como Nancy me instruiu, o Salvador é um espírito em estado muito elevado, já não encarna mais porque alcançou toda luz que precisava, agora ele nos indica o caminho pelo qual devemos seguir."

Os irmãos do hospital do Caminho não prestavam muita atenção nisto, mas sua mãe sim. Um dia, depois do almoço de domingo ela o chamou em particular. Havia orado por ele toda a semana e resolvera fazer algumas perguntas ao filho.

"Márcio, há algumas semanas que você anda estranho. Anda alegre, não está mais triste com a morte de sua amiga. Eu tenho notado que você anda fazendo muitas citações de cunho espírita em nome dela. Márcio, alguém chamado Nancy tem aparecido para você? Quero a verdade meu filho!"

A mãe de Márcio era uma senhora devotada e de caráter muito forte. Seu filho sempre a respeitara, nunca a vira cometer nenhuma coisa errada. Era justa correta em seus negócios, vivia sua religião com austeridade e devoção. Ela sempre adivinhava o que ele fazia, e de uma forma ou outra sempre era ele quem estava errado.

"Mãe, não é o que você está pensando. Sei que pensa que qualquer manifestação espiritual, tem como patrocinador este Rebelde, que você acredita existir, eu vejo Nancy sim, e tenho aprendido muito com ela."

A mãe se deixou cair no sofá. " Pelo amor de Deus meu filho! O que é isto? Anda conversando com nosso Adversário?"

Márcio corou. Os olhos de sua mãe dilatavam quando ela era contrariada e certamente agora estariam assim, por isso não queria olhar para ela. Apesar de ser um excelente médico, nunca ousara levantar a sua voz para sua mãe, mesmo que não concordasse com ela. Desta vez, porém, sentiu uma força estranha que o compelia a resistí-la.

"Mãe, você escolheu acreditar neste seu livro sagrado, que está ai em sua estante. Eu decidi acreditar no que é mais lógico. Pense bem, porque precisaríamos de nosso corpo para vivermos a eternidade? Nancy aparece quase todas as noites. Você sabia que fomos marido e mulher em outras vidas? Isso explica este amor que sinto por ela. Para nosso crescimento, fomos separados nesta encarnação, mas logo estaremos juntos."

"É o Rebelde meu filho! É ele quem está te enganando. Ele é o único que prometeu vida eterna para quem é desobediente. O livro sagrado diz " A alma que pecar, esta morrerá", ( Ez.18:20). O acesso a árvore da vida foi negado a nossos primeiros pais, por isso todo homem morre."

"O Rebelde tem duas estratégias: ou apresenta o Criador como tirano, que tem prazer em torturar seus filhos no fogo do inferno e, enquanto os pobres mortais se contorcem nas chamas, ele se sente satisfeito e feliz, ou diz que o Rebelde não existe, que todos somos deuses e que nunca morremos. Você está sendo enganado pela segunda opção."

" Você não entende. É Nancy. Conversamos muito. Ela relembra de coisas que só nos dois conhecíamos, ela é capaz de citar de memória palavras que disse a ela quando estávamos sozinhos e..." a mãe interrompeu. " Ah meu filho... disse desdenhando dele, você é um tolo. Está lidando com seres que vivem uma eternidade, e para eles é fácil imitar alguém!. Seu tolo como pode se deixar enganar desta maneira."