Capítulo 5 -Recordando o passado...

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1358 palavras

Saphira

No dia seguinte acordei com o som dos pássaros a cantar. Adoro levantar-me pela manhã para ir correr pela floresta, como se todas as manhãs algo dentro da minha cabeça me disse-se que tenho que me libertar e é isso que eu faço contudo parece que hoje esse algo está mais forte e nem penso duas vezes e levanto-me da cama, visto umas leggings com uma camisola larga para me movimentar melhor e prendo o meu cabelo num coque alto com pequenos fios de cabelo castanho caindo pelo meu rosto, pego as minhas sapatilhas de corrida que estavam de baixo da cama e as calço. Saio do meu quarto descendo as escadas e começo a ouvir murmúrios vindos da cozinha "parece que não fui a única a acordar cedo" penso para mim própria quando já estou no final das escadas, viro á direita onde encontro a porta da cozinha e a abro fazendo com que o cheiro de waffles acabadinhas de fazer invadam as minhas narinas despertando a fome que ainda nem tinha notado em mim,os meu pais e Violet parece que ficaram brancos ao me verem e um silêncio instala-se naquela divisória da casa que mais parece mansão de tão grande que é. Estranho...

-Bom dia! -digo sorridente quebrando o silêncio constrangedor.- O que estavam a falar?-digo direta.

-Bom dia filha, queres tomar pequeno almoço? -diz a minha mãe.

"Boa estão a desconversar" penso.

-Sim, waffles não é? - digo enquanto sinto cada vez mais o cheiro endiabrante delas mais intenso á medida que entro na cozinha, humedeço os lábios.

Ela entrega-me um prato com waffles com molho de xarope por cima e frutos silvestres espalhados ao redor e sento numa das cadeiras que fica de frente para o meu pai que está a ler o seu jornal e a Violet que ainda não tirou os olhos do seu telemóvel desde que entrei na cozinha, até parece que está a tentar evitar-me.

-O meu aniversário de 16 anos está perto. -digo tentando puxar conversa, o que resultou já que a Violet finalmente tirou os olhos do telemóvel e o meu pai levantou a cabeça olhando-me por cima do jornal.

-Ai pois é mana! Desculpa, até estava a esquecer-me que fazes anos depois de mim. -ela diz com cara de desculpas.

"Rica irmã que me saiste" penso.

-Obrigada por te lembrares de mim! -ironizo para ela com um sorriso.

-Já pensaste como vai ser a tua festa? -ela começa. -Ai eu lembro-me tão bem da minha! -ela diz com os olhos brilhantes como se tivesse sido á muito tempo e não á menos de 2 meses.

-Pois eu também, principalmente da parte em que gritavas de dor. -dou uma pequena risada de brincadeira.

-Vais ver quando fores... - ela não completa a frase quando repara o olhar acusador do meu pai e eu abaixo a cabeça para o meu prato de comida já a acabar, tem que vir sempre parar a este assunto.

Ás vezes a Violet esquece-se que eu não sou loba como ela, mas já estou habituada, mesmo que ás vezes eu não me sinta da família por essa mesma razão mas sou humana como muito orgulho e fui treinada para ser tão boa como qualquer outro da alcateia. Mesmo sem a força, sentidos aguçados, regeneração rápida... Agora sem dúvida alguma eu quero ir correr para que possa resfriar os meus pensamentos, por isso faço o que sempre faço.Levanto-me da mesa e saio de lá sem que me possam me interromper e começo a correr, pode parecer uma atitude infantil mas é minha maneira de demonstrar que não estou confortável,lembro-me da última vez que uma destas situações parecidas aconteceu.

Foi a doze meses atrás...

Era a primeira transformação do alfa Kyle e junto o seu 16º aniversário e estava toda a alcateia reunida no coração da floresta e era uma noite de lua cheia para variar. Estava quase na meia noite, a hora em que ele se iria transformar, eu estava nervosa por ele já que o meu pai sendo o Beta do pai dele eu, a Violet e o Kyle sempre nos demos muito bem e ele é como um irmão para mim então eu tinha medo que alguma coisa não corresse bem durante a transformação.

-Ainda não percebi por que ela ainda vem. -ouvi uma voz dizer para outras e sabia exatamente que estavam a falar de mi.

-Ela não passa de uma mera humana. -disse então outra voz, aquilo começara a irritar-me.

Mas então começou... ele começou a gritar e a contorcesse todo, seus dentes começaram a ficar maiores e com presas em baixo e em cima, o seu rosto começou a alongar-se começando a formar um focinho e eu estava tão concentrada no seu rosto que nem reparei que as outras partes do corpo estavam também a transformar-se tal como as suas pernas já se tinham partido fazendo o seu corpo agachar-se no chão mas logo seus braços também se partiram fazendo cair de peito no chão, da sua coluna começou-se a ouvir estalos e o seu tamanho aumentou junto com as pernas e braços , os seus gritos agora eram trocados por rosnados e ganidos de dor, nesse momento as suas roupas já se tinham rasgado e a sua pele agora preenchida por pelos pretos e brilhantes com olhos vermelhos, ele era enorme, mas nada de anormal para um alfa.

Todos começaram a aplaudir e então os que já se podiam transformar mudaram logo para a sua forma lupina, enquanto os que até agora ainda não podiam se transformar por casa das suas idades prepararam-se para a corrida que vinha em seguida. Kyle virou a sua cabeça para o seu lado direito e nessa altura todos já sabiam que ele iria correr e caçar pela primeira vez na forma de lobo, "ele iria libertar o seu lobo" como os meus pais diziam-me antes de todas as transformações, eu os procurava para saber o que iria fazer pois sempre que chegava aquela hora o meu cérebro bloqueava pois como eu iria correr na mesma velocidade que lobisomens sendo humana. Mas... por alguma razão eu não os via e quando dei por mim já estava sozinha no coração da floresta, chamei por eles mas nada e a frase daquela voz veio-me á cabeça.

"Ela não passa de uma mera humana"

Isso enraiveceu-me e comecei a minha busca entrando mais a fundo na floresta, o que só piorou pois quando comecei a ouvir galhos a partirem-se não muito longe de mim, andei uns passos para trás e acabei por encostar numa das altas e grossas árvores, a minha respiração estava irregular e o meu coração que palpitava no meu peito aposto que se ouvia pela floresta toda chamando predadores. Aquelas palavras não saiam da minha mente...

"mera humana,mera humana,mera humana"

Então eu ouvi um rosnado e nesse momento o meu ataque de pânico só piorou .

-NÃOOO! -eu gritei e logo depois apaguei. Acordei dois dias depois na enfermaria da alcateia.

E é por essa a razão de eu ter saído daquela maneira de casa, não suporto que me lembrem que eu sou apenas uma humana no meio de lobisomens. Fui diagnosticada com um ataque de pânico e claro que só contei aos meus pais e a enfermeira Lúcia a razão desse ataque de pânico que nem mesmo a Violet sabe a razão.

Tempo atual...

Paro de correr quando reparo que cheguei no local desse incidente, não aguento estar aqui,não agora, não neste lugar. O meu bem estar desapareceu no momento em que me recordo do passado, volto a correr mas desta vez até ao lugar de treino da alcateia e tenho a certeza que isso vai animar-me. Sim, amo luta isto vai animar-me...

Nota: Aqui está mais um capitulo, como prometido!
Espero que gostem😘
P.s. capítulo não revisado pode vir a ter erros na escrita!😅
Bjs a todos e até breve!

Presa pelas GarrasOnde histórias criam vida. Descubra agora