– Não começa. – digo e ele me observa.
– Só pedi pra você encostar aqui, quero conversar. – ele pede, ainda com aquela vozinha manhosa matinal.
– Já eu acho que você tem que levantar, lavar esse rosto e ir tomar café.
– Você tá muito estressado Arthur, aconteceu alguma coisa?
– Fora seu show de ontem?
– Que show?
– Me encheu pra caramba, surtou porque me viu conversando com Alex, depois ficou me abraçando de um jeito que eu não gostei e não aceitou quando pedi educadamente pra você dormir no colchão separado. Acha que é esse tipo de consideração que eu espero de alguém que me conhece há tantos anos? – falo e ele me observa por algum tempo, limpando a garganta em seguida.
– Deita aqui comigo, por favor. – ele muda de assunto.
Olho para Antônio e ele está com um biquinho no rosto. Ele realmente tinha ignorado tudo o que eu disse. Como eu sabia que não adiantava de nada ficar com raiva dele, me deito do seu lado com as mãos sobre a barriga. Vou olhando para o teto, enquanto ele fala dos assuntos com as meninas na noite anterior. Enquanto ele falava minha cabeça dava voltas, passando pelo rosto do Alex e o que ele tinha me dito sobre ser o Fabrício, irmão de Antônio. Me perguntava se deveria dizer isso a ele, ou deixar que ele descobrisse isso sozinho, mas antes que eu pudesse pensar mais sobre isso, Antônio me pega desprevenido dizendo:
– Tô pensando em dar uma aliança para a Maria. – olho para ele que me olhava fixamente e sério.
Meu raciocínio que antes flutuava para e volta para aquele momento. Escutando um looping dessa frase se repetindo cada vez mais.
– Como é?
– A gente tá ficando, quase namorando faz quase 4 meses. Tava pensando em finalmente dar aliança pra ela e deixar isso sério de verdade. – ele fala, se virando para cima como eu estava e colocando a mão sobre a barriga também.
– Para de ser trouxa.
– O que, Arthur?
– Se dá aliança com 8 meses de relacionamento fixo. Seu primeiro passo deveria ser pedir ela em namoro.
– Cara... é verdade, eu ainda não pedi ela em namoro... – diz se levantando. – Caramba, você me deu uma ideia.
– Espera. – digo e ele me olha, enquanto se prepara para sair. – As coisas que a gente já fez, é...
– Nem você parecia querer mais ontem, então eu acho que é melhor assim, né? Porque sei lá, você sabe que eu só fiz por curiosidade e que nunca te assumiria ou algo do tipo, né? – ele pergunta e eu concordo com a cabeça, não acreditando no que tinha acabado de ouvir. – Fora que namorar um cara, sendo que esse cara ainda por cima é meu melhor amigo, daria muito o que dizer, piadas, comentários que eu não tô pronto pra lidar e essas coisas. Você me entende, né?
– Claro, relaxa. Era só pra ver se a gente tá na mesma página.
– Ótimo, vou pedir ela em namoro e venho te contar o que deu. – ele diz, se apressando pra sair.
– Vê se escova esses dentes antes, está com... – ele bate a porta – Bafo.
Abaixo meu corpo um pouco e percebo que o cheiro de Antônio estava espalhado por toda a minha cama. Instintivamente pego um dos travesseiros e começo a cheirar, mas quando lembro o que ele tinha acabado de me dizer, solto o objeto e começo a tirar a roupa de cama. Ia colocar pra lavar, não merecia ficar pensando e muito menos sofrendo por alguém como ele.
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HURRICANE - (ROMANCE GAY)
Teen FictionEu sou o Arthur. Tenho 17 anos e moro em São Paulo. Estou no 2° ano do ensino médio e nesse ano passei por uma situação complicada. Meu melhor amigo Antônio descobriu recentemente que seu pai, (cujo não via a não ser em fotos) veio morar aqui. Até...