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– Oi, cara... – ele diz e eu fecho instantaneamente a porta, assustado. Não queria ter a possibilidade de Antônio ver Alex na minha casa, mesmo que o outro estivesse completamente capotado no outro quarto. 

– O que... nossa que susto! – finjo que tinha me desesperado por dar de cara com ele ali. – O que você tá fazendo aqui?

– Eu fui na Maria mais cedo pedir ela em namoro... – ele tenta segurar o choro. – Bom... chegando lá, eu vi ela com outro cara... – as lágrimas começam a escapar de seus olhos e ele parece não entender muito bem o motivo de estar tão triste. – Fui para casa e tentei esquecer tudo, mas não consegui. Preciso de você... – ele olha para baixo e as lágrimas começam a cair em suas pernas.

– Vem aqui... – ando em sua direção e puxo Antônio para um abraço. 

– Eu agradeço todos os dias por tê-lo comigo. – ele diz, claramente abalado, mas eu realmente não sabia se podia confiar nas palavras daquele Antônio.

De qualquer forma, abraço Antônio e ficamos assim por minutos. Confesso que no começo eu até me preocupei bastante com ele, mas só de lembrar que Alex estava lá em casa, minha barriga gelou e comecei a pensar que se as coisas continuassem caminhando daquela forma, eu não estaria vivo até o dia seguinte. 

– Não quero voltar para casa. – Antônio diz, ainda no abraço.

– Fica aqui, dorme aqui. – falo soltando ele e depois, quando percebo o que disse, me bate um arrependimento, mas não era como se eu pudesse retirar. 

Fora que foi total costume da minha parte dizer aquilo, porque ele sempre estava lá em casa quando se sentia mal. A questão aqui é que fora o fato de Alex também estar na minha casa, eu já não sabia mais se queria me prestar ao papel de tapar buracos na vida de Antônio pra sempre. Meu arrependimento, então, começou a acusar essas duas coisas. 

– Posso? – pergunta, enquanto limpo suas lágrimas do rosto e decido assumir a responsabilidade que tinha tomado pra mim mesmo naquele momento.

– É claro. Você só precisa ir embora cedo... amanhã vou ter que ir com a minha mãe na casa de uma prima, então não vou pra escola direto contigo. Tá? – ele concorda com a cabeça. – Vai precisar sair pela janela, porque ela me pediu pra não trazer ninguém, porque não quer se atrasar. Vamos jogar vídeo game? – pergunto, abrindo um sorriso. Que é retribuído. 

– O que é isso? – ele pergunta, indo até o livro que Alex tinha me dado e eu corro antes que ele, pegando o objeto. 

– Nada. – respondo. – É um livro que ganhei, mas não quero ninguém mexendo nele. 

– Não sou qualquer pessoa. Esse "ninguém" me inclui também? 

– Sim. – é tudo o que digo, guardando-o em outro lugar. 

Depois disso, me viro para ligar o vídeo game, ele se senta na cama novamente e fica ali por alguns minutos, em completo silêncio. Queria saber o que se passava na cabeça de Antônio naquele momento. Provavelmente seu ego estava super abalado e ele sequer sabia exatamente como deveria reagir. 

– Por muito tempo, acreditei que eu era o foda daquela relação e que eu não deveria pedir ela em namoro, porque ela não merecia. – ele começa a falar, enquanto eu continuava na minha missão. – Achei que não podia me prender, porque todo mundo queria uma chance com o incrível Antônio. 

– Vocês estavam ficando sério? Porque assim, eu sempre te vejo com outras meninas. – digo e ele me observa, pensando um pouco. 

– Eu acreditava que só eu tinha moral pra ficar com outras pessoas. Aí ela pediu pra gente ficar sério e eu aceitei, mas meio que eu acreditava que isso só funcionava pra ela. – ele explica e eu percebo o quão imbecil ele é. – Não acreditava que ela me merecia ou que poderia ter sentimentos por ela, sabe? 

HURRICANE - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora