Impulso

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~ Visão de Binho ~

Eu cheguei nessa cidade recentemente. Tudo bem que é cidade grande, então não acredito que seja um completo desastre. Meu pai, do nada, depois de atender uma ligação, decidiu vir para São Paulo. Nem eu nem minha mãe entendemos, mas decidimos vir com ele. Eu peguei só o que era mais importante e trouxe comigo: minhas roupas, colecionáveis, computador e câmera.

Chegamos e a semana inicial foi cansativa, minha matrícula ainda não tinha sido aceita e se fosse eu só começaria a estudar na segunda, mas consegui pedir, junto com outros novatos que também queriam entrar para o time, que eles só fizessem o teste depois da efetivação – ou recusa – de todas as matrículas dos interessados e isso foi ótimo.

Meu primeiro contato com a nossa casa foi ótimo, é uma casa grande e muito confortável – e meu pai com certeza precisou investir muito dinheiro, porque minha mãe realmente não estava muito interessada em vir, então convencê-la sem dúvida foi um belo investimento. Acontece que no primeiro fim de semana na casa nova, meus pais saíram para comprar o que deixaram para trás como televisões, um sofá novo e também foram atrás de móveis planejados, eletrodomésticos e tudo que puderem imaginar de pequeno também, como talheres, decorações e comidas. Eles mobilharam essa casa novamente do 0, porque sempre que nos mudamos nunca levamos nada, mas pelo cuidado que tiveram antes e agora com a casa, eu creio que não vamos passar menos de 2 anos aqui.

Depois de tudo resolvido com a casa, no domingo de manhã comecei a arrumar meu quarto. Ele ainda estava com cheiro de tinta, já que meus pais mandaram pintar a casa alguns dias antes da nossa mudança. Abri a janela e pude ver nossa quadra quase inteira, a vista era muito bonita. Tive que pegar em uma das minhas malas a minha câmera para registrar esse momento.

É claro que, assim como algumas partes da casa, algumas coisas do meu quarto não consegui arrumar apenas no domingo, então tive que ir deixando as coisas do meu jeito com o passar dos dias daquela semana, semana essa que foi a que conheci Arthur. 

Tudo começou, quando no domingo recebemos a ligação da diretoria do colégio, avisando que minha matrícula tinha sido aceita e que segunda começavam minhas aulas. Meus pais, claro, ficaram muito mais felizes que eu – em especial o meu pai, que sempre se gabava por eu saber jogar futebol muito bem e ser um "investimento" para o time que entraria agora –, mas não era como se eu detestasse a ideia de estudar naquela escola em específico. 

Segunda de manhã eu acordei, tomei um banho gelado, mas sem molhar meu cabelo, escovei os dentes e me vesti com o uniforme, calça e tênis. Ao observar meu cabelo, percebi que ele parecia querer mostrar que estava brigado comigo por ter que acordar cedo. Ele simplesmente acordou todo bagunçado. Arrumei como pude, mas no final das contas coloquei um boné. Antes de descer, então, tomei os meus remédios para conseguir aguentar mais um dia vivo e depois de respirar fundo, saí do meu quarto.

 Quando desci para tomar café com os meus pais, a única coisa que os ouvi conversando foi sobre dinheiro e sobre os investimentos dos dois, até minha mãe perceber que eu estava calado demais – o que não deveria acontecer, porque eu tomo remédios justamente pra conseguir socializar. 

– O que foi, meu neném, que você está caladinho? – ela pergunta e eu a observo, percebendo que tinha que forçar mais sorrisos. 

– Nada, mãe, tô bem. – digo. 

– Eu já falei sobre essa forma sua de falar com ele. – meu pai diz a ela, que fica incomodada. 

– O que tem? Ele é meu filho, se eu não puder tratá-lo com carinho, vou tratar quem? – ela rebate e eles, então, começam uma discussão. E é por isso que eu tomo mais de 5 remédios todos os dias de manhã.

HURRICANE - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora