Comemoração Prazerosa

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~Visão de Fabrício ~

Cheguei em casa e fui direto tomar um longo e demorado banho. A água gelada do chuveiro desligado passava pelo meu corpo, e relaxava meus músculos doloridos da perna direita. Provavelmente meu pai ia me colocar em algum tratamento para agilizar minha cura, porque ele definitivamente não me deixaria passar duas semanas sem treinar nem que fosse minimamente. Danda entrou no meu quarto e me chamou. Me envolvi na toalha e saí do banheiro, não sabia exatamente o que ela queria – ou melhor, preferi me iludir pensando que não sabia.

– Hora do remédio. – ela diz.

– Danda, eu não estou mais em crise. – respondo.

– Você não foi na psiquiatra ainda para que ela me diga que posso te liberar disso meu amor. Apenas sigo ordens. – ela reforça. Eu pretendia ter uma noite sexualmente ativa hoje e esses remédios poderiam comprometer meu rendimento, o que não era uma possibilidade muito agradável para um jovem inconsequente que sente vontade em transar de novo desde a última vez que transou.

– Danda... – reviro os olhos.

– Oi... – ela espera meu argumento.

– Você não vai comentar com o Arthur sobre isso, vai? Eu que quero falar. – pergunto, ainda preocupado sobre alguns episódios anteriores.

– E vai falar quando? Quando ele te ver surtado? Você sabe que assusta as pessoas que te veem surtado. Se confia nele como diz confiar, precisa deixar isso claro e ele precisa entender quais são suas necessidades, Binho. 

– Danda, prometo que vou falar logo. 

– Prometa que vai falar hoje.

– Tudo bem... – reviro os olhos novamente.

– Agora tome seu remédio. E pare de revirar seus olhos pra mim.

Eu pego o comprimido e o copo com água e tomo. Abro minha boca para que ela veja que eu realmente tomei o remédio, ela me dá um tapinha no rosto e um sorriso, levando consigo o copo que trouxe.  Quando Danda sai, sinto meu corpo fraquejar. Há anos eu sei que não reflito de verdade, sinto que a minha inteligência está sendo consumida por esses comprimidos e tenho que parar com esse processo, não preciso mais disso.

Tiro a toalha que cobria da minha cintura para baixo e visto minha cueca e minha bermuda.
Ao deitar e ligar a televisão escuto uma batida fraca na porta.

– Pode entrar.

– Filho, sua mãe e eu estamos saindo, tudo bem? Janta e não apronta nada, precisa se recuperar o quanto antes. Tomou seu remédio? – pergunta, ainda na porta, ele não entrou no quarto. Ficou no portal.

– Marcou minha psiquiatra? Ela tem que saber que eu tô bem, pai. A amizade do Arthur tá me fazendo bem, fora que eu não sinto que sou dono da minha cabeça mais... esses remédios estão me consumindo por inteiro, mesmo que eu consiga me controlar sem eles. 

– Semana que vem é sua consulta. Espero mesmo que esteja realmente bem, isso interromper qualquer tratamento porque acha que está bem e não está de verdade pode trazer problemas para seu rendimento na escola e no time. Aliás... – ele entra no meu quarto e joga um papel na minha cama. – Seu presente.

– Como soube disso? – pergunto, olhando o papel. Era a assinatura dele de apoio como patrocinador do time feminino da escola, caso fosse aprovado.

– Sou patrocinador do seu time, sei tudo que envolve ele. Fiquei sabendo desse seu projeto e sei o quanto se importa com a sua amiga Júlia. Você sabe que eu sou uma péssima pessoa e acho que não precisamos fingir uma cordialidade quando ninguém está olhando, mas em contrapartida, sei que também sabe que eu sou justo. Não acredito que a capacidade de uma pessoa pode ser medida pelo seu sexo, gênero, cor ou sexualidade. Ponto. – ele diz e eu continuo encarando-o. 

Hurricane (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora