Protegendo O Irmão

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~Visão de Binho ~

Estar com Arthur e sua família era estranho. Era a primeira vez que eu estava tendo contado com uma família que mantém relacionamento saudável e tinha medo de viciar na sensação boa que isso trazia. Quando já estávamos na escola, minha mãe acabou aparecendo pra pegar um dinheiro que tinha me pedido pra guardar – e como meu pai sempre mexia nas minhas coisas sem aviso, esse dinheiro sempre estava comigo.

– E a senha da sua conta de criptomoedas? 

– Tá escrita em um dos papéis. Na minha carteira tem alguns milhares irrastreáveis que ele não vai saber que você teve acesso. – respondo e ela puxa a minha cabeça, encostando nossas testas. 

– Obrigada por confiar em mim, filho. – ela diz e eu concordo com a cabeça, recebendo minha bolsa com mais roupas vendo-a ir embora em seguida. Arthur tinha me convidado para ficar mais tempo em sua casa, então como a minha mãe já ia vir pegar esse dinheiro, pedi para que ela me trouxesse minhas coisas. Não queria ter que lidar com o meu pai naquele dia.  

– Fala aí, Alex, sua mãe vira minha namorada quando? – um dos rapazes da sala pergunta e eu só consigo ignorar. 

– Perfume de gente rica, como pode você estudar em um colégio desses quando seus pais claramente pagariam 40 mil numa mensalidade? – outro diz.

– Tá passando por complicações financeiras? Posso ser seu padrasto e bancar a coroa gostosa, se estiverem precisando. – outro comenta e eu permaneço em silêncio, até a professora chamar atenção dos que estavam fazendo fuzuê. 

– Pra ter uma mãe gostosa assim, ela deve ter engravidado com 13 anos, não é possível. Seu pai é pedófilo, Binho? – outro provoca. 

– Para com essa porra. – ouço Antônio comentar. 

– Pensei que não gostasse dele. – o que tinha dito a atrocidade anterior rebate. 

– E gosto menos ainda de gente que não respeita os pais alheios. Faz a porra do seu dever e cala a merda da boca. – ele conclui e eu volto a escrever. 

Não é como se eu não estivesse sentindo ódio. Tudo que eu mais sentia a minha vida inteira, era ódio do que eles estavam falando. Mas acabei desenvolvendo um sangue de barata tão frio – pelos abusos psicológicos sofridos pelo meu pai – que não era proveitoso pra mim levantar a voz ou ficar chateado com o que eles estavam falando. 

Olhei brevemente Antônio, para agradecer o basta que ele tinha dado e pela primeira vez ele acenou de volta para o meu cumprimento, como se dissesse que eu não precisava agradecer. Acontece que eu precisava sim agradecer por ele cortar aquilo antes que eu saísse do controle, pois isso nunca aconteceu, então eu sei que quando acontecer coisas ruins podem rolar. 

Depois da aula tive treino e o treinador deixou claro que na terça também teria e que não poderíamos faltar, o que era péssimo, porque eu esperava poder passar mais tempo com Arthur. O que importa, no entanto, é que aquele dia, como esperado, fui dormir de novo na casa dele e passamos o dia todo nos pegando – o que era ótimo, porque seu beijo era muito gostoso –  e uma parte do dia com Júlia. 

Um adendo um tanto quanto importante sobre o quarto desse rapaz: armários e prateleiras todas brancas com as paredes cor azul marinho... luminária central redonda e acima da cabeceira da cama, um mapa mundi pintado de branco gigante fechava a delicadeza do quarto. Nas laterais da cama existiam várias prateleiras, que iam até próximas do teto com diversos livros organizados. Um pouco abaixo uma mesa de cabeceira com um abajur.

Próxima da janela, uma cadeira acolchoada branca e uma mesinha meio baixa marcavam presença e ao lado disso dois puffs fofões estava perfeitamente alinhados em seu próprio espaço. Muito próxima a janela, quase de frente para a cama estava a televisão dele e meu corpo quase deu uma pane, porque desde o momento que ele abriu a porta do lugar, já senti seu cheiro invadir meu nariz. Eu fiquei naquele quarto pra ver filme com ele, tirei fotos do rapaz, me senti em casa e durante todo esse período estive em completo colapso.

HURRICANE - (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora