~Visão de Binho~
7 Anos Antes
– O que foi? – atendo o celular, depois da minha mãe me ligar mais de 20 vezes.
– Onde estava? – ela pergunta, claramente atordoada. Eu ainda estava sonolento, então não era como se a minha cabeça estivesse funcionando completamente naquele instante.
– Dormindo. – respondo, enquanto coço meus olhos, tentando manter meu espírito dentro do meu corpo, enquanto conversávamos.
– Às 14h?
– É sábado, mãe, o que aconteceu? – pergunto, impaciente e ela respira fundo por alguns segundos. Naqueles poucos segundos de conversa eu já tinha percebido que ela estava relativamente nervosa, mas achei que não tinha acontecido nada muito importante, até ela me responder.
– Levanta dessa cama, seu pai foi assassinado.
– O que foi? – pergunto novamente, passando a mão no rosto com pressa.
– Vem logo pra casa dele. – ela ordena, desligando o celular.
– O que sua mãe disse? – Arthur pergunta, atordoado, enquanto me levanto com pressa. Ele tinha escutado o que ela disse, mas aparentemente, assim como eu, ele não queria acreditar e esperava ter escutado errado.
– Que meu pai foi assassinado, mas não deu mais detalhes. Você vem? – ele concorda com a cabeça, levantando rapidamente da cama. Corremos para chegarmos ao local rapidamente, mesmo ainda atordoados por termos acabado de acordar.
Acredito que ele foi o dia mais maluco da minha vida. Vi minha casa cheia de repórteres e curiosos. Cheguei com Arthur e meus seguranças, me perguntando se aquilo era real e quem teria tido a coragem de acabar com meu pai. Cogitei todas as hipóteses, mas quando vi Antônio ser levado pela polícia não entendi muita coisa. Por mais que a minha relação com ele tivesse se acalmado recentemente, não esperava que meus problemas com ele tivessem o levado a matar o meu pai.
É óbvio que rapidamente minha cabeça foi infestada por centenas de perguntas. Eu precisava entender o que estava se passando, mas não era como se ali tivesse alguém totalmente disponível pra me explicar, porque todos estavam muito concentrados em seus afazeres – e uma parte dos seguranças da casa do meu pai estavam dando seus depoimentos.
Passei correndo pelos policiais e comecei a perguntar pra eles, sem resposta. Todos pareciam mudos – e por causa desse comportamento deles e de ter visto Antônio sendo levado, comecei a acreditar que ele tinha feito aquilo, porque estava me procurando pra se vingar, quem sabe, por eu estava próximo a Arthur e acabou encontrando meu pai primeiro. Sei que olhando de fora, agora, não faz sentido, porque tínhamos nos resolvido, mas no exato momento em que minha vida virou uma verdadeira bagunça eu não tinha muita cabeça para raciocinar direito.
Entrei dentro de casa e vi o IML levando o corpo do meu pai. Não perguntei nada a eles, porque sinceramente eu me sentia relativamente aliviado por saber que ele jamais se levantaria dali pra me bater novamente – e não é como se eu fosse chorar por alguém que sempre me fez mal. Na verdade eu precisava mesmo era de respostas, por isso pensei por alguns segundos e saí correndo pra dentro de casa, e especialmente o corredor que ligava a sala ao quarto do meu pai tinha um rastro imenso de sangue, destruição.
O cheiro também era forte e mesmo com todos os anos que passaram posso afirmar que me lembro bem daquilo. Aposto tudo que tenho que essa vai ser a cena que sempre vou lembrar com detalhes do que vi, principalmente pelo tamanho do trauma que ganhei.
– Sinto muito pela sua perda, rapaz, mas não pode passar daqui. – uma das pessoas que examinavam e tiravam foto da área avisa e eu dou alguns passos para trás. Quando olho pro lado, vejo minha mãe me observando, como se avaliasse minha reação.
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HURRICANE - (ROMANCE GAY)
Dla nastolatkówEu sou o Arthur. Tenho 17 anos e moro em São Paulo. Estou no 2° ano do ensino médio e nesse ano passei por uma situação complicada. Meu melhor amigo Antônio descobriu recentemente que seu pai, (cujo não via a não ser em fotos) veio morar aqui. Até...