Capítulo 11

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Capítulo 11

Capítulo 10
Lua:

O olhar daquele homem era como uma corrente elétrica, acendendo cada cantinho da minha pele. Toquei o braço do Ícaro, me sentindo um pouco apreensiva com os olhares azuis cruéis do Anthony sobre mim:
-Perdeu a educação nas passarelas de Milão?- Eu estava surpresa! O Ícaro tinha a sua dose de acidez, eu quase não contive um sorriso maldoso.
-Eu tinha que trazer meu talento na bagagem, precisava me desfazer de alguma coisa, escolhi deixar a educação, dizem as más línguas que isso você tem de sobra... O que falta em você é outra coisa. - Eu não tinha ideia da natureza que movia o ódio evidente entre irmãos, mas era adorável.

-Não me desrespeite na frente da Lua -  Ergueu um pouco a postura e eu me senti orgulhosa, eu realmente era capaz de destruir aquela família.

-Seu nome é Lua? Como aquela que está no céu?

-Meninos parem de discutir. Faz menos de vinte e quatro horas que o seu irmão chegou, Ícaro, talvez devessem ser mais respeitosos e esperar um pouco para começarem com essas provocações...

O Anthony me olhou mais uma vez e sorriu de canto dos lábios: - Não me respondeu, senhorita. - Ele olhou para o irmão: - Sua namorada não fala? Ah, ela não é sua namorada...

-Querida... - A senhora Montagner me chamou a atenção, me tirando do meu parquinho de diversão de troca de olhares e palavras ácidas
- Não se incomode com as provocações dos meninos, é a maneira tola que encontraram de demonstrar que se importam. - A mãe sorriu amorosa olhando para ambos garotos e eu senti uma pontada enorme no peito, como eu queria ter tido minha mãe por perto.

-Porém, eu não tiro o direito do Ícaro de questionar o Anthony. Por acaso se esqueceu como se trata uma mulher, meu filho? - O senhor Montagner deu um passo à frente e tocou o ombro do Anthony em um gesto pacificador.

Diminuindo a distância entre nós, ele segurou em minha mão e a beijou como um cavalheiro: - É um prazer conhecê-la, senhorita. - Sorriu maliciosamente: - Estão todos contentes?

-Você é mesmo desagradável. - O Ícaro passou o braço pela minha cintura:
Eu esqueci de perguntar ao Ícaro, você gosta de ópera?
-Senhora Montagner...
-Me chame de  ngela, querida... Apenas  ngela...
-Eu nunca assisti uma ópera. - Falei envergonhada.
-É um espetáculo importantíssimo, eu e o Lorenzo, precisamos comparecer. - Ela olhou com cumplicidade para o marido:- Gostaríamos que fosse conosco, porém, se tiverem outros planos pode ficar com o Ícaro, e após a ópera, nós ligamos para vocês.
-Não, eu faço questão.
O Ícaro sorriu e em seguida beijou-me a testa: - Tem certeza, querida?
Sim.

Sentei ao lado do Ícaro, na limousine, sua mão entrelaçou a minha. Estávamos apenas nós dois, os seus pais estavam no carro logo atrás:
-Eles gostaram de você...
-Seu irmão também irá à ópera?
-Não. - Ele virou os olhos: - Ele tem uma sessão de fotos.
Eu deitei com a cabeça em seu peito e fechei os olhos. Quase dormi, antes de chegar ao famoso teatro da capital.

Sentamos em um lugar privilegiado, ao lado dos pais do Ícaro. Meus olhos se prenderam ao espetáculo, assim que a luz se apagou e a peça ganhou vida. Eu jamais imaginaria, que sentiria tanta emoção ao escutar uma voz entoar daquela forma. Meu corpo se arrepiou. Uma hora e meia, que passaram tão rápido que eu nem me dei conta quando acabou. O Ícaro abriu um sorriso, ao limpar uma lágrima do meu rosto.
-Você gostou?
-Eu nem sei o que dizer... - Eu respondi me sentindo emocionada. Era tão linda!
-Essas lágrimas são positivas?
-Sim, claro que sim. - Ele beijou-me o rosto.
-E a garota de coração frio, se derreteu com a ópera. - Brincou.
-Você é como eu, querida... Não posso vir a esses espetáculos que estou chorando. - A  ngela comentou, me deixando sem jeito.
- Eu estou com fome. E hoje pedi a Marta, nossa cozinheira para tirar o dia de folga, então precisamos ir comer em algum lugar. - Lorenzo falou olhando para nós: - Como nossa convidada, você escolhe... Onde quer comer?
-Eu não sei... Eu....
-É só escolher um lugar que gosta de comer, querida. - A  ngela reforçou.
-Subway. - Respondi. O Ícaro soltou uma risada alta e  ngela perguntou: - O que é Subway? - Eu havia sido treinada para me vingar de uma família, mas não para escolher um bom restaurante para comer.
Senti o meu rosto queimar... - Eu posso escolher um lugar bom para irmos... - O Ícaro sugeriu.
-Claro que não, se ela quiser comer nessa tal de Subway é para lá que nós vamos.

Era evidente que não estavam acostumados a frequentar aquele lugar, porém foram gentis e sentaram-se à mesa a degustar um lanche de frango.
-Eu vou te levar para comer um sanduíche gourmet, que você jamais vai se esquecer... - A  ngela comentou fazendo-me sorrir.

Quando a noite terminou o Ícaro me levou em casa. Eu me sentia envergonhada ao levá-lo em um lugar tão simples.
Ele me ajudou a subir as escadas e me acompanhou em direção ao quarto. Eu sentei sobre a cama, cansada:
-Perdoe-me por hoje, eu me empolguei e acabei levando os seus pais para comer em um lugar onde não estão acostumados a frequentar.

Ele sentou-se ao meu lado na cama e tirou o cabelo do meu rosto: - Meus pais ficaram encantados com a sua simplicidade, eu estava certo em levar você até eles, viram que você não é uma mulher interesseira. Afinal, se interessou por mim, antes mesmo de saber sobre a minha situação financeira. - Senti uma agulhada de culpa no peito.
Você é um homem muito gostoso, pra mim pensar em dinheiro.
E você é uma mulher muito linda, para morar em um lugar tão perigoso. - Ele passou os olhos pela parede fazendo aquela expressão de desgosto.
-Ícaro, eu já lhe disse, não tenho condições de morar em um lugar melhor. O que ganho mal dá pra pagar as minhas contas.
-Você pode vir morar comigo, por alguns dias...
-De jeito nenhum Ícaro. - Cruzei os braços: - Não aceitei a ideia de um relacionamento sério, não posso concordar em morar  com você. Mesmo que seja só por alguns dias.
-Eu posso pagar um apartamento melhor para você.
-Ícaro, eu não sou sua amante.
Ele passou os braços pela minha cintura e me beijou o pescoço: - Lua, você é muito mais do que minha amante.
-Então não me proponha algo assim de novo.
-Lua, por favor, aceite a minha oferta e venha trabalhar na empresa.
-Eu não quero falar sobre isso agora. - Respondi. - Tenho uma pergunta para fazer...
-Pergunte.
-É impressão minha ou você e seu irmão não se dão bem, apenas se toleram?

Ele se distanciou de mim, virando-se de costas: - O Anthony é uma pessoa muito diferente daquele homem que aparenta ser, Lua. Se puder evitar estar perto dele, irá poupar a sua vida de complicações, pelas quais você não merece passar.
-Está dizendo que seu irmão não é a pessoa boa que aparenta ser?
-Você pensou que ele fosse uma boa pessoa? Digo... Olhando superficialmente a celebridade que ele é.
-Sim. Eu tinha uma outra visão sobre ele...
Ele virou-se para mim e tocou o meu rosto: - Por favor, Lua... Não se envolva. - Sua voz foi quase um lamento.

Eu senti uma tensão no ar. Palavras não ditas. Mágoas guardadas. Coisas ocultas... Senti vontade de desvendar, de perguntar, de saber e de consolar. Porém me contive, eu não tinha uma estrutura sólida para aprofundar em sentimentos, não agora.

Ele me observou em silêncio... Em seguida caminhou em direção a cama tirando de cima dela os cobertores bagunçados, deixando apenas o lençol branco. Aproximou-se de mim e tirou o meu casaco, sentou-se sobre a cama: - Por favor, tire a roupa.
Eu sorri para ele e comecei a me despir. Seus olhos fitaram-me com um sorriso nos lábios enquanto eu retirava a minha roupa ficando apenas com o lingerie vermelho. - Tire tudo.
Eu tirei a lingerie ficando nua na sua frente.
Deite na cama, minha linda.
Eu deitei na cama e fechei os olhos. Ele beijou-me o pescoço com carinho e pegou um frasco de creme sobre a cômoda e jogou sobre as minhas costas. Gemi ao sentir o produto gelado cair sobre o meu corpo quente. Ele riu.
Suas mãos passearam pelo meu corpo de maneira gostosa, ele massageou o meu pescoço, descendo as mãos pelas minhas nádegas. O cheiro de Romã se espalhou pelo quarto e eu relaxei. 
Não vai se despir?
Não. Eu só quero que durma depois de uma massagem gostosa...
Ele massageou as minhas pernas e depois os meus pés.
Ele puxou-me pelo braço, tirou a camisa e me acomodou em seu peito. Com o corpo relaxado, fechei os olhos e sem dizer nada adormeci, sentindo-o beijar a minha testa.

Eles eram odiosamente adoráveis!

Doce ArmadilhaOnde histórias criam vida. Descubra agora