Montpelier, Vermont
Brinquedos no chão, enfeites, balões, fitas azuis e vermelhas pela parede. Haviam aqueles bonequinhos e decorações do Snoopy também porque de alguma forma a mãe de Charlie se convencera de que o filho adorava os Peanuts, o que era difícil afirmar já que o garotinho nunca parecia se empolgar com nada.
Charlie suspirou ao lançar um olhar para o relógio, já se passava das oito da noite. Assim que bateu os olhos no ponteiro do relógio ele se convenceu de duas coisas.
1. Sua mãe não chegaria a tempo para levá-lo ao parque de Coney Island em Nova York, mesmo que ela já estivesse prometendo a viagem o mês inteiro. Eles iam viajar de carro para aproveitar mais e iriam ficar o final de semana todo e ela disse que Charlie amaria o parque.
2. A roupa idiota que Charlie tivera que vestir estava causando coceira na sua pele e o pequeno chapéu de aniversário na sua cabeça fazia ele se sentir bobo.
As mãos de Charlie deslizaram pelo seu braço. Ele ficou olhando por um longo tempo para as luvas enormes de jardineiro em suas mãos. Usava elas desde que se entedia por gente, mesmo as vezes ficando confuso sobre o motivo real. A mãe só dizia que era mais seguro usar elas.
Charlie escutou um barulho de ar e viu um balão vermelho voar por alguns instantes até cair no chão ao seu lado. Ouviu um suspiro de quem estava com pressa e se virou para trás, ainda sentado na cadeira.
A babá parecia furiosa, mesmo que disfarçasse bem, direcionando sorrisos amigáveis para Charlie. Em uma mão ela segurava um celular e na outra um pacote de balões. Charlie sabia que ela queria ir embora, normalmente ela já teria ido às seis, o que era outro sinal de que a mãe estava bem atrasada. Charlie já havia se acostumado com aquilo, o hospital era prioridade, é claro.
- Alice já está vindo. - Phoebe voltou a sorrir. Charlie desejou que ela parasse de sorrir, ela mentia mal. - Já falei com ela. Mas ela disse que você pode abrir os presentes, querido.
Os dois presentes no caso. Um da babá e outro de Jess. Phoebe saiu da sala, pisando fundo no chão e apertando o celular nas mãos.
- Ela tá namorando. - disse Jessica, na cadeira ao lado, admirando as velas do bolo. - Eu vi ela beijando um cara. - Após notar a expressão de confusão no rosto do amigo completou. - A Phoebe. Por isso ela quer ir embora logo.
Charlie olhou para a amiga e conseguiu dar um breve sorriso. Jessica era dois anos mais velha que Charlie e ele a achava a garota mais esperta do mundo. Era a sua melhor amiga e a única também, porque era a única pessoa que não falava coisas idiotas.
- Você podia assoprar logo. - murmurou Jessica. - Estou com fome e sua mãe vai demorar pra achar um presente legal pra você. Eu também demorei, se você quer saber.
Charlie concordou com a cabeça. No mais ele queria ir para a cama e dormir logo. Não sentia vontade nenhuma de abrir presentes ou se divertir naquela festa idiota. Charlie olhou para o quintal da casa através da janela. Observou as mariposas enormes grudadas em sua janela e o quintal parecia sombrio e triste lá fora. Sua atenção voltou para as cinco velas do bolo e ele se concentrou para assoprá-las.
Suas bochechas inflaram mas não completaram o processo. Sua mãe escolheu o exato momento para abrir a porta da entrada. Charlie ouviu um latido alto, junto com o barulho das chaves e de seus passos, e se virou.
Alice desprendeu o cabelo castanho e o deixou solto. Ela sorriu para o filho, um sorriso extremamente cansado mas que transmitia a mensagem "finalmente consegui". Charlie abaixou o olhar para o pequeno amontoado de pelos e agitação nos seus pés. Era um cachorrinho bem empolgado de duas cores, o mesmo que Charlie um dia vira jogado em uma calçada na frente de um supermercado.
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Flecha do Destino (PJO/HDO)
FanfictionCharlie era um semideus e ele já sabia disso o tempo todo. Não teve tempo para drama semideusístico. Então, ele teve que fugir. A feiticeira prometeu ajudar a resolver o seu problema e ele acreditou. Mesmo que Circe não fosse uma heroína. Mas, Charl...